ONU elogia resposta à pandemia no sudeste da Ásia, mas alerta para desigualdades

Um relatório das Nações Unidas lançado nessa quinta-feira (30) elogiou a resposta à pandemia de COVID-19 no sudeste da Ásia.

A região, que assim como outras partes do mundo sofreu um importante impacto econômico e político decorrente da pandemia, respondeu bem aos desafios em parte por conta de uma ação rápida dos governos e da cooperação regional em vários setores.

Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, as medidas de contenção pouparam o sudeste da Ásia do grau de sofrimento e de perturbação visto em outros lugares.

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Ele lembrou, no entanto, que a crise atingiu de forma mais dura os mais vulneráveis: “A pandemia evidenciou profundas desigualdades, fraquezas da governança e a necessidade de um caminho de desenvolvimento sustentável. E revelou novos desafios, inclusive para a paz e a segurança”.

Durante a crise, as Nações Unidas têm apoiado os esforços de resposta e de recuperação. A organização forneceu materiais médicos, apoiou programas de proteção social, auxiliou os migrantes que retornam e combateu o aumento da violência contra as mulheres e as crianças.

O documento lançado hoje aponta para quatro áreas centrais nos planos de recuperação da região.

Primeiro: o combate às desigualdades de renda, de assistência médica e de proteção social, tanto com medidas de estímulo em curto prazo como com mudanças políticas em longo prazo.

Segundo, a ONU pede a redução da desigualdade digital, de modo a garantir que pessoas e comunidades não sejam esquecidas em um mundo cada vez mais conectado.

Terceiro, o impulso a uma economia mais verde, criando empregos do futuro e descarbonizando as economias ainda muito dependentes do carvão e de outras “indústrias do passado”, conforme classificou Guterres.

Quarto: a defesa dos direitos humanos, a proteção do espaço cívico e a promoção da transparência, que a ONU considera “intrínsecos a uma resposta eficaz”.

Além disse, António Guterres considerou a promoção da igualdade de gênero, o combate ao aumento da violência baseada no gênero e a inclusão das mulheres em todos os aspectos dos planos de recuperação econômica e de estímulo como fundamentais para estes esforços.

“Isso mitigará os impactos desproporcionais da pandemia sobre as mulheres, sendo também um dos caminhos mais seguros para uma recuperação sustentável, rápida e inclusiva para todos”, destacou o secretário-geral da ONU.

Ele lembrou ainda que a situação atual está levando à recessão e aumentando as tensões sociais. “O discurso do ódio já aumentou e os processos políticos pararam, deixando vários conflitos de longa data estagnados e se deteriorando.”

Ele lembrou que todos os governos da região apoiaram o apelo a um cessar-fogo global feito pelo secretário-geral em março, e que já conta com a adesão de mais de 170 países. “Conto com todos os países do Sudeste Asiático para traduzir esse compromisso em mudanças significativas no terreno”, acrescentou.

“A região tem muito trabalho a fazer, mas também dispõe de capacidades formidáveis. As Nações Unidas estão fortemente comprometidas com nossa parceria com os países do Sudeste Asiático, e continuaremos a apoiar os esforços para colocar a região no caminho certo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e construir um futuro pacífico para todos”, concluiu.