ONU afirma que grupos rebeldes na República Democrática do Congo já mataram mais de 80 crianças nos últimos meses

Mulher congolesa lava roupa em um acampamento para os deslocados internos no distrito de Masisi, no Kivu do Norte (ACNUR/S.Schulman)

Os grupos rebeldes no leste da República Democrática do Congo (RDC) executaram arbitrariamente pelo menos 264 civis, incluindo 83 crianças, entre abril e setembro deste ano. Estes são dados de um relatório divulgado na quarta-feira (14) e feito pela Missão de Estabilização da ONU na RDC (MONUSCO) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

Muitas vítimas foram agredidas até a morte com facões, enquanto outras foram queimadas vivas em suas casas durante mais de 75 ataques de rebeldes em aldeias no território de Masisi, no nordeste da província do Kivu do Norte. “Os investigadores de direitos humanos descobriram que as vítimas eram muitas vezes as mais inaptas a fugir dos ataques, em grande parte crianças e idosos”, disse o Escritório Conjunto das Nações Unidas de Direitos Humanos na RDC (UNJHRO), em um comunicado de imprensa.

Os investigadores realizaram  mais de 160 entrevistas com vítimas e testemunhas durante seis missões em Masisi e também alertaram que o número real de atrocidades poder ser consideravelmente maior, porque as restrições de segurança impediram os funcionários de confirmar outras violações dos direitos humanos.

A violência tem atingido especialmente as províncias de Kivu do Sul e Kivu do Norte, no leste do país. No local, grupos armados, compostos por diferentes etnias, tem alvejado sistematicamente a população civil e combatido o exército da RDC, enfraquecido por deserções este ano. A investigação ainda confirmou quatro casos de violência sexual, além de deslocamentos forçados em massa e saques e destruições em larga escala de propriedade privada.

A Alta Comissária dos Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu às autoridades congolesas que sejam tomadas medidas imediatas para proteger as populações civis. “As sistemáticas violações dos direitos humanos cometidas por esses grupos armados, incluindo a perda de tantas crianças, são os mais sérios que temos visto nos últimos tempos na RDC”, disse Pillay.

Membros da MONUSCO têm apoiado o remanejamento do exército da RDC para as áreas afetadas, inclusive durante o período de julho a setembro. A missão também enviou equipes para o sul de Masisi para avaliar as necessidades da população e recomendar ações, que incluem a construção de três bases militares temporárias.