Chefe humanitária das Nações Unidas ressaltou que conflito no Sudão do Sul agravou ainda mais a crise na região, o que pode levar milhares de pessoas a passar fome se medidas urgentes não forem aplicadas já.
Lançando um alerta ao Conselho de Segurança da ONU, a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários e coordenadora de Ajuda Humanitária, Valerie Amos chamou atenção nesta quinta-feira (17) sobre a situação humanitária no Sudão e Sudão do Sul.
Amos, que também é chefe do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), advertiu que com a violência nestes países está se deteriorando cada vez mais, um número crescente de refugiados buscam alternativas além das fronteiras e os bombardeios poderão afetar as colheitas deste ano e gerar insegurança alimentar.
A representante também alertou que o conflito no Sudão do Sul bloqueou várias áreas de refúgio tradicionais que existiam na fronteira entre os dois países e interrompeu o movimento de mercadorias e serviços para Kordofan do Sul e Nilo Azul, no Sudão, afetando 200 mil sudaneses refugiados e outros 83 mil sul-sudaneses.
“Dada a situação dramática no Kordofan do Sul, Nilo Azul e Darfur e o desastre humanitário que está acontecendo no Sudão do Sul, é evidente que uma ação urgente é necessária, já”, disse Amos.
“Eu avisei o Conselho de Segurança da ONU que se não tomarmos medidas urgentes agora, vamos ter uma grande crise humanitária no Sudão do Sul, no que diz respeito à insegurança alimentar e à possibilidade de fome.”
Amos ressaltou que a avaliação sobre a segurança alimentar realizada em maio e junho deste ano já tinha indicado uma crise alimentar aguda e de subsistência, além de indicar uma situação de emergência em 10 áreas no Sudão do Sul.
“Já disseram que a rede de sistemas de alerta precoce sobre a fome previu que os níveis de emergência da insegurança alimentar no país tendem a persistir, principalmente entre as pessoas deslocadas e comunidades de acolhimento”, disse Amos.
A representante da ONU também expressou profunda preocupação com a intensificação dos bombardeios durante a época de plantio que ocorre em maio, junho e julho, alertando às partes envolvidas que, se a violência não parar, os países passarão por um impacto desastroso em relação à capacidade das famílias para produzir alimentos e sobreviverem.
Enquanto isso, os trabalhadores humanitários continuam a apelar a todas as partes para permitirem o fornecimento de assistência básica às pessoas que tanto necessitam.