Haiti: Crescente violência impede resposta à cólera

O Representante Especial do Secretário-Geral no Haiti, Edmond Mulet, acaba de pedir aos manifestantes que estão fechando ruas, estradas e pontes em diversos pontos do país que permitam a passagem de assistência humanitária para que esta possa chegar a milhares de pessoas afetadas pelo surto de cólera. “A cada segundo que passa podemos salvar ou perder milhares de vidas”, disse.

Os protestos, que começaram no norte do país e se espalharam para outras áreas, têm impedido as agências de ajuda de entregar bens de primeira necessidade para as pessoas afetadas, que superou a marca de 18 mil no dia 15 de novembro. “Se esta situação continuar, mais e mais pacientes que precisam desesperadamente de cuidados são propensos a morrer e cada vez mais haitianos que estão esperando para ter acesso a cuidados preventivos podem ser contaminados pela epidemia”, alertou Mulet, que também é o chefe da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH).

Membros do batalhão argentino da MINUSTAH descarregam parte das três toneladas de alimentos doados pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), para distribuição às vítimas da recente tempestade tropical que afetou o Haiti. Foto: ONU/Logan Abassi.

Membros do batalhão argentino da MINUSTAH descarregam parte das três toneladas de alimentos doados pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), para distribuição às vítimas da recente tempestade tropical que afetou o Haiti. Foto: ONU/Logan Abassi.

As agências da ONU emitiram um comunicado conjunto hoje (19/11) para pedir o fim dos protestos violentos que estão prejudicando a resposta à epidemia, que começou no final de outubro, está se espalhando rapidamente e que já tirou a vida de cerca de 1.110 pessoas.

“O número de mortes por cólera está aumentando e a situação de segurança impede que os artigos cheguem aos que mais precisam deles, tais como crianças desnutridas, gestantes e idosos”, disse a representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país, Dra. Lea Guido.

A violência também está impedindo que o Programa Mundial de Alimentos (PMA) forneça refeições quentes diárias a 190 mil crianças nas escolas de Cap Haitien e de assistir 35 mil mulheres grávidas e crianças menores de cinco anos. “Se a violência continuar, os mais vulneráveis pagarão o preço”, disse a Representante do PMA no Haiti, Myrta Kaulard.