Recém inaugurada rota humanitária leva ajuda a Líbia

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou hoje (19/4) que começou a enviar ajuda alimentar através de uma nova rota humanitária no oeste da Líbia para chegar a áreas fortemente atingidas pelos conflitos. “Garantir este corredor humanitário é um primeiro passo vital para alcançar milhares de pessoas afetadas pelo conflito, em particular mulheres, crianças e idosos, cujas fontes de alimentos estão se exaurindo de forma alarmantemente rápida,” disse a Diretora Executiva do PMA, Josette Sheeran.

Os alimentos serão entregues através de parceiros do PMA e do Crescente Vermelho da Líbia à população afetada pela crise. A agência continua enviando ajuda alimentar e outros suprimentos de emergência através de diferentes rotas humanitárias, por terra, partindo do Egito e da Tunísia, e pelo mar, para os principais portos ao longo da costa mediterrânica da Líbia.

Outras agências das Nações Unidas têm expandido seus esforços nos últimos dias para combater o que se tornou uma terrível situação humanitária no país africano.

Quase meio milhão de pessoas fugiram do país nas últimas semanas, enquanto outras 330 mil foram deslocadas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) relatou que cerca de dez mil líbios atravessaram a fronteira entre a Líbia e a região de Dehiba, no sul da Tunísia, apenas nos últimos dez dias. Enquanto isso, no leste da Líbia, um navio transportando centenas de passageiros viajaram de Misrata para Benghazi, no sábado. As autoridades locais em Benghazi registraram cerca de 35 mil pessoas deslocadas internamente (PDI), mas estimativas do ACNUR apontam que o número está mais próximo a 100 mil.

O porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, disse a repórteres em Genebra que o recente aumento do número de refugiados e outras pessoas deslocadas pelos combates está colocando uma pressão adicional sobre as agências humanitárias, que carecem de fundos. “Dada a natureza cada vez mais prolongada da agitação na Líbia, a menos que um financiamento seja concedido com urgência, uma série de programas de proteção e assistência terão de ser reduzidos ao longo das áreas de fronteira e dentro da Líbia,” alertou.

Um navio fretado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) transportando suprimentos para entre 15 e 25 mil pessoas tem chegada esperada para amanhã na cidade de Misrata. Os suprimentos incluem kits de primeiros socorros, água potável, tabletes de purificação de água, materiais de higiene e de recreação para crianças. A porta-voz da agência, Marixie Mercado, disse a jornalistas, em Genebra, que uma imagem mais clara dos efeitos da luta sobre as crianças está surgindo. “É muito pior do que temia o UNICEF e certamente piorará, a menos que haja um cessar-fogo,” disse.

A Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças em Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, disse hoje que a situação de meninos e meninas em Misrata é de especial preocupação, à medida em que muitas vítimas de bombardeios e minas terrestres são crianças. “Apesar do clamor da comunidade internacional, as crianças continuam a ser vítimas do conflito na Líbia,” disse em comunicado, no qual pediu a todos os lados para parar imediatamente de usar crianças como combatentes e para por fim à matança e à mutilação de meninas e meninos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o hospital de Misrata está sobrecarregado e enfrenta dificuldades na realização de cirurgias. As prioridades continuam a ser o acesso para a evacuação médica e assegurar a disponibilidade de medicamentos para doenças não-transmissíveis, dada a necessidade urgente de suprimentos médicos para tratar doenças vasculares, hipertensão, diabetes e câncer, segundo o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.