Coordenação é essencial para vencer coronavírus e alcançar objetivos globais

No Níger, 1,6 milhão de crianças vulneráveis ??são afetadas por crises humanitárias, incluindo o fechamento de fronteiras e medidas de contenção da COVID-19. Foto: UNICEF/Juan Haro
No Níger, 1,6 milhão de crianças vulneráveis ??são afetadas por crises humanitárias, incluindo o fechamento de fronteiras e medidas de contenção da COVID-19. Foto: UNICEF/Juan Haro

Como a crise sem precedentes da COVID-19 continua causando estragos em todo o mundo – com os mais vulneráveis ??sofrendo mais -, o chefe da ONU disse nesta terça-feira (19) que a tarefa de erradicar a pobreza e alcançar as metas de desenvolvimento “nunca foi tão desafiadora, mais urgente e mais necessária”.

“Nosso objetivo permanece claro: ajudar os países a navegar e acelerar o progresso em direção à consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), respeitando plenamente o princípio da apropriação nacional”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, abrindo a primeira sessão virtual das atividades operacionais para o segmento de desenvolvimento do Conselho Econômico e Social (ECOSOC).

Enquanto um “espírito renovado de colaboração” e as reformas da ONU “nos colocaram no caminho certo”, ele sinalizou que a pandemia de coronavírus “elevou ainda mais os padrões”.

“Temos agora um triplo imperativo”, afirmou o chefe da ONU, lembrando ser necessário responder urgentemente para ajudar a conter a transmissão e o impacto da pandemia; ajudar as pessoas a garantir ganhos de desenvolvimento e proteger vidas; trabalhar com parceiros para garantir que todos os esforços de recuperação sigam a Agenda 2030; e promover o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.

O papel dos coordenadores-residentes

Em 2018, a Organização reformou seu sistema de desenvolvimento, inclusive fazendo com que as Equipes Nacionais da ONU – sob a liderança independente dos coordenadores-residentes – se adaptassem melhor às necessidades locais.

Ao enfrentar esse triplo desafio, Guterres destacou que os coordenadores-residentes estão trabalhando com a Organização Mundial da Saúde (OMS), à medida que lideram a resposta à saúde; o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sobre apoio socioeconômico, envolvendo todos os membros da equipe do país; e Comissões Econômicas Regionais sobre dívida, comércio e outras dimensões macroeconômicas.

Observando a conquista da paridade de gênero junto com uma melhoria significativa na diversidade geográfica, ele sustentou que os coordenadores-residentes estão sendo reconhecidos como “líderes empoderados e imparciais do sistema de desenvolvimento da ONU no nível nacional”.

“Passo a passo, estamos construindo um quadro ainda mais forte e diversificado de coordenadores-residentes”, afirmou o chefe da ONU.

Trabalhando juntos

O secretário-geral compartilhou propostas personalizadas para um sistema de desenvolvimento da ONU mais organizado e colaborativo em nível regional, “um (sistema) que seja mais capaz de enfrentar desafios transfronteiriços e alavancar experiências políticas regionais para obter resultados nos ODS”.

Ele estabeleceu um plano detalhado para impulsionar os esforços da ONU nas dimensões social, econômica e ambiental dos ODS, e ressaltou a necessidade de “continuar intensificando a cooperação em áreas centrais” que tenham maior impacto, como erradicar a pobreza, combater as mudanças climáticas, promover a igualdade de gênero, a transformação econômica e o emprego, assim como as parcerias – incluindo a Cooperação Sul-Sul.

O sistema de desenvolvimento da ONU conta com “uma forte espinha dorsal de coordenação”, enfatizou Guterres.

“Trabalhando juntos – com o pé no pedal e os olhos na Agenda 2030 – superaremos esta crise e chegaremos ao nosso destino – protegendo o progresso do desenvolvimento conquistado com muito esforço e acelerando nossos esforços conjuntos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nesta Década de Ação”, concluiu o chefe da ONU. “Obrigado pelo seu compromisso”.

Ampliando esforços

A presidente do ECOSOC, Mona Juul, enfatizou que neste momento de priorizações, “não se trata de fazer uma escolha entre a resposta da COVID-19 ou a Agenda 2030”.

“Pelo contrário”, afirmou. “Nosso compromisso em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) não mudou, mas a urgência em agir, mudou”.

Com as pessoas e os países mais vulneráveis ??sendo os mais atingidos, Juul chamou a COVID-19 de “um lembrete severo” das desigualdades estruturais, argumentando que a resposta da ONU à crise deve ser guiada pela Agenda 2030, o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas e a Agenda de Ação de Adis Abeba sobre Financiamento ao Desenvolvimento. “Em resumo: não deixando ninguém para trás”.

E no terreno, a ONU oferece resiliência para “fazer uma diferença real na vida das pessoas” em relação à dignidade e igualdade, enfatizou ela.

“Juntos, aprofundaremos nossos esforços durante esta Década de Ação – para recuperar melhor e construir um mundo mais saudável, mais verde, mais justo e mais resiliente. Um mundo de solidariedade”, concluiu Juul.

Repensar o desenvolvimento

Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), destacou que a pandemia expôs falhas nas estruturas econômicas, sistemas de proteção social e esquemas de bem-estar.

“Portanto, uma ‘nova normalidade’ não é o caminho a seguir; é preciso repensar o modelo de desenvolvimento e consolidar as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável, sem deixar ninguém para trás”, disse.