Países têm ‘obrigação moral’ em apoiar paz na Síria, defende chefe da ONU

Moradores deslocados internamente pela violência e destruição começam a voltar para o que restou de suas casas, em Alepo. Foto: ACNUR/Hameed Marouf
Moradores deslocados internamente pela violência e destruição começam a voltar para o que restou de suas casas, em Alepo. Foto: ACNUR/Hameed Marouf

Em pronunciamento na sexta-feira (15), data em que a guerra na Síria completou oito anos, o chefe da ONU, António Guterres, afirmou que governos de todo o mundo têm a “obrigação moral” em ajudar os sírios a buscar a paz. O dirigente máximo das Nações Unidas ressaltou que 11,7 milhões de pessoas no país precisam de proteção e assistência humanitária.

“Centenas de milhares foram mortos, muitos mais mutilados física e psicologicamente, milhões permanecem deslocados, dezenas de milhares estão detidos e desaparecidos, centenas de milhares morreram e os sírios no nordeste e no noroeste continuam sob medo constante de que mais uma catástrofe humanitária se desdobre”, disse o chefe da ONU em comunicado para lembrar os oito anos de conflito.

“É uma obrigação moral e um imperativo político para a comunidade internacional apoiar os sírios a se unir em torno de uma visão para o seu futuro comum, (uma visão) que proteja os civis, alivie o sofrimento, previna novas instabilidades, enfrente as raízes de conflito e construa, de modo duradouro, uma solução negociada credível”, apontou o secretário-geral.

Guterres pediu que as partes em confronto respeitem o acordo de cessar-fogo em Idlib, onde recentes embates foram registrados. A província é a última controlada por rebeldes.

“Estou extremamente preocupado com o aumento das operações militares relatado nas últimas semanas. Operações de contraterrorismo não podem eximir (atores) das responsabilidades de proteger civis. Um cessar-fogo em Idlib é um passo necessário para traçar o caminho rumo a um cessar-fogo nacional”, enfatizou o secretário-geral.

O chefe da ONU disse ainda que “o direito humanitário internacional precisa ser plenamente respeitado e os direitos humanos, respeitados” em qualquer parte da Síria onde ainda houver conflito.

“Civis inocentes, a maioria deles mulheres e crianças, pagaram o preço mais alto nesse conflito por causa da flagrante desconsideração do direito internacional humanitário e de direitos humanos”, acrescentou o dirigente.

Guterres frisou que o acesso duradouro a populações em necessidade por organizações humanitárias permanece uma questão crítica.

“Um apoio internacional fortalecido é urgentemente necessário se as partes do conflito quiserem seriamente ir adiante, rumo a uma solução política que satisfaça as aspirações legítimas de todos os sírios”, completou o secretário-geral.