Nomes de bebês sul-sudaneses lembram drama do refúgio

Athieng aparece em uma tenda no centro de trânsito de Dzaipi com seu bebê Nyarang, que nasceu debaixo de uma árvore durante sua fuga de Bor para Uganda. Foto: ACNUR/F.Noy
Athieng aparece em uma tenda no centro de trânsito de Dzaipi com seu bebê Nyarang, que nasceu debaixo de uma árvore durante sua fuga de Bor para Uganda. Foto: ACNUR/F.Noy

A pequena Nyaring Panchol, com pouco mais de um mês, nasceu debaixo de uma árvore durante a fuga de sua mãe do conflito no Sudão do Sul. Ela é uma das dezenas de bebês com esse nome no centro de trânsito de Dzaipi, no norte de Uganda. O significado de Nyaring, na língua Dinka, é “corrida” ou “fuga”.

Os nomes dos bebês estão, assim, refletindo a realidade em que nascem e os dramas que vivem as mães. Athieng Agok, de 19 anos, é a mãe de Nyaring e estava no final da gravidez quando homens armados começaram a atirar e queimar casas em sua cidade perto de Bor, no estado de Jonglei, em 18 de dezembro passado, três dias após o jovem país entrar em uma onda de violência.

A bebê acabou por nasceu durante a noite no meio do mato mas Athieng teve de continuar a sua fuga: primeiro em um caminhão da ONU para a capital, Juba, e depois de carro até a fronteira com Uganda.

“Eu não estava me sentindo bem, tive tosse e diarreia. Mas não havia tempo para esperar”, lembra a jovem mãe. “Eles estavam matando as pessoas”, completou.

Por coincidência do destino, Athieng nasceu nas mesmas circunstâncias. Agora, vivem as duas mais Angelina, avó de Nyaring, numa pequena tenda.

“Nós ainda sonhamos que estamos fugindo. Sentimos que ainda estamos no meio do mato”, diz Angelina, que não acredita estar tendo uma segunda chance para voltar para casa. “Vou ficar aqui, pois a guerra vai durar para sempre”, diz.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está construindo mais tendas familiares diariamente e priorizando as crianças desacompanhadas, idosos, doentes, deficientes e novas mães, mas ainda não há abrigo suficiente para todos.