Programa nuclear iraniano é um “caso especial”, segundo chefe de Agência da ONU

Diretor Geral do AIEA discursa em VienaO chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse segunda-feira (07) que as dimensões do potencial militar do programa nuclear iraniano tornam o país um “caso especial” para a agência. Ele encorajou o país a tomar medidas para garantir que sejam plenamente aplicadas as obrigações internacionais do país.

O Diretor Geral da Agência, Yukiya Amano, disse ao corpo do Conselho de Governantes da AIEA,em Viena, que “o Acordo de Salvaguardas do Irã exige que a Agência tente verificar tanto o não-desvio de material nuclear das atividades declaradas quanto a ausência de material e atividades nucleares não declarados”.

O programa nuclear iraniano – que seus representantes tem declarado ser para fins pacíficos, mas outros países afirmam ser impulsionado por ambições militares – tem sido uma questão de interesse internacional desde a descoberta, em 2003, de que o país tinha escondido suas atividades nucleares por 18 anos, em violação às suas obrigações com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Amano disse que a “cooperação necessária” por parte do Irã incluiria a implementação de resoluções, tanto do Conselho de Governantes da AIEA quanto do Conselho de Segurança, como também a inserção do Protocolo Adicional, um conjunto de garantias destinadas a reforçar a capacidade da Agência de assegurar que um Estado não tenha material nuclear não-declarado.

Sob um acordo mediado no mês passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e pelo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, o Irã enviaria seu urânio pouco enriquecido para fora do país em troca de urânio altamente enriquecido para a pesquisa nuclear civil na capital iraniana. Essa iniciativa segue um projeto de fornecimento de combustível para o Irã, aprovado pela França, Rússia e pelos Estados Unidos, mas que não fora aceito pelo Irã. O urânio pouco refinado pode ser usado para reatores de energia civis, mas quando purificado a um grau bem mais elevado também pode ser usado para fazer armas nucleares.

No final do mês passado, o Secretário-Geral Ban Ki-moon pediu ao Irã para acabar com o enriquecimento contínuo do metal radioativo, estabelecendo sua pureza em 20%, de modo a reforçar a confiança mútua em relação ao programa nuclear do país. Mesmo depois de concordar com o pacto entre Brasil e Turquia, o Irã prometeu continuar este processo de enriquecimento, conforme observou Ban.

Em seu discurso ao Conselho de Governantes, Amano também relatou que a Síria não coopera com a AIEA desde junho de 2008. O Diretor Geral observou também que a Conferência Geral da AIEA aprovou uma resolução no ano passado, na qual se manifestava preocupação acerca da capacidade nuclear de Israel, chamando o país a aderir ao TNP. Ele disse que está aguardando a entrada dos Estados-Membros na busca dos objetivos da resolução.