Após acidente em Lampedusa, OIT pede revisão das políticas migratórias

Guarda-costeira italiana resgata sobreviventes do acidente em Lampedusa. Foto: AMSA/ACNUDH

O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, pediu que as políticas de fronteira e de migração laboral sejam revistas. O pedido foi feito após o naufrágio de um barco com cerca de 500 migrantes perto da ilha italiana de Lampedusa matar mais de 200 pessoas.

“A tragédia em Lampedusa é um lembrete de que a comunidade internacional deve agir urgentemente em conjunto para fazer com que os direitos humanos sejam respeitados e a migração se torne segura”, disse Ryder no sábado (5).

A busca por uma vida melhor e mais segura e empregos decentes está tomando “proporções mais desesperadoras”, observou o chefe da OIT, apelando para a criação de novos canais de migração mais regulares em colaboração com Ministérios do Trabalho, empregadores e organizações de trabalhadores, o que exigiria uma mudança política profunda em muitos países.

O barco que naufragou partiu da Líbia e pegou fogo perto da costa de Lampedusa. Segundo a agência da ONU para os refugiados (ACNUR), a maioria dos migrantes vinha da Eritréia.

Na sexta-feira (4), o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) pediu para que as autoridades italianas e da comunidade internacional, especialmente da União Europeia, fortaleçam esforços para evitar a repetição desta tragédia.

Estados devem priorizar direitos humanos dos migrantes, reforçam relatores especiais da ONU

Guarda-costeira italiana ajuda migrantes em bote perto de Lampedusa. Foto: ACNUR /A.Di Loreto

Relatores independentes da ONU reiteraram nesta segunda-feira (7) o pedido para que a comunidade internacional adote urgentemente uma nova abordagem para respeitar os direitos humanos dos migrantes.

O relator especial das Nações Unidas sobre os direitos humanos dos migrantes, François Crepeau, alertou que, se os países continuarem criminalizando a migração irregular sem adotar novos canais legais que possibilitem formas seguras de asilo, “o número de migrantes que arriscam suas vidas em embarcações superlotadas e incapazes de navegar sobre rotas marítimas perigosas só vai aumentar”.

O especialista independente da ONU para a Somália, Shamsul Bari, ressaltou o desespero das pessoas que sofrem com a insegurança e a falta de direitos econômicos, sociais e culturais básicos. Ele pediu que as autoridades somalis resolvam as causas do contrabando e tráfico de pessoas em colaboração com a comunidade internacional e a ONU.

Na vizinha Eritreia , a situação “alarmante” dos direitos humanos está provocando um fluxo constante de refugiados para os países vizinhos, afirmou a relatora especial da ONU para a Eritreia, Sheila B. Keetharuth. Ela frisou que há um grande número de crianças não acompanhadas que estão entre os refugiados, algumas têm apenas sete ou oito anos de idade. Keetharuth também pediu que o governo do país tome providências sobre o fato.