Mulheres representam 20% da mão de obra do setor agrícola na América Latina e Caribe. Foto: Banco Mundial/Romel Simon

Especialistas defendem inclusão financeira para maior autonomia das mulheres latino-americanas

Mulheres representam 20% da mão de obra do setor agrícola na América Latina e Caribe. Foto: Banco Mundial/Romel Simon
Mulheres representam 20% da mão de obra do setor agrícola na América Latina e Caribe. Foto: Banco Mundial/Romel Simon

A inclusão financeira e a igualdade de gênero são ferramentas fundamentais para alcançar a autonomia econômica das mulheres e avançar para o desenvolvimento sustentável, afirmaram na segunda-feira (10) autoridades e especialistas reunidos na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, no Chile, para apresentação do relatório “Gênero no Sistema Financeiro”.

O documento, elaborado pela Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras do Chile com o apoio da CEPAL, analisa as desigualdades de gênero no acesso e uso de produtos e serviços financeiros mediante dados desagregados por sexo no tema de poupança, crédito e administração de dinheiro em espécie no país.

A apresentação foi liderada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, que foi recebida pelo secretário-executivo adjunto para administração e análise de programas da CEPAL, Raúl García-Buchaca.

O evento contou com a participação de Claudia Pascual, ministra da Mulher e da Equidade de Gênero do Chile; Eric Parrado, superintendente de bancos e instituições financeiras; María Nieves Rico, diretora da divisão de assuntos de gênero da CEPAL; e Daniel Titelman, diretor da divisão de desenvolvimento econômico do mesmo organismo.

“A igualdade de gênero não é apenas um imperativo de justiça e de ética, é também uma condição-chave para avançar para um desenvolvimento sustentável, equilibrado e equitativo, para ampliar as bases de nosso crescimento e apostar em uma comunidade inteira”, afirmou a presidente Bachelet durante o encontro.

A presidente destacou que a luta pela igualdade de gênero deve se dar em todos os âmbitos, já que se trata de um assunto transversal que cruza toda a sociedade. “A igualdade na participação econômica é fundamental se quisermos continuar avançando como país e conseguir o desenvolvimento econômico e social”, completou.

Raúl García-Buchaca afirmou que a região teve avanços rumo à erradicação da discriminação e da desigualdade de gênero, mas advertiu que a atual situação marcada por um cenário econômico, político, social e ambiental incerto e menos favorável aumenta os riscos de um retrocesso nas políticas públicas a favor da igualdade.

“A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada pelos Estados-membros das Nações Unidas em 2015, reconhece que a incorporação sistemática de uma perspectiva de gênero é crucial para o cumprimento de seus 17 objetivos”, disse o oficial da CEPAL.

Segundo dados da CEPAL, uma em cada três mulheres na América Latina e no Caribe não tem renda própria, enquanto uma em cada quatro possui renda inferior a um salário mínimo. Além disso, oito em cada dez estão empregadas majoritariamente em setores de baixa produtividade e, apesar de seus níveis de escolaridade mais elevados, continua persistindo uma desigualdade salarial importante, e as mulheres estão sobre-representadas nos lares em situação de pobreza.