Na África do Sul, programa da ONU lança vídeos em realidade virtual sobre teste de HIV

Gravação dos filmes de realidade virtual da Makhulu Media. Foto: Sydelle Willow Smith
Gravação dos filmes de realidade virtual da Makhulu Media. Foto: Sydelle Willow Smith

A menos de um mês do Dia Mundial contra a AIDS, 1º de dezembro, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) lança na África do Sul uma série de filmes de realidade virtual sobre o teste de HIV. Com um óculos especial, espectadores acompanham uma jovem que decide descobrir se tem o vírus ou não. Os vídeos seguem a protagonista da sua casa até uma clínica de saúde local, percorrendo diferentes situações e ambientes em 360 graus.

Com a produção audiovisual, o UNAIDS busca alcançar os jovens que querem conhecer seu estado sorológico para o HIV, mas estão com medo ou preocupados em fazer o teste. A proposta é desmistificar o exame.

Com orientação do programa da ONU e apoio da Google, a produtora sul-africana Makhulu Media produziu e gravou os filmes de realidade virtual no município de Nyanga. A localidade fica próxima da Cidade do Cabo, na África do Sul.

“O HIV pode ser evitado e tratado, mas poucos jovens conhecem seu estado sorológico”, afirma o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé.

“Esperamos que esta ferramenta altamente envolvente ajude a dissipar os medos e mostre os passos simples que as pessoas podem realizar para conhecer seu estado sorológico para o HIV.”

No início do projeto, a Makhulu Media organizou workshops com jovens para discutir seus conhecimentos sobre HIV, compartilhar suas interações com profissionais de saúde e descrever suas experiências ao visitarem clínicas. O próximo passo envolveu filmar os jovens reencenando cenas entre pacientes, médicos e enfermeiros. Os vídeos abordam o medo de um resultado positivo no teste e o estigma relacionado ao HIV.

“Queríamos ver se os filmes de realidade virtual imersivos podiam incentivar as pessoas a fazer o teste de HIV e melhorar as relações entre enfermeiras e jovens, ajudando-os a se colocar no lugar um do outro”, explica Rowan Pybus, produtor da Makhulu Media.

“Os dados do estudo que encomendamos são muito positivos”, acrescenta a pesquisadora e coprodutora Sydelle Willow Smith. “Os jovens e profissionais de saúde envolvidos nos vídeos acreditam que reproduzir os filmes em salas de espera de atendimentos médicos seria muito útil.”

Os filmes estão sendo lançados em clínicas, escolas e comunidades sul-africanas. Apesar do progresso na redução de mortes associadas à AIDS e no aumento de pessoas com acesso ao tratamento antirretroviral, o número de novas infecções por HIV na África do Sul chegou a 270 mil em 2017. Esse índice é bem menor do que as 530 mil infecções registradas em 1998, mas o país tem 7,2 milhões de indivíduos vivendo com o vírus, o que é a maior taxa do mundo.

A gerente de Programa da Google, Sarah Steele, acredita que o potencial do audiovisual na produção de impacto social é enorme.

“O 360HIV é um exemplo poderoso de como a realidade virtual pode ajudar a mudar as atitudes e crenças que fundamentam alguns dos desafios sociais e ambientais mais urgentes do mundo”, avalia.

No mundo, um quarto das 37 milhões de pessoas que vivem com HIV não conhecem seu estado sorológico. O tema da campanha do Dia Mundial contra a AIDS deste ano é “Viva a vida positivamente — Conheça seu estado sorológico para o HIV”.

O UNAIDS preparou uma série de materiais de comunicação que estão disponíveis para download no site knowyourstatus.unaids.org (em inglês).