ONU: Você pode dedicar 67 minutos do seu tempo para fazer o bem no Dia de Nelson Mandela?

Na ocasião do dia em memória às contribuições do líder sul-africano à democracia, justiça e reconciliação, voluntários no mundo todo celebram essa data fazendo gestos em favor da humanidade.

Nelson Mandela, então vice-presidente do Congresso Nacional Africano da África do Sul, durante discurso na Comissão Especial contra o Apartheid, na Assembleia Geral das Nações Unidas em 22 de junho de 1990, em Nova York. Crédito da foto: ONU/Pernaca Sudhakaran. Arte: ONU Brasil
Nelson Mandela, então vice-presidente do Congresso Nacional Africano da África do Sul, durante discurso na Comissão Especial contra o Apartheid, na Assembleia Geral das Nações Unidas em 22 de junho de 1990, em Nova York. Crédito da foto: ONU/Pernaca Sudhakaran. Arte: ONU Brasil

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estará entre os cidadãos de todo o mundo que dedicarão voluntariamente 67 minutos do seu tempo nesta sexta-feira (18) ao Dia de Nelson Mandela. Cada minuto será dedicado a um ano de serviço público do líder sul-africano, que dedicou grande parte da sua vida para contribuir para a democracia, justiça e reconciliação.

Designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o Dia Internacional Nelson Mandela, voluntários em todas as partes do mundo celebram essa data desde 2010 fazendo pequenos gestos a favor da humanidade. Com o slogan “Mobilize-se, inspire mudanças”, este ano será a primeira comemoração depois do falecimento de Mandela, em dezembro de 2013, aos 95 anos de idade.

Em Nova York este ano, o secretário-geral, junto com os seus funcionários, diplomatas, um dos netos de Mandela, Kweku, e a organização ‘MillionTreesNYC’, se unirão aos voluntários que doarão o seu tempo para limpar as ervas daninhas, colocar adubo e regar os canteiros para cuidar das árvores recentemente plantadas nas ruas de Midtown Manhattan e East Harlem.

Na sua mensagem desse ano, o secretário-geral lembrou que o apartheid chegou ao seu fim graças às ações de Nelson Madela, incontáveis indivíduos e as Nações Unidas. No entanto, frisou que o planeta e seus cidadãos ainda enfrentam ameças terríveis, como a pobreza, a discriminação, as alterações climáticas e os conflitos, entre outros.

“O Dia de Nelson Mandela é uma chamada à ação. Cada um de nós pode comemorar este dia, ajudando a resolver os problemas reais em nossas comunidades. Juntos, podemos dar um grande significado para essa celebração, abrindo caminho para um futuro melhor”, disse Ban.

O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) traduziu e legendou uma reportagem especial sobre a vida de Mandela, confira aqui.

A página no Facebook da ONU Brasil (Facebook.com/ONUBrasil) está divulgando mensagens das agências das Nações Unidas no país para a data.

Mobilização global

Em outros anos, voluntários ajudaram a construir residências destruídas pelo furacão Sandy em Nova York; ofereceram material escolar para crianças; prepararam comida para idosos: ajudaram em orfanatos; limparam parques e organizaram workshops sobre informática.

As sugestões para esse ano são variadas: desde conhecer alguém de outra cultura até tomar iniciativas para combater a intolerância e a xenofobia: ler para alguém que não saiba; ajudar num abrigo de animais; conversar com alguém que tenha uma doença terminal para trazer alegria para a sua vida; levar alguém que não possa pagar para fazer um exame de vista ou ao dentista: doar uma cadeira de rodas ou um cão-guia para alguém que precise; entre outras ideias que possa ajudar o próximo.

A campanha também acontece nas redes sociais. Usando a hashtag #67minutes, as pessoas poderão ver as ações planejadas, como as da organização “Habitat for Humanity”, que mobilizará voluntários na África do Sul e em todo o mundo para reparar residências.

‘Deixe florescer o que há de melhor em você’

“Às vezes, ser grande é o destino de uma geração. Você pode ser essa geração. Deixe florescer o que há de melhor em você”, costumava refletir Nelson Mandela, que também era embaixador da Boa Vontade da UNESCO.

Suas palavras adquirem um significado especial neste 18 de julho, afirma a agência da ONU. A melhor maneira de prestar homenagem à sua memória é ser “essa grande geração” e assegurarmos que seus valores sejam refletidos nas sociedades de hoje, acrescenta a UNESCO.

Para a organização, a vida de Mandela é um exemplo para todos. Sua vitória sobre o apartheid mudou a história e já faz parte do Patrimônio da Humanidade. Preso por seu ativismo contra a discriminação racial em 1962, Mandela foi condenado à prisão perpétua no chamado Julgamento de Rivonia.

“Isso marcou um ponto de mudança na luta pela liberdade e contra o sistema do apartheid na África do Sul, e foi um momento decisivo na luta mundial pelos direitos humanos e a dignidade”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.

Os documentos do processo e a coleção de arquivos sobre a luta pela liberdade estão incluídos no Registro da Memória do Mundo da UNESCO, dedicado ao Patrimônio Documental da Humanidade.

Mandela passou 27 anos na Ilha de Robben, a pior penitenciária do sistema penal sul-africano para presos políticos. Hoje, essa prisão é um sítio do Patrimônio Mundial da UNESCO – e simboliza o triunfo da liberdade e da democracia sobre a opressão e o racismo.

Durante os “dez mil dias” em que ficou preso, Mandela passou muito tempo lendo o Correio da UNESCO, uma das poucas publicações a que tinha acesso e que o fez descobrir muitos temas que simplesmente não existiam no vocabulário do apartheid: diversidade cultural e o patrimônio comum da humanidade, história da África e educação para o desenvolvimento sustentável.

Em 1991, Mandela e o presidente sul-africano, F. W. de Klerk, que ordenou sua libertação, receberam o Prêmio UNESCO de Fomento da Paz Félix Houphouët-Boigny.

“Nós desejamos associar o nosso movimento, assim como nós mesmos, a essa grande visão de liberdade, pois estamos convencidos de que não é a sabedoria dos dirigentes, mas sim o compromisso político de um povo que torna os governos responsáveis”, afirmou Mandela em seu discurso de aceitação do prêmio.

Quarenta anos depois de sua retirada da UNESCO, a África do Sul, sob a liderança de Mandela, reingressou na Organização em 1994.

Todas as ações de Mandela incorporam a ideia de paz que orienta a UNESCO. Em 1970, a UNESCO foi a primeira organização do Sistema das Nações Unidas a estabelecer contatos com os movimentos de libertação reconhecidos pela Organização da Unidade Africana (OUA). A UNESCO apoiou esses movimentos, por meio da formação de professores e aportes de equipamentos para escolas e campos de refugiados.

À época, como agora, a agência da ONU se manteve firme em sua crença de que a educação é portadora da esperança e da mudança.

Em sua mensagem endereçada à Conferência Internacional da UNESCO sobre as Necessidades Educacionais das Vítimas do Apartheid na África do Sul, Mandela enfatizou a necessidade de se solucionar a crise da educação do apartheid, como uma maneira de se criar “uma base sólida para a democracia sul-africana, não racista, que deve emergir das cinzas do desacreditado sistema do apartheid”.

“A todo momento, a UNESCO busca fazer frente à injustiça com o conhecimento, promover a verdade histórica por meio de publicações científicas e declarações contra o sistema do apartheid”, recordou a diretora-geral em 2013, na inauguração de uma exposição sobre o 50º aniversário do Julgamento de Rivonia.

“Hoje em dia, nós fazemos o mesmo, porque entendemos que o que ocorreu no passado proporciona a força para moldar o futuro, com base no respeito aos direitos humanos e à dignidade humana. Essa é a importância do nosso projeto para o uso pedagógico da História Geral da África nas escolas africanas”, explicou Bokova.

“A jornada heroica de Mandela é um capítulo essencial da história do século XX. É nosso dever prosseguir em sua tarefa e construir esse mundo melhor que, como ele nos mostrou por meio de seus ensinamentos, está ao nosso alcance”, afirmou a agência.

Com esse espírito, no próximo dia 31 de outubro, a UNESCO lançará as celebrações do 70º aniversário da Organização, que se estenderão durante todo o ano de 2015, com um grande evento dedicado a Nelson Mandela.

“Sua vida, dedicada ao progresso da paz com base no respeito, na compreensão mútua e na tolerância, é um reflexo fiel do mandato da UNESCO”, acrescenta a organização.

Leia aqui a mensagem da diretora-geral da UNESCO e aqui a mensagem do secretário-geral da ONU por ocasião do Dia Internacional Nelson Mandela.

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