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‘Venceremos a COVID-19 e a AIDS se, de fato, valorizarmos os direitos e a dignidade de cada pessoa’, diz diretora do UNAIDS

Diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, faz prefácio do relatório Direitos em uma pandemia – lockdowns, direitos e lições do HIV na resposta inicial à COVID-19. Foto: Oxfam

Leia abaixo a tradução para o português do Prefácio, assinado pela diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, no relatório Direitos em uma pandemia – lockdowns, direitos e lições do HIV na resposta inicial à COVID-19.

“A crise de COVID-19 abalou o mundo. Isso deixou todas as pessoas com medo e muitas delas enlutadas. Prejudicou economias, enfraqueceu os sistemas de saúde e prejudicou progresso rumo a todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Atingiu as pessoas mais vulneráveis com mais força. Em todo o mundo, tomadores de decisão se encontraram em situações extremamente desafiadoras, mal preparados e com poucos recursos, e tiveram a responsabilidade de agir rapidamente com base em informações incertas.

Muitas ações exemplares foram tomadas, salvando vidas e protegendo meios de subsistência enquanto os governos trabalharam com as comunidades para fornecer transporte médico de emergência gratuito, estender serviços de água, colocar moratórias em ações de despejos, fornecer abrigo temporário, suprimentos de comida de emergência ou benefícios em dinheiro, implementar entrega comunitária ou distribuição de remédios para múltiplos meses, instituir programas de liberação de detentos para reduzir a superlotação e diminuir o risco de pandemia e gastar milhões para mitigar as perdas salariais. No entanto, para garantir uma resposta eficaz a esta crise que se desenrola, é necessário aprender com o que não deu certo.

Isso é crucial para cumprir o mandato do UNAIDS e seu Programa Conjunto. Em nosso trabalho em nível local, apoiando governos e comunidades, vimos como a crise da COVID-19 exacerbou as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que vivem com HIV, inclusive no acesso a cuidados de saúde capazes de salvar vidas. Também vimos como a crise ampliou as desigualdades sociais e econômicas que aumentam a vulnerabilidade ao HIV de grupos marginalizados – incluindo meninas adolescentes e mulheres jovens, pessoas LGBTI, migrantes, trabalhadoras e trabalhadores do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas privadas de liberdade. É claro também que a crise não é apenas um problema de vírus. Em muitos casos, os efeitos indiretos da resposta tiveram um impacto ainda mais profundo que o vírus sobre os grupos marginalizados. A derrota da AIDS depende de como o mundo responde à COVID-19.

Quatro décadas de aprendizado com o HIV demonstraram a relação essencial entre os direitos humanos e a saúde pública e, portanto, como uma referência para esse aprendizado, o UNAIDS recebeu o mandato de ajudar a colocar essas lições em prática. Para superar a COVID-19 e evitar atrasos no progresso da superação da AIDS, os países precisarão construir respostas à COVID-19 com base no respeito aos direitos humanos e na escuta dos mais marginalizados. O objetivo deste relatório é ajudar os governos e outras partes interessadas nacionais a fazer exatamente isto.

Este relatório foi produzido porque observamos, na primeira fase da resposta à COVID-19, muitos casos em que as abordagens punitivas e discriminatórias prejudicavam os mais vulneráveis e, ao fazê-lo, impediam o progresso no combate à COVID-19 e ao HIV. É vital estudá-los para garantir que sejam evitados no futuro. Os exemplos compartilhados no relatório são de 16 países com prevalência significativa de HIV e onde estudos de casos mais completos puderam ser reunidos. As questões evidenciadas por estes exemplos vão muito além desses países e os elementos neles descritos foram relatados em todo o mundo. Os exemplos ilustrativos são incluídos não para restringir o foco da discussão apenas aos seus países de origem, mas para ilustrar abordagens que refletem muitas nações. Os exemplos são uma fotografia instantânea de um período entre fevereiro e maio de 2020. Em várias situações, os governos tomaram medidas muito bem-vindas para abordar casos específicos, e tanto o relatório quanto o progresso de nosso trabalho em conjunto nos países se beneficiaram muito das nossas conversas construtivas sobre os exemplos incluídos. O objetivo de compartilhá-los neste relatório não é atribuir culpas, mas ajudar o mundo a aprender lições de casos concretos, incluindo exemplos onde ações judiciais ou governamentais ajudaram a retificar impactos prejudiciais aos direitos registrados anteriormente, para apoiar os avanços na eficácia da resposta em todos os países do mundo.

Estamos aprendendo mais sobre a COVID-19 e sobre a resposta no dia a dia. Aprender e se adaptar é fundamental para o sucesso. Nós convidamos e esperamos continuar as conversas com governos e outras partes interessadas para trocar experiências, fortalecer planos e continuar a aprender sobre como podemos melhor apoiar os países em nosso trabalho conjunto.

O que este relatório destaca, acima de tudo, é que, em vez de uma resposta de saúde pública e uma resposta baseada em direitos serem pólos opostos, as respostas de saúde pública só são totalmente eficazes se forem absolutamente fundamentadas nos direitos humanos e tiverem a confiança e a segurança inabaláveis das comunidades. Quando a transmissão de doenças ocorre entre humanos, os direitos humanos devem ser o motor fundamental da resposta. Discriminação, estigmatização e criminalização de comunidades marginalizadas são ruins para a saúde de todas as pessoas. Nenhuma pessoa está segura até que todos nós estejamos seguros. Quando, em contraste, garantimos que nenhuma pessoa seja deixada para trás ou empurrada para trás, isso nos ajuda a seguir em frente.

A boa notícia é que não precisamos abrir mão de nossos direitos humanos para preservar nossa saúde. Os direitos humanos não são apenas intrínsecos, mas também o meio pelo qual os governos podem vencer uma pandemia. Venceremos a COVID-19 e venceremos a AIDS, enquanto – e se de fato – valorizarmos os direitos e a dignidade de cada pessoa. As conversas geradas por este relatório nos ajudarão a fazer isso.

O Programa Conjunto está trabalhando lado a lado com governos, sociedade civil e comunidades para promover uma resposta baseada em direitos humanos para as pandemias duplas de HIV e COVID-19 e juntos seremos bem-sucedidos“.

Por Winnie Byanyima, diretora- executiva do UNAIDS.

Clique aqui para acessar o relatório Direitos em uma pandemia – lockdowns, direitos e lições do HIV na resposta inicial à COVID-19 (pdf).

Lições do HIV: UNAIDS alerta sobre perigos do desrespeito aos direitos humanos na resposta à COVID-19

Durante a resposta inicial à COVID-19, o UNAIDS recebeu numerosos relatos sobre interrupções dos serviços de HIV e violações perturbadoras contra populações vulneráveis ??e marginalizadas. A experiência da resposta ao HIV tem provado que as violações dos direitos humanos durante uma pandemia minam a confiança, prejudicam os indivíduos e atrasam as respostas de saúde pública.

O secretário-geral das Nações Unidas solicitou a todas as entidades da ONU que apoiem os esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS) em suas respectivas áreas de especialização.

Portanto, para contribuir com uma melhor resposta a partir de agora, o UNAIDS produziu um relatório sobre como as ordens e as restrições ao movimento relacionadas à saúde pública no contexto da COVID-19 impactaram a resposta ao HIV e aos direitos humanos.

As descobertas refletem tendências em todo o mundo e revelam violações significativas dos direitos humanos, interrupções nos serviços sociais e de saúde – colocando em risco a vida de muitas pessoas –, violência, abuso e discriminação focada em populações-chave, marginalizadas e pobres.

Este relatório foi elaborado para ajudar os governos a dar passos positivos na resposta às questões de direitos humanos no contexto em evolução da COVID-19. “É falsa a ideia de que pode haver uma compensação entre os direitos humanos e a saúde pública”, disse Winnie Byanyima, diretora-executiva do UNAIDS. “Os direitos humanos não são apenas intrínsecos, mas também o meio pelo qual os governos podem vencer uma pandemia com sucesso.”

Direitos em uma pandemia – lockdowns, direitos e lições do HIV na resposta inicial à COVID-19 é uma fotografia instantânea no tempo, com foco nos primeiros dias da pandemia, de fevereiro a meados de maio de 2020, chamando a atenção para as experiências de algumas das comunidades mais marginalizadas e vulneráveis.

As violações incluíram casos de policiais usando balas de borracha, gás lacrimogêneo e chicotes para impor o distanciamento físico, pessoas sendo presas, detidas e multadas por não usarem máscaras – as que não podiam pagar multas permaneceram na prisão por mais tempo do que aquelas que podiam pagar.

Médicos foram presos e detidos por se deslocarem de suas casas para unidades de saúde. Também foram recebidos relatos de mulheres grávidas que morreram depois que estritas restrições de movimento as impediram de chegar aos serviços de saúde – algumas morreram enquanto se encaminhavam para o hospital. Um relatório detalhou o caso de um motorista de moto-táxi que foi espancado até a morte pela polícia após levar uma mulher em trabalho de parto ao hospital durante o horário de toque de recolher.

O relatório Direitos na pandemia descreve dez áreas imediatas de ação para os governos no sentido de construir respostas à COVID-19 que sejam eficazes e baseadas em direitos. Isso inclui a tomada de medidas proativas para garantir que as pessoas, especialmente as de grupos vulneráveis, possam ter acesso ao tratamento e aos serviços de prevenção do HIV, designando e apoiando trabalhadores essenciais, incluindo organizações de liderança comunitária, e implementando medidas para prevenir e enfrentar a violência de gênero.

“Este relatório chega em um momento crítico”, disse Felicita Hikuam, diretora da AIDS and Rights Alliance para a África do Sul. “Infelizmente, parece que não aprendemos a lição que o HIV tentou nos ensinar: as epidemias expõem e agravam as injustiças existentes e o impacto mais negativo sobre aquelas pessoas que já são marginalizadas.”

Uma grande preocupação tem sido a segurança durante os bloqueios, especialmente para as pessoas mais afetadas pelo HIV, incluindo mulheres e meninas, crianças e populações-chave, entre elas profissionais do sexo, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais. Em muitos países, os incidentes relatados de violência de gênero aumentaram de 40% a 70%, com picos ainda maiores em certas cidades e regiões.

Pessoas trans foram perseguidas e presas por deixarem suas casas no “dia errado” sob as políticas de bloqueio de gênero. As trabalhadoras do sexo perderam renda e, em grande parte, não eram elegíveis para apoio financeiro. Como o UNAIDS afirmou repetidamente: a violência contra as populações-chave e mulheres e meninas aumenta a vulnerabilidade ao HIV.

“O relatório dá visibilidade no contexto desta pandemia para aqueles de nós que são empurrados para a margem”, disse Elena Reynaga, secretária-executiva da Rede de Mulheres Profissionais do Sexo da América Latina e do Caribe. “Do ponto de vista dos direitos humanos, precisamos que os governos ouçam e implementem essas recomendações, que representam um passo importante para acabar com a AIDS até 2030, sem deixar ninguém para trás.”

Em maio, o UNAIDS alertou sobre o risco de o acesso aos serviços de HIV ser interrompido durante a pandemia de COVID-19. Uma modelagem inicial mostrou que uma interrupção severa no tratamento do HIV poderia resultar em 500 mil mortes adicionais relacionadas à AIDS na África Subsaariana.

Este novo relatório mostra que os serviços de prevenção e tratamento do HIV foram interrompidos em dez dos 16 países analisados. Alguns países relataram reduções nas retiradas de medicamentos de até 20% em algumas áreas. Houve vários relatos de pessoas que vivem com HIV e que não tinham medicamentos antirretrovirais suficientes para um período de lockdown de mais de 60 dias, bem como relatos de pessoas que abandonaram o tratamento para o HIV por falta de comida.

Além de aprender lições com a resposta ao HIV, a pandemia do HIV não deve ser esquecida durante esta crise. “Comunidades de pessoas que vivem e são afetadas pelo HIV, mais uma vez se encontraram na encruzilhada da injustiça e da discriminação direcionada na esteira da pandemia de COVID-19”, disse Rico Gustav, diretor executivo do GNP +.

“Como uma rede global de pessoas vivendo com HIV, pedimos que a aplicação da lei seja baseada em direitos e que respeite e reconheça a necessidade das comunidades marginalizadas de se moverem livremente para ter acesso ao medicamentos para o HIV e outras enfermidades, bem como a implementação de dispensação de medicamentos antirretrovirais para vários meses.”

No entanto, existem muitos exemplos positivos. Em 15 dos 16 países analisados, os governos libertaram pessoas de prisões para reduzir a superlotação e conter a transmissão de COVID-19.

Onde os governos estabeleceram parcerias com a sociedade civil e o setor privado, as respostas à COVID-19 foram mais positivas e inclusivas. Em alguns países, foi fornecido transporte gratuito para atendimento médico de emergência durante o toque de recolher e, em outros, a polícia distribuiu máscaras em vez de multas.

Alguns países forneceram abrigos temporários para desabrigados e suprimentos de alimentos para pessoas que viviam em campos para pessoas deslocadas. Outros declararam que o abastecimento de água não poderia ser suspenso por falta de pagamento das contas e colocaram uma moratória nas ações de despejo ou investiram pesadamente em alimentos.

“As instituições nacionais de direitos humanos, como a que eu lidero, têm um papel crítico a desempenhar no rastreamento e na proteção dos direitos humanos de todas as pessoas, tanto as vulneráveis ??quanto as prósperas, especialmente em tempos de crise e de pandemias como as de COVID- 19 e de HIV ”, disse Anthony Ojukwu, secretário executivo da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Nigéria.

“Este relatório nos abre a oportunidade de trabalhar com instituições em todo o mundo para fazer cumprir os freios e contrapesos em vigor em nossos próprios países a fim de corrigir excessos, como os do pessoal de segurança durante os primeiros dias do bloqueio.”

O UNAIDS também recebeu relatos de países que expandiram a distribuição de medicamentos para o HIV por vários meses para suprimentos de três ou seis meses e de outros implementando partos domiciliares ou entrega comunitária de medicamentos.

“O UNAIDS reconhece os passos positivos que foram dados. É provável que a COVID-19 fique conosco por muito tempo ”, disse Byanyima. “Temos o compromisso de defender os mais vulneráveis, mesmo no ambiente difícil em que a COVID-19 nos colocou. Usaremos este relatório para convocar governos, comunidades e parceiros a fim de abrir um diálogo e encontrar um caminho para a reforma de leis, políticas e práticas e para proteger os direitos humanos.”

O relatório baseia-se no guia Direitos em tempos de COVID-19, lançado pelo UNAIDS em março de 2020, que exortou os países a adotar uma abordagem de direitos humanos ao responder à COVID-19, em linha com as melhores práticas destes 40 anos de resposta ao HIV.

Clique aqui para acesso ao relatório em inglês

UNAIDS pede que governos fortaleçam urgentemente programas de proteção social face à COVID-19

As mulheres são particularmente vulneráveis à crise econômica por estarem desproporcionalmente empregadas nos setores informais da economia. Foto: UNAIDS

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) convoca os países para que adotem medidas urgentes para reforçar os programas de proteção social a fim de proteger as pessoas mais vulneráveis do impacto na saúde e das consequências socioeconômicas da pandemia da COVID-19.

Pessoas vivendo com HIV e tuberculose (TB) estão sendo significativamente afetadas pela COVID-19. Uma modelagem de dados estimou os impactos catastróficos potenciais da pandemia da COVID-19 com aumentos de até 10%, 20% e 36% das mortes projetadas para pacientes com HIV, TB e malária, respectivamente, nos próximos cinco anos.

Entre as pessoas mais vulneráveis estão mulheres e meninas, gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas trans. Muitas destas pessoas são excluídas dos programas de proteção social existentes.

“Os países devem garantir que todas as pessoas possam receber serviços essenciais, incluindo cuidados de saúde, e devem investir adequadamente em programas de proteção social para manter as pessoas seguras e protegê-las das consequências da perda de seus meios de subsistência”, disse a diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima.

As consequências socioeconômicas da pandemia da COVID-19 terão maior impacto sobre algumas das pessoas mais desfavorecidas nas sociedades de todo o mundo. Por exemplo, a COVID-19 ameaça dobrar o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda para mais de 265 milhões até o final do ano. A maioria dessas pessoas estará em países já bastante afetados por conflitos, crises econômicas ou climáticas. Pessoas em situação de refúgio estão entre os grupos que enfrentam os maiores perigos.

Centenas de milhões de pessoas em todo o mundo também estão prestes a perder seus empregos nos setores formal e informal da economia. Cerca de 150 milhões de empregos em tempo integral foram perdidos no primeiro trimestre do ano e outras milhões de pessoas deverão perder seu sustento nos próximos meses.

Segundo o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, hoje, apenas 29% da população mundial tem acesso à cobertura de proteção social adequada. “Os governos devem agir para garantir a sustentabilidade dos meios de subsistência, negócios e empregos e a proteção da saúde, direitos e rendimentos de trabalhadores e trabalhadoras durante e após a COVID-19”.

As mulheres são particularmente vulneráveis à crise econômica por estarem desproporcionalmente empregadas nos setores informais da economia e, portanto, com maior probabilidade de perder seus rendimentos. Elas também são frequentemente empregadas na linha de frente da resposta à COVID-19, constituindo 70% da força de trabalho nos setores de saúde e assistência social, realizando a maior parte das tarefas domésticas não remuneradas em casa, creches e outras funções de cuidado de outras pessoas.

Um aumento na violência de gênero durante o confinamento também torna imperativo que os governos invistam em programas de proteção social elaborados especificamente para a proteção de mulheres e meninas.

Uma geração de jovens também corre o risco do colapso socioeconômico causado pela pandemia. A vulnerabilidade de crianças e jovens está sendo ampliada pelo fechamento de escolas, que afetou mais de 90% da população estudantil do mundo, interrompendo sua educação e seu acesso a serviços sociais essenciais, como a merenda escolar.

Para a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta H. Fore, crianças e jovens estão sofrendo desproporcionalmente com o impacto socioeconômico da crise da COVID-19 . “Antes do surto, duas em cada três crianças ou tinham proteção social inadequada ou não tinham nenhuma. Os países precisam cumprir seu compromisso de proteção social para todas as pessoas que dela necessitam”.

O apelo para que os governos invistam adequadamente em programas de proteção social é endossado pelo UNAIDS, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e apoiado pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Banco Mundial.

UNAIDS lamenta morte de Renato Girade, profissional com atuação na resposta ao HIV no Brasil

UNAIDS lamenta falecimento de Renato Girade, profissional que contribuiu com muitas conquistas positivas na resposta ao HIV no Brasil e para pessoas mais vulneráveis à epidemia. Foto: UNAIDS

A equipe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) lamentou na semana passada (21) a morte do ex-diretor-adjunto do antigo Departamento de IST/Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Renato Girade.

“Seu profissionalismo e comprometimento sempre foram marcantes, e contribuíram com muitas conquistas positivas na resposta ao HIV no Brasil e para pessoas mais vulneráveis à epidemia”, disse o UNAIDS em nota. Girade morreu na quinta-feira (20), em Brasília (DF), após um infarto.

Ao longo de sua trajetória no Ministério da Saúde, Girade foi responsável por iniciativas relacionadas à gestão e mobilização de recursos, negociações de compras e de incorporação de medicamentos potentes contra AIDS no Sistema Único de Saúde (SUS) e também na organização de congressos científicos.

“O trabalho realizado pelo Renato deixa um legado significativo. Lastimamos a perda de alguém que além de ter feito sempre tantos amigos por onde passou, deixou um importante legado para as políticas públicas de HIV e AIDS no país”, declarou a diretora e representante do UNAIDS no Brasil, Claudia Velasquez.

O UNAIDS enviou seus pêsames à família e amigos de Girade e disse lamentar a “a inestimável perda de um amigo tão dedicado e honesto””. Renato deixa a esposa Cynthia e o filho Benício, de 2 anos.

No Dia Mundial Humanitário, UNAIDS celebra o trabalho de heróis e heroínas da vida real

O UNAIDS homenageia os verdadeiros heróis e heroínas da vida real no Dia Mundial Humanitário. Foto: UNAIDS

Neste dia 19 de agosto, Dia Mundial Humanitário, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) reconhece e celebra o poder das comunidades e seus verdadeiros heróis e heroínas da vida real: as pessoas e grupos que trabalham juntos para fazer a diferença para si memos e para os outros.

O UNAIDS sabe que as pessoas são mais fortes juntas e que as comunidades sempre foram a pedra angular da resposta ao HIV. Estes heróis e heroínas se levantam para garantir que eles e suas famílias, parceiros e amigos tenham acesso a serviços de testagem, tratamento e cuidados de HIV. Levantam-se para combater o estigma e a discriminação. Exigem respeito e engajamento nas decisões que afetam suas vidas.

Ambientes humanitários e frágeis são lugares instáveis, imprevisíveis e voláteis. Conflitos, desastres e deslocamentos esgotam os serviços de saúde, isolam comunidades e aumentam as vulnerabilidades – aumentando o número de pessoas sob risco de ficar para trás. Além disso, com a COVID-19, todos os ambientes podem ser frágeis diante de desafios novos ou repentinos.

À medida que a COVID-19 se espalha por todo o mundo, trabalhadores e trabalhadoras humanitários estão sendo acompanhados por profissionais de saúde, trabalhadores-chave e outros que arriscam suas vidas e as de suas famílias para ajudar as outras pessoas.

Organizações lideradas por comunidades estão fornecendo uma tábua de salvação para populações carentes, marginalizadas e de difícil alcance em todo o mundo. Elas têm uma vasta experiência na criação e entrega de respostas às crises de saúde e de direitos humanos em suas comunidades. As muitas redes e grupos liderados por comunidades que surgiram para responder ao HIV possuem imensa experiência prática, força organizacional e capacidades para facilitar a prestação de serviços de suporte para salvar vidas e para influenciar as práticas da vida real das pessoas a fim de melhor proteger sua saúde.

E novos heróis e heroínas estão surgindo também. Alguns estão ajudando a manter o acesso ao tratamento para o HIV que é capaz de salvar vidas. Outros estão apoiando as pessoas mais vulneráveis da sociedade para que consigam sobreviver ao bloqueio e a outros impactos da pandemia, e para proteger aquelas pessoas que correm o risco de violência.

O UNAIDS homenagea todos esses heróis e heroínas e as comunidades que estão ao lado e ao redor deles na linha de frente, construindo resiliência de base para que nenhuma pessoa seja deixada para trás no objetivo de cobertura universal de saúde, incluindo acesso gratuito e justo aos serviços relacionados ao HIV.

A UNAIDS compromete-se a construir uma cultura de solidariedade, confiança, bondade e ética de cuidados – não apenas na resposta à COVID-19, mas em todos os contextos humanitários. O UNAIDS percebe muitas pessoas colocando as mãos nos próprios bolsos para ajudar suas famílias, vizinhos e colegas e pede que o financiamento seja contínuo para organizações comunitárias.

O UNAIDS se compromete a continuar apoiando e defendendo aquelas pessoas que trabalham para acabar com o sofrimento e a injustiça, para promover a paz e a sustentar os direitos humanos.

Não apenas hoje, mas todos os dias.