Escassez de financiamento na Síria pode causar desastre humanitário, alerta ONU

Foto: Uma fila de refugiadas sírias, algumas carregando crianças, cruzam para a Jordânia vindo do sul da Síria. Foto: ACNUR / N. Daoud
Uma fila de refugiadas sírias, algumas carregando crianças, segue para a Jordânia vindo do sul da Síria. Foto: ACNUR/N.Daoud

O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, alertou nesta terça-feira (19) que o agravamento da crise humanitária na Síria pode sobrecarregar a capacidade da comunidade internacional de responder ao problema, e que algumas agências de ajuda poderiam ficar sem dinheiro para atividades de socorro já no final deste mês.

“O que está acontecendo na Síria hoje corre o risco de se transformar muito rapidamente em um desastre que poderia sobrecarregar a capacidade de resposta internacional – política, de segurança e humanitária”, disse Guterres para senadores em Washington, capital dos Estados Unidos.

A alarmante crise humanitária no país não está sendo atendida com os recursos adequados. Os dois apelos da ONU – o Plano de Resposta de Assistência Humanitária para a Síria (SHARP) e o Plano Regional de Resposta para os Refugiados sírios (RRP) – obtiveram apenas cerca de 20% de seus financiamentos totais necessários, de acordo com o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Para o plano de refugiados ainda há uma lacuna de financiamento de 843 milhões de dólares até junho de 2013, enquanto que as iniciativas de assistência humanitária do SHARP estão 411 milhões de dólares subfinanciadas. O OCHA está pedindo aos doadores que generosamente e com urgência contribuam com os 1,5 bilhão de dólares prometidos na Conferência Internacional de Doadores Humanitários para a Síria, realizada no dia 30 de janeiro na Cidade do Kuwait, capital do Kuwait.

Maioria dos refugiados sírios são mulheres e crianças

Na semana passada, Guterres visitou a Turquia, Jordânia e Líbano, onde se encontrou com refugiados sírios, funcionários do governo e comunidades acolhedoras. “Os números de refugiados são surpreendentes, mas eles não podem transmitir toda a extensão da tragédia”, disse o Alto Comissário, observando que três quartos dos 1,1 milhão de refugiados sírios são mulheres e crianças.

Segundo o Coordenador Regional Humanitário para a Síria, Radhouane Nouicer, os civis sírios são cada vez mais prejudicados pelo conflito em seu país, que entra em seu terceiro ano e já matou mais de 70 mil pessoas, deslocando internamente cerca de 3,6 milhões. Os confrontos se iniciaram em março de 2011 em razão dos levantes contra o Presidente Bashar al-Assad.

“Civis perderam os seus meios de subsistência e empregos, suas casas, seu acesso a alimentos, combustível, água e cuidados de saúde e estão vendo o futuro de seus filhos sendo colocado em risco”, disse Nouicer nesta segunda-feira (18) a jornalistas em Damasco, capital da Síria.