Plan International Brasil e UNICEF iniciam parceria para empoderamento de meninas em São Paulo

A Plan International Brasil e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram uma iniciativa para contribuir com o empoderamento de meninas na cidade de São Paulo (SP).

Denominada Minhas Escolhas, a ação reunirá 80 meninas de 15 a 19 anos, moradoras de bairros periféricos da capital paulista, para aprimorar conhecimentos sobre seus direitos, discutir sobre gravidez na adolescência e prevenção da violência online.

A ideia é que essas adolescentes sejam líderes multiplicadoras que disseminem os conhecimentos adquiridos para pelo menos 800 adolescentes, entre meninas e meninos.

“Debater esses temas é fundamental para que meninas se empoderem e desfrutem plenamente de seus direitos, vivam bem e sejam respeitadas. Os conteúdos também serão compartilhados com o poder público, para que possam ser utilizados ou sirvam de inspiração para programas municipais pelos direitos das meninas e mulheres”, afirma Adriana Alvarenga, coordenadora do UNICEF em São Paulo.

São vários os desafios que afetam o desenvolvimento pleno das adolescentes nos centros urbanos. Um exemplo é a gravidez na adolescência. No Brasil, 53 a cada 1 mil meninas se tornam mães enquanto têm entre 15 e 19 anos.

A estatística, divulgada recentemente pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), coloca o país bem acima da média mundial, que é de 41 a cada 1 mil meninas.

Na cidade de São Paulo, a desigualdade dentro da cidade chama atenção: a chance de um bebê nascer de uma mãe adolescente é 47 vezes maior em Parelheiros do que em Moema, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de 2018.

“Falar de gravidez é pensar na vida de meninas e meninos, nas informações que recebem sobre seus corpos. É refletir que há palavras pouco faladas, proibidas. Sexualidade é uma delas. Adultos que tiveram desafios para viver sua sexualidade seguem com essa dificuldade. Quando isso não é elaborado, manifesta-se em tabu ao pensar a sexualidade dos jovens”, diz Viviana Santiago, gerente de Gênero e Incidência Política da Plan International Brasil.

Além disso, em 2018, quase 1.500 meninas foram vítimas de violência sexual na cidade de São Paulo – e isso leva em conta apenas os casos que foram denunciados. Mais de dois terços de todas as vítimas de casos registrados de violência sexual na cidade tinham até 18 anos, segundo dados da Secretária de Segurança Pública do estado.

Diante dos intensos desafios cotidianos, a iniciativa se propõe a sensibilizar as próprias adolescentes e jovens sobre seus direitos por meio de uma trilha formativa de empoderamento feminino.

Entre os temas que serão abordados, estão ser assertiva, ter consciência de gênero, ter autoconfiança corporal, estar informada sobre saúde sexual e reprodutiva, desfrutar de direitos sexuais e reprodutivos com responsabilidade, viver livre da violência baseada em gênero, ser economicamente empoderada, e dialogar sobre gênero com meninos.

Essa trilha formativa visa reforçar os conhecimentos e as habilidades que as meninas já têm e possibilitar novos aprendizados. Assim elas poderão multiplicar esses conhecimentos para outras meninas e meninos de seus territórios.

Minhas Escolhas

Considerando a desigualdade no acesso a informações, a iniciativa Minhas Escolhas vai priorizar a seleção de meninas que vivem em bairros periféricos.

As 80 selecionadas receberão três tipos de materiais: uma revista formativa sobre os temas abordados na iniciativa, um jogo de cartas que elas podem jogar sozinhas ou com outra pessoa e um brinde que vai ajudá-las a compartilhar os conhecimentos aprendidos nas redes sociais.

A partir de setembro, elas participarão de encontros online com as educadoras da iniciativa, terão a oportunidade de conhecer e interagir com as outras líderes multiplicadoras e planejar juntas processos que podem conduzir para o engajamento de outras jovens.

Os conteúdos da iniciativa também serão compartilhados com os parceiros governamentais do UNICEF e da Plan, para que possam ser usados para o aprimoramento de políticas públicas pelos direitos das meninas e mulheres.

A fase de inscrições para a iniciativa está aberta até 20 de agosto pelo link https://forms.gle/aWjiDsQheu26W3LD7.