CEPAL, FAO e IICA analisam volatilidade dos preços dos alimentos na América Latina e no Caribe

CEPAL, FAO e IICA analisam volatilidade dos preços dos alimentos na América Latina e no CaribeA volatilidade dos preços dos alimentos tem aumentado nos últimos meses e permanecerá alta no futuro próximo, afirmam a CEPAL, a FAO e o IICA em um boletim conjunto lançado nesta quarta (02/02).

O documento intitulado “Volatilidade de preços nos mercados agrícolas (2000-2010): implicações para a América Latina e opções de políticas” detalha as características do cenário atual: mudanças frequentes, imprevisíveis e intensas nos preços das matérias-primas agrícolas, que geram diversos impactos nos países, os quais variam segundo as condições nacionais.

Para os países especializados na exportação de matérias-primas alimentares, por exemplo, uma elevação nos preços representa importantes oportunidades para melhorar seus termos de intercâmbio, enquanto que para outros pode representar un risco para sua segurança alimentar, especialmente para os importadores líquidos de alimentos.

“A grande flutuação de preços chegou para ficar, devido a isso a região deve se preparar. O trabalho que apresentamos hoje pode ajudar os países na implementação e na combinação dos melhores instrumentos de política levando em consideração as realidades nacionais”, disse a Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena.

Desde o segundo semestre de 2010 e durante os primeiros meses de 2011, os preços internacionais dos alimentos voltaram a experimentar um crescimento, superando inclusive os níveis alcançados durante a crise de 2008.

“A persistência da volatilidade nos preços dos alimentos seguirá representando uma grande fonte de incerteza para os produtores agrícolas, sendo assim é necessário criar ferramentas que possam regulá-la e assim fomentar o desenvolvimento agrícola na região”, afirmou o Oficial encarregado do Escritório Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Alan Bojanic.

Por sua parte, o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Víctor Villalobos, disse que “a instabilidade é uma constante do cenário global e diante disto é importante gerar informação que permita a nossos países anteciparem-se e tomarem as decisões apropriadas; é isso que os três organismos estão fazendo conjuntamente.. Diante da situação atual é crucial inovar e investir mais em agricultura.”

Entre as possíveis consequências da volatilidade dos preços destacam-se as perdas na eficiência econômica, na redução da segurança alimentar e o aumento da desnutrição, assim como os efeitos negativos sobre a balança comercial, afirmam no documento a CEPAL, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e o IICA.

A instabilidade, também provoca riscos elevados para os produtores, especialmente para os pequenos agricultores, pois aumenta a incerteza sobre a receita esperada.

Tampouco cabe descartar a possibilidade de que os fenômenos de volatilidade provoquem mobilizações sociais de descontentamento, como ocorreu durante a crise alimentar de 2007-2008.

Ainda que o boletim advirta que não existem receitas universais para fazer frente a este cenário, destacam-se os beneficios de aumentar a produção de alimentos nos países, principalmente apoiando os pequenos produtores.

Segundo as três agências, estes têm um grande potencial para incrementar sua produção de alimentos, podendo contribuir para melhorar a segurança alimentar não somente a nível de domicílios, mas também em âmbitos locais e inclusive nacionais.

Em suas respostas à alta volatilidade, os países da região deram relativamente mais importância à inflação e ao consumidor, do que ao produtor e à estrutura produtiva agrícola, afirma o boletim.

Igualmente, as medidas adotadas, em termos gerais, centraram-se principalmente no curto prazo, visto que a busca de soluções para os problemas estruturais poderia reduzir significativamente a vulnerabilidade dos países.

O documento destaca também o papel que podem desempenhar os programas de transferências condicionadas em dar apoio às populações mais vulneráveis, os quais inclusive podem ser um fator detonador da atividade produtiva nas zonas de extrema pobreza.

CEPAL, FAO e IICA consideram que é fundamental investir no desenvolvimento institucional do setor agrícola, e alocar maiores recursos para o setor agropecuário. A longo prazo é vital desenvolver mercados nacionais e regionais, reduzindo os custos de transação para pequenos produtores e criando canais eficientes de comercialização de alimentos frescos, que tenham conexão de forma mais direta da produção com a demanda local.

O boletim divulgado hoje é o pimeiro de uma série relacionada com a publicação “Perspectivas da Agricultura e o Desenvolvimento Rural na América Latina e no Caribe”,um trabalho que as três agências desenvolvem desde 2009, graças à implementação de um comitê tripartite, idealizado por José Graziano da Silva, ex-Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe.

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