ONU: Produção de cannabis aumenta no Afeganistão, apesar de áreas de cultivo terem diminuído

Planta de cannabis. Foto: ONU/John Robaton

Enquanto a área total de terras afegãs utilizadas para o cultivo de cannabis caiu 17% em 2012, houve um aumento de 8% na produção em relação ao ano de 2011, de acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira (10) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em Cabul.

O relatório “Afeganistão: Pesquisa do Cultivo Comercial e Produção de Cannabis em 2012” observa que a principal razão para o aumento da produção foi o melhor rendimento da cannabis – localmente conhecida localmente como ‘garda’ – em comparação ao ano anterior.

Em 2012, a média nacional do rendimento da cannabis foi de 136 quilos por hectare, um aumento de 21% em relação a 2011, que teve um rendimento de 112 quilos por hectare. A pesquisa estimou que a maior parte do cultivo da planta concentra-se nas províncias do sul do Afeganistão, representando cerca de 54 % da produção.

O relatório conjunto – do UNODC e do Ministério de luta contra as drogas no Afeganistão – afirmou que outro motivo para a redução no cultivo foi “uma proibição rigorosamente aplicada pelas autoridades provinciais”, imposta porque os “campos de cannabis pareciam estar sendo utilizados por grupos insurgentes como esconderijos.”

O cultivo ilícito permanece lucrativo. O UNODC observou que em 2012 os agricultores poderiam alcançar uma renda bruta de 6.400 dólares por hectare de resina de cannabis, superando o rendimento bruto do ópio de 4.600 dólares por hectare.

“Isso indica que um fazendeiro decide fazer plantações lícitas ou ilícitas de uma forma holística, incluindo necessidades familiares, segurança alimentar, acesso aos mercados, acesso a uma renda não-agrícola. Um ‘agricultor de ópio’, ou um ‘agricultor de cannabis’ ou até mesmo um ‘agricultor de trigo’ simplesmente não existe”, disse o representante regional do UNODC, Jean-Luc Lemahieu, acrescentando que a agricultura deve ser vista como uma só, e medidas contra os cultivos ilícitos devem ser integradas na política agrícola.