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Quase 10 mil casos de cólera notificados no Haiti

A maioria das pessoas faz uso das águas do Rio Artibonite, que se acredita ser a origem da epidemia de cólera no Haiti. Foto: ONU.O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou ontem (10/11) que 9.971 casos de cólera, incluindo 643 mortes, foram confirmados no Haiti, citando dados fornecidos pelo governo, que também disse que casos da doença foram identificados na capital, Porto Príncipe.

As condições sanitárias deficientes em muitas partes do país, inundações e enxurradas de lama associadas ao furacão Tomas, que passou pela nação caribenha no último fim de semana, são suscetíveis a acelerar a disseminação da doença, declarou o OCHA.

A cólera até agora foi confirmada em seis departamentos (divisões administrativas) e as organizações humanitárias têm mobilizado recursos desde o início do surto, em outubro, para apoiar os preparativos do governo para o pior cenário – uma epidemia nacional.

Existem hoje 15 centros de tratamento da cólera em todo o país, e os hospitais públicos e privados do país também foram equipados para ajudar, de acordo com o OCHA. As equipes de avaliação são determinantes onde os centros de tratamento adicional podem ser necessários, inclusive em áreas rurais.

Uma campanha informacional pública em larga escala para conscientizar as pessoas sobre o que eles têm de fazer para evitar a cólera ou uma infecção intestinal aguda causada por água ou alimentos contaminados tem sido eficaz, de acordo com avaliação inicial. Recursos logísticos e financeiros adicionais significativos serão necessários nas próximas semanas para manter a resposta à cólera e os esforços de prevenção em curso, afirmou o OCHA.

Epidemia de cólera no Haiti deve aumentar

Um trabalhador humanitário argentino ajuda uma menina em Leogane, Haiti. Foto: ONU.Contagem oficial dos casos ultrapassa nove mil, porém muitos mais podem contrair a doença, alerta a OPAS.

Se a epidemia de cólera no Haiti seguir um padrão semelhante ao da última epidemia de cólera nas Américas, poderá ter dezenas de milhares de casos nos próximos anos, disse à imprensa nesta terça-feira (09/11) o Vice-Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jon K. Andrus. Até essa data, o Ministério da Saúde do Haiti contabilizava 9.123 casos de cólera, com 583 mortes. Estes incluem os 73 casos relatados na capital, Porto Príncipe.

Outras organizações também estão relatando casos e a OPAS está trabalhando com o Governo haitiano para integrar os números adicionais no sistema oficial de vigilância. Andrus enfatizou, no entanto, que “o número de casos não é tão importante quanto as tendências subjacentes, e nossa prioridade é tratar o doente e prevenir novos casos”.

Embora o impacto do furacão Tomas não tenha sido tão imediato e grave como muitos temiam, Andrus disse que “temos todas as razões para esperar que as inundações aumentem o risco de cólera”. Os efeitos da passagem do furacão poderão tornar-se visíveis através de um aumento de casos nos próximos dias.

A última epidemia de cólera no hemisfério ocidental começou no Peru em 1991 e se espalhou para 16 outros países, da Argentina ao Canadá. Somente no Peru, a epidemia produziu mais de 650 mil casos ao longo de seis anos. Ajustando o tamanho da população, um padrão semelhante iria produzir mais de 270 mil casos no Haiti, disse Andrus.

Ele também disse que a epidemia de cólera não precisa interferir nas eleições gerais previstas no país para 28 de novembro. “Não há razão para esperar que as eleições tenham um impacto negativo sobre a epidemia de cólera”, disse Andrus. “De fato, o Ministério da Saúde está planejando usar a ocasião para divulgar mensagens de prevenção para a população.”

ONU e parceiros se mobilizam para responder epidemia de cólera no Haiti

ONU e parceiros se mobilizam para responder a epidemia de cólera no Haiti. Foto ONUA comunidade internacional mobilizou seus recursos para ajudar o Governo haitiano a responder a um surto de cólera na região ocidental do país, colaborando com suprimentos médicos e equipes de profissionais de saúde enviados rapidamente para a área afetada, disse a Vice-Coordenadora de Emergências, Catherine Bragg.

“O ponto aqui é que as mortes por cólera são previsíveis, e estamos fazendo tudo que podemos para ajudar às autoridades haitianas para evitar novas mortes”, disse Bragg em Nova York, depois de voltar de uma visita ao Haiti.

Os números fornecidos pelo Governo indicam que mais de 1.500 casos de cólera foram confirmados, ocasionando a morte 138 pessoas. As agências humanitárias já têm 300 mil doses de antibióticos no país, prontos para distribuição, disse Bragg, sublinhando que a propagação da cólera também pode ser controlada através da melhoria da disponibilidade de água limpa, usando sabonete para lavar as mãos antes das refeições e melhorando o saneamento.

A epidemia de cólera foi reportada em torno de Saint-Marc, no departamento de Artibonite, longe dos campos que acolhem centenas de milhares de pessoas que perderam suas casas após o devastador terremoto de 12 de janeiro deste ano.

“Infelizmente, estamos respondendo a um surto de cólera, mas é preciso notar que os cuidados de saúde, saneamento e água potável fornecidos desde o terremoto, têm salvado muitas vidas, e que tudo o que planejamos para fornecer ajuda alimentar foi atingido”, disse Bragg. No entanto, ela destacou que muito mais precisa ser feito para melhorar as “terríveis” condições de alguns dos acampamentos.