Repressão dos protestos na Síria pode gerar mais violência

Navi PillayA Alta Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, pediu à Síria que ouça as vozes de seu povo, advertindo que continuar reprimindo os protestos só vai gerar mais raiva e violência. Relatos apontam que cerca de 55 pessoas teriam sido mortas em conflitos na Síria durante a semana passada, incluindo duas crianças. Pillay pediu à Síria para “tirar lições dos acontecimentos recentes no Oriente Médio e no norte da África, que demonstram claramente que a violenta repressão de protestos pacíficos não só não resolve as insatisfações das pessoas nas ruas, como arrisca a criar uma espiral de ódio, violência, mortes e caos.”

Ela salientou que o uso da força pelas autoridades de outros países não conseguiu sufocar o descontentamento. De fato, ela acrescentou, o uso da força para reprimir os protestos inicialmente pacíficos na Tunísia, no Egito, na Líbia, no Iêmen e no Bahrein só contribuiu para uma rápida deterioração da situação, e gerou dezenas de mortes e feridos.

“Se os governos tivessem respondido com mais atenção, sem violência, às demandas do povo, muitas mortes, destruição, medo e incerteza enfrentados por pessoas comuns poderiam ter sido evitados,” disse a Alta Comissária. “O povo sírio não é diferente de outras populações da região. Querem usufruir dos direitos humanos fundamentais que lhes foram negados durante tanto tempo.”

Na quinta-feira, o Governo sírio anunciou um conjunto de reformas políticas e econômicas, incluindo a realização de consultas sobre o fim do estado de emergência em vigor no país desde 1963. No entanto, a violenta repressão dos protestos pelas forças de segurança continuou. A Alta Comissária destacou a necessidade de uma investigação independente, imparcial e transparente sobre os assassinatos que têm ocorrido recentemente, e pediu a libertação imediata de todos os manifestantes e defensores dos direitos humanos detidos. “Ações falam mais alto que palavras”, disse.