Seminário no Rio de Janeiro marca os dez anos da morte de Sergio Vieira de Mello

Autoridades brasileiras e das Nações Unidas se reuniram para prestar tributo e debater o legado do brasileiro para a ONU.

Evento reuniu mais de 300 pessoas no Rio de Janeiro. Foto: UNIC Rio/Thor Weglinski
Evento reuniu mais de 300 pessoas no Rio de Janeiro. Foto: UNIC Rio/Thor Weglinski

“Faz dez anos que tudo mudou nas Nações Unidas e em nossas vidas. A ONU perdeu a sua inocência. Sem saber como, nem porquê e sem merecermos, nos tornamos alvo do terrorismo”, disse a coordenadora residente das Nações Unidas no Panamá, Kim Bolduc, durante o seminário “10 anos sem Sergio Vieira de Mello”, realizado nesta segunda-feira (19), no Rio de Janeiro.

Bolduc trabalhava em Bagdá quando a sede da ONU no Iraque sofreu um atentado terrorista que matou 22 pessoas, inclusive o representante especial do secretário-geral da ONU para o Iraque, o brasileiro Sergio Vieira de Mello.

“Sergio era um diplomata brilhante, articulado em cinco idiomas, amava chocolate, correr e tomar Black Label com amigos”, lembrou o coordenador residente da ONU na Colômbia, Fabrizio Hochschild, que trabalhou com o brasileiro no Timor-Leste, Kosovo e no Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA).

Filho de diplomata, Sergio Vieira de Mello nasceu no Rio de Janeiro e se mudou para Paris, onde cursou filosofia na Universidade de Sorbonne. Aos 21 anos ingressou na ONU e em 1971 participou da sua primeira missão humanitária para a independência de Bangladesh, iniciando uma carreira de sucesso na organização. Em 2003, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu a Vieira de Mello – na época Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos – que chefiasse a missão da organização no Iraque.

Durante o evento que homenageou o brasileiro e trabalhadores humanitários que perderam suas vidas trabalhando pela ONU, Sergio foi lembrado como um homem que defendeu os valores e a missão das Nações Unidas, além de colocar a proteção no centro das ações humanitárias. Segundo Hochschild, ele acreditava que a organização deveria ser mais pró-ativa, não temendo apoiar um dos lados para a resolução de um conflito.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio de Aguiar Patriota, esteve no evento e ressaltou a influência de Sergio Vieira de Mello na formação dos novos diplomatas do Itamaraty. Segundo Patriota, Sergio deixou um legado de universalidade na diplomacia brasileira.

A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, também participou do seminário e disse que a morte de Sergio serviu para lembrar os objetivos das Nações Unidas, manter a paz e promover a humanidade. “Ele era um líder carismático e seus ideais permanecem como uma inspiração para todos nós.”

O representante especial do secretário-geral da ONU em Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, que trabalhou com Vieira de Mello no Timor-Leste, afirmou que “para a organização ter sucesso em sua missão, ela precisa da adesão do povo local onde ela vai trabalhar”. O carisma de Sergio Vieira de Mello e a sua vontade de escutar a população conseguiram dar credibilidade às atividades das Nações Unidas. “Ele tinha um bom coração, como o brasileiro que era”, concluiu Ramos-Horta.

O encontro foi organizado pelas Nações Unidas e pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, com apoio da Fundação Alexandre de Gusmão.

(Por Amanda Bergman e Fernanda Braune para o site da ONU Brasil)