Número de deslocados pelo conflito no Mali é quase 60% maior do que se pensava

Uma malinesa refugiada em Mangaize, norte do Níger. Foto: ACNUR / H. CauxNovos dados sobre o número de malianos que deixaram ou foram expulsos de suas casas em meio a conflitos e outras ameaças mostram que o total é de quase 60% maior do que se pensava, afirmou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) na última sexta-feira (2).

De acordo com os novos dados, da Comissão sobre o Movimento da População no Mali, 203.845 pessoas foram deslocadas internamente no país da África Ocidental — a contagem anterior era de 118.795.

Os novos números refletem, em parte, o melhor acesso a áreas no norte do país, mas também foram possíveis graças ao trabalho feito Organização Internacional para as Migrações, uma organização intergovernamental com sede em Genebra que fez uma contagem precisa dos deslocados vivendo na capital, Bamako. O número estimado de pessoas deslocadas na cidade saltou de 12 mil em julho para 46 mil em setembro.

O porta-voz do ACNUR, Adrian Edward, ressaltou no entanto que um “novo deslocamento real” também existe e aproveitou a oportunidade para destacar a falta de financiamento para ajudar as vítimas do conflito no Mali, assim como refugiados em países vizinhos.

“Até o momento, recebemos 41,7 % dos 153,7 milhões de dólares necessários para ajudar os refugiados e deslocados do Mali”, disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards.

Atualmente liderado pelo presidente interino Dioncounda Traoré, o Mali tem sofrido com uma gama de problemas políticos, de segurança e humanitários desde o início do ano. Os combates entre as forças governamentais e os rebeldes tuaregues eclodiu no norte do país, em janeiro. Desde então, os radicais islâmicos tomaram o controle do norte, onde impuseram uma versão extremista da lei muçulmana Sharia, que tem as mulheres como alvo em particular.