Todos os países contam seus habitantes; os números informam os gestores públicos sobre necessidades presentes e futuras. “Todos contam” é o tema do Dia Mundial da População, celebrado hoje [11].
Se as pessoas e suas características não são contadas, os governos não podem planejar. Se não houver identificação dos indivíduos, é impossível acompanhá-los ao longo de suas vidas. Se o registro de um nascimento remete à necessidade de prover educação a essa criança, isso serve de informação para o sistema educacional. Se as certidões de óbito detalham as possíveis causas da morte, é possível orientar os sistemas de saúde para que atendam às necessidades reais; se os registros indicam causas relacionadas ao HIV e aids ou gravidez e parto, é possível priorizar os serviços que cuidam desses casos.
O planejamento governamental depende da informação local e regional; tais dados tornam possível atender às reais necessidades da população.
Os dados de boa qualidade são essenciais para políticas e programas baseados em evidências objetivas, que visam a melhorar a vida das pessoas. No entanto, enquanto países mais ricos dispõem habitualmente de dados confiáveis e atualizados, muitos países em desenvolvimento e com recursos limitados dificilmente conseguem realizar os recenseamentos e pesquisas necessários para um planejamento eficaz.
Nos últimos 30 anos, o UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, tem contribuído para desenvolver as capacidades dos países em termos de coleta e análise de dados. Atualmente, um aspecto central desse apoio é a efetiva realização da ronda mundial de censos populacionais e habitacionais de 2010 (cobrindo o período 2005-2014).
Em 2009, o UNFPA apoiou os censos nacionais de população e habitação realizados por 77 governos e ajudou a preparar o caminho para os censos de 2010 em outros países, como o Brasil. Em muitos casos tal tarefa é complexa, como no Iraque, nos Territórios Ocupados da Palestina e no Sudão.
Os dados censitários revelam aspectos importantes da situação de emprego, educação e serviços de saúde nos países. Eles fornecem informações sobre o crescimento da população, deslocamento, estruturas etárias, níveis de pobreza, urbanização e distribuição espacial.
Os países podem usar essas informações para planejar investimentos, salvar vidas e melhorar as oportunidades disponíveis para as gerações atuais e futuras.
Como a atenção do mundo está voltada para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) até 2015 e considerando a Cúpula dos ODM a ser realizada na ONU em setembro, é cada vez mais importante a disponibilidade de informações estatísticas consistentes e comparáveis. Os dados desempenham um papel fundamental no acompanhamento da evolução dos trabalhos, na avaliação e ajuste dos planos e estratégias para o desenvolvimento.
E contribuem para a transparência e a prestação de contas.
(*) Thoraya Ahmed Obaid é diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Artigo publicado no jornal O Globo em 11/07/2010.