Alertando para situação na Síria, Secretário-Geral pede que governos atendam às necessidades de seus povos

Secretário-Geral Ban Ki-moon se dirige ao Fórum Mundial para a Democracia. Foto: Conselho da Europa / J. denier

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos governos — em especial, aos de transição no norte da África e no Oriente Médio — para atender as demandas de seus povos e promover o desenvolvimento econômico e social, durante a abertura do Fórum Mundial para a Democracia, ontem (8), em Estrasburgo, França.

“Eu tenho pedido constantemente aos líderes para parar de desrespeitarem os direitos humanos e começarem a atender as demandas legítimas de seu povo”, afirmou Ban. “Esta é a minha mensagem aos líderes de todo o mundo, do presidente Assad da Síria a outros que devem escutar os seus cidadãos, antes que seja tarde demais”, acrescentou.

Ban também observou que o caso da Síria mostra como as transições democráticas atuais deram vida à esperança e às muitas mudanças, mas também têm gerado incerteza e medo.

“O sucesso não é garantido. Leva tempo para construir a democracia. Mas temos que unir forças para nutrir o progresso até que a democracia tenha uma raiz firme em todos os países pelo mundo”, disse ele.

“A recente escalada do conflito ao longo da fronteira sírio-turca e o impacto da crise sobre o Líbano são extremamente perigosos”, disse Ban referindo-se a incidentes de bombardeios que ocorreram entre os dois países na semana passada. “Eles mostram que esta é uma calamidade regional com ramificações globais.”

Situação dos refugiados se agrava

Mais de 300 mil refugiados estão vivendo nos países vizinhos à Síria. O Escritório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) observou que a organização lançou recentemente um apelo financeiro atualizando para quase US$ 488 milhões o valor necessário para ajudar o número crescente de refugiados sírios na Jordânia, Líbano, Iraque e Turquia. O pedido do início de março projetava uma estimativa de 100 mil refugiados sírios até o final de 2012, mas o mais recente estudo do ACNUR estima que o número pode chegar a 700 mil.

Mesmo com o agravamento da situação na Síria, que coloca em risco a estabilidade de seus vizinhos e de toda a região, ainda é possível encontrar uma solução política para a crise, afirmou o chefe da ONU, sublinhando que a militarização só agrava a situação e coloca civis em perigo.

“Peço a aqueles que têm influência sobre qualquer lado na Síria para exercê-la, promovendo uma solução política e capacitando líderes políticos, e não grupos armados ou militares do regime. Nosso objetivo é criar as condições adequadas para uma transição política confiável que atenda às aspirações legítimas do povo sírio e garanta os seus direitos de igualdade e de dignidade humana”, disse Ban.

O Secretário-Geral lembrou ao Fórum que os Estados-Membros da ONU “já definiram claramente a democracia como um valor universal” e ressaltou que eles devem se certificar de que os países cumpram suas obrigações sob a lei internacional, lembrando que democracia não é apenas dar voz aos cidadãos, mas também fazer avançar seu desenvolvimento econômico e social.