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Dia Internacional dos Povos Indígenas, por Guy Ryder

Mensagem de Guy Ryder, diretor-geral da OIT, por ocasião do Dia Internacional dos Povos Indígenas, marcado no dia 9 de agosto.

“Ao comemorar neste dia as realizações alcançadas pelos povos indígenas no passar dos anos devemos tomar a decisão de atuar contra as injustiças persistentes que continuam impedindo-os de viver e trabalhar com dignidade.

O lema deste ano, “Povos indígenas construindo alianças: honrando tratados, acordos e outros pactos construtivos”, reveste-se de uma importância especial para a OIT, que acumula uma experiência única na qual durante décadas vem forjando alianças para promover os direitos dos povos indígenas.

Essa experiência tem suas raízes no diálogo social e no tripartismo, que são as pedras angulares de nosso modelo de governança para promover a justiça social, as relações equitativas e harmoniosas no local de trabalho e o trabalho decente. Além disso, o diálogo social e o tripartismo são instrumentos essenciais para defender os direitos sociais dos povos indígenas.

No próximo ano será comemorado o 25º aniversário da Convenção sobre povos indígenas e tribais da OIT (número 169), de 1989, um tratado que foi elaborado em cooperação com o sistema das Nações Unidas. Esta Convenção é fruto do consenso alcançado pelos mandantes tripartites da OIT e nele se incentiva os Estados estabelecer alianças com os povos indígenas mediante consultas e através de sua participação nos processos de tomada de decisão que os afetem de forma direta.

Neste ano publicamos um Manual sobre a Convenção 169 para dar um novo impulso à sua aplicação. O Manual tem por objetivo explicar a Convenção e estimular iniciativas conjuntas para sua aplicação e o fortalecimento do diálogo social entre os mandantes tripartites da OIT e os povos indígenas.

A Convenção 169 também tem sido um meio importante para forjar alianças e fortalecer a colaboração no marco do sistema das Nações Unidas.

Em abril deste ano, tivemos a honra de contar com a presença do Grande Chefe Edward John, presidente do foro permanente para questões indígenas das Nações Unidas, em nossa Nona Reunião Regional Europeia realizada em Oslo (Noruega). Ele falou do papel desempenhado pelas normas internacionais do trabalho para promover o respeito aos direitos dos povos indígenas e pediu encarecidamente que os povos indígenas sejam incluídos nos processos de diálogo social.

Fez um apelo para que se adotem medidas concretas para lutar contra as desigualdades no mundo do trabalho e aumentar as oportunidades para que os povos indígenas consigam empregos de qualidade, e enfatizou a situação das mulheres, crianças e dos jovens indígenas.

A OIT, a ONU Mulheres, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Escritório do Representante Especial do Secretário-Geral para a questão das crianças e dos conflitos armados publicaram recentemente um estudo interinstitucional intitulado ”Romper o silêncio sobre a violência contra as meninas, adolescentes e mulheres indígenas jovens”, no qual se faz um apelo para uma ação concertada para deter essa violência e refletir sobre a importância capital de estabelecer alianças para promover os direitos dos povos indígenas também entre os interlocutores sociais e as partes interessadas.

Por ocasião deste Dia Internacional, a OIT, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o UNICEF e o UNFPA fazem um apelo conjunto com o objetivo de pedir apoios para a Aliança das Nações Unidas com os Povos Indígenas, uma iniciativa interinstitucional que começou em 2011 e que promove alianças e iniciativas de colaboração entre os povos indígenas, os governos e os interlocutores sociais em escala nacional para a aplicação efetiva da Convenção 169 e da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

A OIT teve a satisfação de trabalhar com organismos associados para aumentar o respeito aos direitos dos povos indígenas por meio de programas conjuntos na Bolívia, Nicarágua, Camarões, República Centro-Africana, República do Congo e Nepal, e de um programa regional no Sudeste Asiático.

A reunião de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas – Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas – que ocorrerá em setembro deste ano, bem como a elaboração da agenda das Nações Unidas para o desenvolvimento pós-2015, oferecem a oportunidade de estreitar as alianças e iniciativas de colaboração com os povos indígenas no mundo do trabalho e em outros âmbitos, em favor de um acesso equitativo ao trabalho decente e meios de vida sustentáveis.

Neste dia, a OIT reafirma seu compromisso de participar dos esforços para garantir o respeito aos direitos dos povos indígenas e oferecer-lhes uma oportunidade real de ter um trabalho decente.”

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Saiba mais sobre o tema em www.ilo.org/indigenous/lang–es

Dia Internacional dos Povos Indígenas, por Ban Ki-moon

Mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, lembrado no dia 9 de agosto.

Foto: ONU
Foto: ONU

“Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, destacamos a importância de honrar os tratados, acordos e outros arranjos construtivos entre os Estados, seus cidadãos e os povos indígenas. Tais acordos consensuais permitem uma melhor compreensão de seus pontos de vista e valores e são essenciais para a proteção e promoção dos direitos e para estabelecer a visão política e as estruturas necessárias para diferentes culturas conviverem em harmonia.

Os povos indígenas representam uma diversidade notável – mais de 5 mil grupos distintos em cerca de 90 países. Eles representam mais de 5% da população do mundo, atualmente são cerca de 370 milhões de indígenas no planeta. É importante que nós nos esforcemos para fortalecer as parcerias que ajudarão a preservar o vigor cultural e que facilitem a redução da pobreza, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.

Devemos assegurar a participação dos povos indígenas – homens e mulheres – na tomada de decisões em todos os níveis. Isso inclui discussões sobre a aceleração da ação para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e definição da agenda de desenvolvimento pós-2015.

Os povos indígenas deixaram claro que querem o desenvolvimento que leva em conta a cultura e a identidade e o direito de definir suas próprias prioridades. A agenda de desenvolvimento pós-2015 deve, então, incorporar os direitos, as perspectivas e necessidades dos povos indígenas.

A Conferência Mundial sobre Povos Indígenas no próximo ano oferece uma oportunidade para fazer avançar a causa dos povos indígenas em todos os lugares. Peço que os Estados-Membros tomem medidas concretas para combater os desafios que enfrentam os povos indígenas, especialmente sua marginalização e exclusão, honrando todos os compromissos e examinando o que mais pode ser feito.

Vamos trabalhar juntos para fortalecer os direitos dos povos indígenas e apoiar as suas aspirações. Vamos criar um mundo que valoriza a riqueza da diversidade humana e alimenta o potencial que esta oferece.”

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Saiba mais sobre a data em www.un.org/es/events/indigenousday

Dia Mundial da Conscientização Contra o Abuso de Idosos, por Ban Ki-moon

Mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em 2013 para a data – lembrada todos os anos em 15 de junho.

“A trágica realidade é que no mundo há pessoas de idade que sofrem abusos psicológicos, financeiros ou físicos.

Infelizmente, muitas pessoas idosas podem estar em situação de risco.

Uma das causas desse problema é o preconceito. Vamos refletir neste dia sobre as nossas atitudes em relação ao envelhecimento e sobre a situação e papel dos idosos na sociedade.

Exorto os governos, a sociedade civil e as comunidades a contribuir para a sensibilização sobre esta questão. Os governos, em particular, podem ajudar a atenuá-la estabelecendo uma legislação que proteja as vítimas de abuso e responsabilize seus autores na justiça.

É nosso dever para com os idosos e a sociedade em geral combater a discriminação por razões de idade em todas as suas formas e promover a dignidade e os direitos humanos das pessoas idosas em todo o mundo.”

Saiba mais sobre a data em www.un.org/en/events/elderabuse

Discurso de abertura feito pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em coletiva de imprensa durante a sua missão em Angola

Discurso de abertura feito pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em coletiva de imprensa durante a sua missão em Angola. Luanda, 24 de abril de 2013. Ela visitou o país de 22 a 24 de abril de 2013. Para ler o original em inglês, clique aqui.

“Boa tarde e obrigada por terem vindo.

Esta é a minha primeira visita em Angola como Alta Comissária para os Direitos Humanos e, creio eu, foi a uma viagem proveitosa. Depois de ouvir sobre o progresso que o país tem feito ao longo dos últimos dez anos, eu queria ver por mim mesma o quanto foi alcançado e quais são os principais desafios que permanecem no alcance dos direitos humanos. Gostaria também de agradecer ao governo pelo convite e oferecê-lo os serviços do meu escritório para encontrar soluções para alguns desses desafios.

Durante a minha visita de três dias, conversei com o Presidente José Eduardo dos Santos, os ministros das Relações Exteriores, Justiça e Direitos Humanos, Interior, Família e dos Assuntos das Mulheres, e do Gabinete do Procurador-Geral. Eu também me reuni com os membros do Tribunal Constitucional, o Provedor de Justiça e o governador da província de Lunda-Norte com quem discuti várias questões relacionadas aos imigrantes em situação irregular, e visitei a fronteira com a República Democrática do Congo.

Pouco depois de chegar aqui no domingo [21], eu organizei uma reunião completa e informativa com cerca de 30 membros de organizações da sociedade civil angolana, alguns dos quais vieram de províncias distantes a fim de participar do encontro.

Desde o fim do conflito em 2002, Angola fez, indiscutivelmente, um grande progresso nos últimos dez anos, auxiliado por abundantes recursos naturais, especialmente o petróleo e os diamantes. O Governo tem investido fortemente em infraestrutura, incluindo escolas, instalações médicas, grandes projetos de habitação, água e eletricidade, melhores prisões e milhares de quilômetros de estradas. O trabalho para remover as muitas milhares de minas que ainda estão enterradas no lindo, fértil e extremamente despovoado interior do país prossegue.

Este desenvolvimento não veio sem controvérsias. Duas questões que sempre chamaram a minha atenção são a enorme disparidade que se desenvolveu entre os mais ricos e os mais pobres, e os métodos, por vezes muito duros, usados para expulsar as pessoas de terrenos destinados ao desenvolvimento, especialmente dentro no entorno de Luanda.

Em minha conversa com o Presidente Santos esta manhã, destaquei a importância de reduzir essas disparidades nos próximos quatro ou cinco anos. Questões relacionadas, como a corrupção, o desemprego, o alto custo de vida e a pobreza extrema precisam ser resolvidas antes que o povo fique desiludido, especialmente os jovens do país.

Em minhas conversas com o governo, eu também enfatizei a necessidade de um contínuo fortalecimento das proteções dos direitos humanos dos cidadãos, já que o desenvolvimento de infraestrutura sem o desenvolvimento paralelo dos direitos humanos é insuficiente e autodestrutivo. Em determinadas circunstâncias, isso pode levar a uma agitação social e política, especialmente se uma faixa cada vez maior da população se sentir excluída dos ganhos econômicos do país.

Estou particularmente preocupada com o fato de que milhões de angolanos não tenham sido registrados, incluindo 68% das crianças menores de cinco anos. Isso tem enormes implicações para a sua futura capacidade de desempenhar um papel ativo na sociedade, receberem benefícios e encontrar um emprego, o que poderia levar a problemas de apatridia. Eu entendo que o governo está tomando medidas significativas para corrigir isso, mas eu peço para torná-lo uma prioridade.

O Presidente me disse que, no final da guerra, houve a necessidade de priorizar a infraestrutura, e que o governo agora pretende se concentrar mais nas famílias e melhorar a vida das pessoas. Números apresentados mostram uma diminuição substancial na pobreza. E, em 2013, o governo também aumentou o orçamento para os serviços sociais.

Angola tem uma nova Constituição, que é forte em matéria de direitos humanos, e um Tribunal Constitucional redefinido para garantir que ela seja cumprida. O governo também está trazendo algumas novas leis para fortalecer as proteções garantidas pela Constituição. Ele tem feito progressos impressionantes sobre os direitos das mulheres, em particular com a promulgação da lei sobre a participação da mulher na vida política, o que fez com que 34% dos parlamentares de hoje sejam mulheres, e uma nova e importante Lei contra a Violência Doméstica, aprovada há dois anos. O governo me forneceu detalhes de sua estratégia para tentar aumentar o impacto dessa lei através de programas de educação e conscientização pública.

No entanto, mais leis novas, emendas às leis existentes e implementações adequadas são necessárias para tirar o máximo benefício de uma Constituição baseada nesses princípios. O acesso à justiça é um problema em muitos níveis, e os benefícios do novo Tribunal Constitucional ainda não estão sendo plenamente alcançados, com muito poucos casos-chave sendo trazidos para estimular melhores mudanças nas leis e instituições de apoio do país.

Ainda há problemas, como por exemplo, no conteúdo, interpretação e aplicação das leis sobre a liberdade de expressão e a liberdade de reunião, com a polícia às vezes suprimindo protestos de forma pesada. Além disso, continuamos a receber relatórios periódicos de casos de detenção arbitrária e uso excessivo da força — especialmente, mas não só, em Cabinda.

Durante esta visita, eu questionei com os ministérios competentes os casos não resolvidos de dois organizadores de um protesto de ex-membros das forças armadas que reivindicavam pensões não pagas. Eles desapareceram logo após um comício em maio de 2012. Eu fui assegurada pelo Ministro do Interior e do Gabinete do Procurador-Geral que uma investigação foi iniciada, e espero que em breve haja uma luz sobre o que aconteceu com os dois homens, e que todos os responsáveis por abusos, neste caso, sejam levados à justiça. É imperativo que sempre que há denúncias de abusos por parte das autoridades, ocorram investigações credíveis e transparentes, e que, quando os abusos forem confirmados, os seus autores sejam plenamente responsabilizados perante a lei.

Enquanto os meios de comunicação e, principalmente, os meios de comunicação privados, geralmente são livres para criticar as autoridades em Angola, a lei sobre difamação é uma ameaça ao jornalismo investigativo, e seria melhor substituída por uma lei mais clara sobre o incitamento, o que pode ser um crime. O direito internacional (artigos 19 e 20 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos) estabelece um limite muito alto em termos de quando podem ser colocados limites à liberdade de expressão. Também são necessários esforços para suspender as restrições e ampliar o alcance da mídia independente — especialmente rádio e TV — e para aumentar o acesso de diferentes pontos de vista aos meios de comunicação estatais. A mídia livre e pluralista é um componente essencial de uma democracia multipartidária, e eu peço para que o governo respeite a dissidência.

Uma sociedade civil forte é também vital para uma democracia próspera, e organizações da sociedade civil estão se sentindo claramente vulneráveis e, portanto, limitadas em Angola. A liberdade de reunião, a liberdade de manifestação e a liberdade para investigar e expor os possíveis abusos não devem ser prejudicadas por ameaças e intimidações por parte das autoridades. Espero que o governo estabeleça um diálogo mais construtivo com a sociedade civil.

Angola aboliu a pena de morte há mais de 20 anos. O país também ratificou os mais importantes tratados internacionais de direitos humanos, com as duas exceções notáveis para a Convenção contra a Tortura e a Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial. Apesar de eu não perceber que a tortura ou a discriminação racial sejam grandes problemas em Angola, aderir a esses dois tratados demonstraria claramente que o governo está comprometido para que eles nunca se tornem uma questão. Eu peço que o governo ratifique ambas as convenções.

Como mencionei anteriormente, a apropriação de terra para o desenvolvimento é uma questão que frequentemente desperta preocupações. Reconheço que o governo deve liberar terras para a realização de projetos necessários para a construção e o desenvolvimento de uma economia próspera, moderna. No entanto, as pessoas nunca devem ser despejadas e suas casas demolidas sem consulta prévia, remuneração adequada e habitação alternativa disponibilizada.

Muitos assentamentos informais em Angola são o produto de deslocamentos causados pela guerra ou pela extrema pobreza. As pessoas que vivem neles precisam ser tratadas com sensibilidade. Questões como a proximidade de seu novo local de residência com o seu local de trabalho precisam ser levados em conta, ou então os seus meios de subsistência podem ser destruídos junto com suas casas e dignidade. Existem normas internacionais claras sobre a apropriação de bens e realocação de pessoas.

Sugeri ao governo a visita da Relatora Especial da ONU sobre o Direito à Moradia Adequada, e estou feliz que eles tenham aceitado tal visita. Missões feitas por outros peritos independentes nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos — da qual Angola é atualmente um membro — também podem ser de grande benefício.

O outro grande problema que tenho discutido em profundidade durante a minha visita são as persistentes alegações de abusos — especialmente sexual — cometidos por membros das forças de segurança e os oficiais de fronteira. Aceito plenamente que a entrada irregular de dezenas de milhares de migrantes em Angola todos os anos, muitos deles buscando a escavação ilegal de diamantes, está causando grandes problemas para o governo, que tem o direito de definir os limites de migração para regular uma indústria-chave.

Ele também tem o direito de deportar imigrantes em situação irregular, mas deve fazê-lo de forma humana e em plena conformidade com as leis internacionais de direitos humanos. Eu apoio os esforços para resolver esta questão extremamente complexa e difícil a nível regional, e concordei em levantar a questão para uma cooperação mais estreita com a RDC, de onde cerca de 80% dos imigrantes que entram em Angola se originam.

Mas a necessidade de combater as violações dos direitos humanos contra os migrantes em território angolano é da responsabilidade do governo de Angola. Durante a minha visita a uma remota fronteira próxima a Lunda-Norte, recebi indicações de que o abuso sexual de mulheres migrantes continua, bem como o roubo de propriedade. Alegações de abuso sexual de mulheres migrantes ao longo desta fronteira têm persistido durante a maior parte dos últimos dez anos.

Enquanto a escala do problema pode ser contestada, um estupro representa muitos estupros, especialmente quando realizado por um membro das forças de segurança que deveria proteger os civis de crimes. Eu acredito que uma investigação plena e transparente na fronteira está muito atrasada. É preciso haver maior esforço para sensibilizar guardas e policiais de fronteira, e para deixar claro que tais crimes não serão mais tolerados. Qualquer um que tenha abusado sexualmente de qualquer mulher, incluindo as migrantes em situação irregular, deve sentir toda a força da lei.

Uma maneira de melhorar as leis de direitos humanos de Angola, e acompanhar a sua implementação efetiva, seria a criação de uma verdadeira Instituição Nacional de Direitos Humanos (INDH), de acordo com o sistema internacional conhecido como Princípios de Paris. Existem hoje mais de 100 países com tais instituições em todo o mundo, mas Angola não está entre eles. Eu ofereci meus serviços para ajudar a estabelecê-lo, uma vez que os INDHs podem desempenhar um papel verdadeiramente vital no reforço dos direitos humanos — por exemplo, referindo os casos-chave para os Tribunais, assessorando na elaboração de legislação e apoiando as organizações da sociedade civil.

Eu também manifestei a minha vontade, e a do Coordenador Residente das Nações Unidas, para apoiar a nomeação de um Conselheiro de Direitos Humanos do meu escritório para trabalhar em Angola. Eu fico feliz com a resposta positiva do governo a esta sugestão, uma vez que Conselheiros de Direitos Humanos também podem fornecer um apoio inestimável para os governos e Equipes de País da ONU.

Apesar da natureza sensível de alguns dos tópicos que levantei, eu achei o Presidente e seus ministros muito empenhados, e as nossas discussões foram extremamente construtivas. O governo aceitou prontamente que os problemas permanecem e discutimos formas de fazer as melhorias necessárias.

Em geral, minha impressão no final desta visita é que o governo de Angola está verdadeiramente empenhado em melhorar os direitos humanos. Se o governo criar uma robusta Instituição Nacional de Direitos Humanos, se o Tribunal Constitucional for habilitado para fizer jus ao seu potencial, e se as outras instituições-chave do Estado continuarem a lutar pelas melhorias, eu acredito que Angola pode tornar-se um modelo não apenas para a região, mas para muitos outros países também.

Obrigada.”

UNIC Rio e UFRJ realizam 5ª edição do curso Universitários pela Paz

Direitos Humanos e Crimes Internacionais em pauta na 5ª edição do curso Universitários pela Paz

Começou na segunda-feira (21/1) a 5ª edição do “Universitários pela Paz – A ONU e as Questões Internacionais Contemporâneas”. O curso é fruto de uma parceria entre o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e o Laboratório de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

ATUALIZAÇÃO: Acesse no final da matéria as apresentações dos professores.

O curso de 60 horas, ministrado em duas semanas, reúne neste ano 50 alunos de graduação e pós-graduação de diversas instituições no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, para debater o tema “Direitos Humanos e Crimes Internacionais”.

“A parceria com as Nações Unidas é extremamente relevante porque nos autoriza a manter este diálogo entre a universidade, as Nações Unidas e a sociedade civil”, acredita uma das coordenadoras da iniciativa, a professora Vanessa Batista Berner, da Faculdade Nacional de Direito.

Na conferência de abertura do curso, a Diretora do Departamento de Justiça do Ministério da Justiça, Fernanda dos Anjos falou sobre “O Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” e lembrou que, assim como mostra a novela Salve Jorge, da TV Globo, não é fácil escapar dos exploradores:

“Situações de ameaça, às vezes física, às vezes até mesmo violência psicológica, são formas de exercício de poder sobre essas pessoas e nem sempre é simples conseguir fugir. Mas o importante é que, se a pessoa estiver no Brasil, procure as autoridades brasileiras. Se for um estrangeiro que estiver sendo vítima desse crime no Brasil, independentemente da sua condição migratória, procure as autoridades brasileiras e, se conseguir fugir, que chegue a uma autoridade, denuncie o caso para ser acolhido por uma rede de proteção e atenção.”

A recomendação para brasileiros no exterior é que busquem sempre o apoio das embaixadas ou consulados. Denúncias no Brasil podem ser feitas pelo Disque 100 ou Disque 180.

Assista abaixo à palestra de abertura – Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas:

Clique aqui para acessar a apresentação Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
Fernanda dos Anjos (Diretora do Departamento de Justiça do Ministério da Justiça)

Sistema ONU no Brasil e no Mundo

Clique aqui para acessar a apresentação Sistema ONU no Brasil e no Mundo
Valéria Schilling (Ass. de Imprensa no Centro de Informação da ONU para o Brasil)

Teoria das Organizações Internacionais e ONU

Clique aqui para acessar a apresentação Teoria das Organizações Internacionais e ONU

Professor Luiz Felipe Osório (Defesa e Gestão Estratégica Internacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça e o Direito Internacional Público

Clique aqui para acessar a apresentação Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça e o Direito Internacional Público
Professor Luiz Felipe Osório (Defesa e Gestão Estratégica Internacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Tribunal Penal Internacional

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Carlos Eduardo Adriano Japiassú (Universidade Federal do Rio de Janeiro/Universidade Estadual do Rio de Janeiro)

Dez anos de TPI

Clique aqui para acessar a apresentação Dez anos de TPI
Professora Luciana Boiteux (Faculdade Nacional de Direito / Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Segurança internacional e prevenção da violência armada

Clique aqui para acessar a apresentação Segurança internacional e prevenção da violência armada
Tiago Haymussi Sales (Instituto de Economia / Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Tortura e Terrorismo no Direito Internacional

Elidio Marques (Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos/Universidade Federal do Rio de Janeiro)

A questão de gênero nas decisões dos tribunais penais internacionais

Clique aqui para acessar apresentação A questão de gênero nas decisões dos tribunais penais internacionais
Professora Camila Lippi (Laboratório de Direitos Humanos/Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Por uma Política de Drogas mais Humana e Eficiente

Clique aqui para acessar a apresentação Por uma Política de Drogas mais Humana e Eficiente
Ilona Szabó de Carvalho (Secretariado da Comissão Global sobre Política de Drogas e Instituto Igarapé)

Novas Perspectivas e Reformas das Leis de Drogas

Renato Cinco (Vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro)

Direitos Humanos e Justiça de Transição

Carol Proner (Comissão de Anistia do Ministério da Justiça/UNIBrasil)

Acesse aqui a programação do curso.