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ONU toma medidas para evitar a repetição das fraudes eleitorais no Haiti

Cédulas de votação sendo distribuídas para as eleições de novembro.Medidas estão sendo tomadas nos 1500 centros eleitorais do Haiti, para evitar a repetição, no próximo mês, das fraudes que marcaram o primeiro turno das eleições presidenciais, em novembro passado, de acordo com o Representante Especial do Secretário-Geral da ONU no Haiti, Nigel Fisher. Em videoconferência com o Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC), ele disse que a Organização dos Estados Americanos (OEA) deverá aumentar o número de observadores. Além disso, as cédulas de votação serão codificadas por cores e call centers informarão os eleitores sobre os locais de votação.

Um código de conduta está sendo desenvolvido para definir o comportamento de militantes e demais eleitores em centros de votação. Fisher disse ainda que espera que um déficit de 2,5 milhões de dólares em financiamento seja coberto por doadores, ou, a curto prazo, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), caso as doações atrasem.

No início deste mês, o Conselho Eleitoral Provisório anunciou que a ex-Primeira-dama Mirlande Manigat e um músico popular, Michel Martelly, seriam os dois candidatos no segundo turno, eliminando Jude Celestin, candidato do partido do atual Presidente, René Préval. Segundo Fisher, os principais desafios do novo presidente incluirão os esforços de recuperação do terremoto de janeiro de 2010, a resposta à epidemia de cólera, que eclodiu em outubro, e a preparação para a temporada de ciclones. Acima de tudo, “a questão fundamental são os empregos”, frisou.

O Presidente do Grupo Consultivo Ad Hoc do ECOSOC para o Haiti, o embaixador John McNee, do Canadá, notou que a Comissão Provisória de Recuperação do Haiti aprovou recentemente 430 milhões de dólares em projetos de habitação, remoção de entulhos, educação, energia, saúde e criação de empregos. O grupo planeja viajar para o Haiti para se reunir com o Governo e as várias partes interessadas e apresentar um relatório em julho.

Haiti em discussão no III Fórum da Aliança de Civilizações

Participantes em debate na sessão sobre o Haiti na Aliança de Civilizações. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-SaabNo primeiro Fórum da Aliança de Civilizações realizado na América Latina, não poderia ser deixado de lado um dos principais problemas da região: o caso do Haiti. O Primeiro-Ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, declarou que observa seu país como um caso de “falha dos princípios da Aliança”, ou pelo menos como uma “vitória diferenciada”.

Bellerive fez uma breve introdução sobre como o Haiti foi um país isolado desde suas origens. Por ser o primeiro país negro a conseguir sua independência e por apresentar uma cultura extremamente diferenciada do resto dos países das Américas – quase 100% da população pratica o vooduismo e o francês é a língua oficial -, o Haiti sempre pareceu muito distante dos outros países do continente e seu isolamento parecia inevitável.

“Tudo isto até o 12 de janeiro. Depois do terremoto, o mundo inteiro se voltou para o Haiti”, disse o Primeiro-Ministro, aproveitando para agradecer a solidariedade mostrada pela comunidade internacional. Ele admitiu que é difícil falar de oportunidades quando houve mais de 250 mil mortes na tragédia, mas acredita ser possível que a partir destes encontros o povo haitiano possa encontrar finalmente o caminho para o desenvolvimento.

A representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Vera Machado, discursa em sessão sobre o Haiti ao lado do Primeiro-Ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-Saab.
A representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Vera Machado, discursa em sessão sobre o Haiti ao lado do Primeiro-Ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-Saab.

Vera Machado, representante do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, substituindo o ministro Celso Amorim, ressaltou o papel de solidariedade dos militares brasileiros e os projetos de ajuda humanitária, de combate à fome e à pobreza, que o Brasil vem desenvolvendo desde que assumiu a liderança da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Ela apontou a necessidade de um compromisso com a reconstrução do Haiti e convidou os demais países a se juntarem nessa empreitada.

Edmond Mulet, Chefe da MINUSTAH, expôs as principais ações do Missão de Paz da ONU no país, destacando a criação de dois campos de refugiados, trabalhos em projetos de desenvolvimento econômico e a obtenção da estabilidade política, considerada essencial para atingir um desenvolvimento consistente.

Ricardo Seitenfus, representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, declarou que os trabalhos da organização interamericana estão focados na recuperação da qualidade de vida da sociedade e na melhoria e garantia da democracia no país. Seitenfus exaltou a reação do povo haitiano frente ao terremoto. “Eles são um exemplo de humanismo e solidariedade que eu jamais havia visto. É um povo que sofre demais, mas que tem uma grandeza de alma que permitiu a reação de uma maneira ordeira, solidária e admirável”.