ACNUR busca soluções duradouras para 1,5 milhão de deslocados no Haiti

Mesmo contando com uma equipe pequena no Haiti, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) conseguiu realizar um importante trabalho de apoio aos milhares de deslocados desde o terremoto que devastou o país em janeiro de 2010. A análise é do porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, em uma conferência de imprensa em Genebra nesta segunda-feira (12).

A agência da ONU informou também que trabalhou em estreita colaboração com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), com o governo local e com outros parceiros. “Desde o terremoto de 12 de janeiro, nosso trabalho inicial de socorro de emergência e de abrigo tem ajudado pessoas que ficaram feridas e que foram levadas para a República Dominicana. Estamos trabalhando para o futuro da enorme quantidade de pessoas deslocadas no entorno e dentro de Porto Príncipe”, declarou Edwards.

Segundo o funcionário da ONU, as lacunas e os desafios permanecem enormes. “No auge do deslocamento, cerca de 2,3 milhões de pessoas viviam fora de suas antigas casas. Hoje, 1,5 milhão de pessoas permanecem em acampamentos espontâneos. A assistência não atingiu adequadamente os que foram acolhidos por famílias. Soluções duradouras para os deslocados ainda não estão à vista”.

Uma mulher segura seu bebê de dois dias de idade, nascido em um acampamento em Croix des Bouquets, no Haiti, em abril deste ano. Aproximadamente 4 mil haitianos deslocados, ou 194 famílias, foram reassentados no local. Foto: Sophia Paris/ONU.

ACNUR e ACNUDH estão trabalhando em parceria para coordenar, juntamente com parceiros nacionais e internacionais, respostas aos muitos desafios de proteção que enfrentam as pessoas deslocadas. Edwards declarou que a segurança ainda é insuficiente, as condições são por vezes miseráveis e, na ausência de soluções duradouras, muitas pessoas estão vivendo em terras privadas e sofrem grande pressão de seus proprietários para sair. Entre aqueles, os mais pobres costumavam ser os inquilinos dos donos das terras antes do terremoto e, agora, simplesmente não têm para onde voltar.

O ACNUR, em apoio ao grupo de proteção liderado pelo ACNUDH, continua a implementar Projetos de Rápido Impacto ao longo da fronteira com a República Dominicana, bem como em áreas remotas fora de Porto Príncipe. O objetivo é reforçar a proteção a populações deslocadas extremamente vulneráveis e suas comunidades de acolhimento. “Nós fornecemos assistência de emergência a mais de 200 mil beneficiários, dentro e fora de Porto Príncipe”, apontou o porta-voz da agência.