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Eu não posso mudar o mundo

Eu não posso mudar o mundoPor Paulo Coelho

Como Mensageiro da Paz das Nações Unidas, e Conselheiro Especial para Diálogos Interculturais e Convergências Espirituais da UNESCO, como encarar seu papel no mundo de hoje? (Katya Yulianka, Réssia)

Eu sempre fui muito cético sobre as pessoas que dizem “Eu quero salvar o mundo, ajudar os outros…”

Isto porque salvar “o mundo” é muito abstrato. O que é possível – e a tarefa mais difícil – é primeiramente olhar para si e tentar identificar o que está errado.

Antes de se procurar com o outro, a pessoa tem que achar a si mesma.

Eu não posso mudar o mundo, eu não posso mudar meu país, eu não posso mudar minha cidade, eu não posso mudar minha vizinhança… o que eu posso mudar é minha rua.

Em 1996, quando eu comecei a receber recursos significativos pelos meus livros, eu fui a uma favela próxima da minha casa – no Rio as favelas estão no centro da cidade – e encontrei um grupo de pessoas que estavam cuidando de crianças.

Eu criei o Instituto Paulo Coelho. Desde então nós temos cooperado, e agora nós tomamos conta de 430 crianças (além de outros projetos, como apoio a pacientes de hospitais psiquiátricos, a famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, etc.)

Eu ainda acredito que a maioria das mudanças reais são feitas em menor escala.

Ser um dos doze Mensageiros da Paz é um lembrete de que a paz, assim como a justiça, tem uma autoridade natural que se impõem por si mesma. A tribuna da ONU me dá a oportunidade de falar sobre as injustiças e usar minha influência no cenário político.

O desafio está no fato de que a ONU não pode fazer seu trabalho sozinha.

Nós todos somos Mensageiros da Paz. Vamos começar a trabalhar.

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O brasileiro Paulo Coelho é Mensageiro da Paz das Nações Unidas. Artigo publicado originalmente no dia 26 de maio de 2011 em seu blog.

Mensageiro da ONU, Paulo Coelho rejeita ideia de choque de civilizações

Em entrevista (22/12) ao Centro de Notícias da ONU, o Mensageiro da Paz das Nações Unidas, Paulo Coelho, negou a existência de um choque de civilizações. O renomado escritor brasileiro responsabilizou a mídia e alguns líderes políticos por tentarem difundir esta visão divisória, e afirmou que “os povos são muito mais próximos do que imaginam”.

Para Coelho, que é Conselheiro Especial para Diálogos Interculturais e Convergências Espirituais da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e membro da “Rede de Líderes” da ONU, os esforços deveriam ser voltados para aquilo que une os povos, e não para o que os separa, e ressaltou a importância de tentar resolver conflitos e desentendimentos.

O autor falou também sobre a importância da Internet, que ele considera ser tanto “uma ponte como um campo minado”. Ele falou sobre a facilidade de entrar em contato com pessoas de várias partes do mundo através das redes sociais e fez um alerta para que as possibilidades da Internet não sejam usadas para manipular ideias. “São as mesmas ferramentas, mas com diferentes possibilidades de direcionamento e uso.”