ONU pede 20 bilhões de dólares para prestar assistência humanitária a 87 milhões de pessoas em 2016

Refugiado da Somália, no Quênia. Foto: ACNUR / B. Heger
Refugiado da Somália, no Quênia. Foto: ACNUR / B. Heger

As Nações Unidas lançaram, nesta segunda-feira (7), um apelo humanitário de 20,1 bilhões de dólares, o maior montante já solicitado à comunidade internacional. A verba permitirá às agências ONU e parceiros prestar assistência adequada a 87,6 milhões de pessoas, em 37 países, dos quais a maioria está em conflito. O valor requerido é cinco vezes maior do que o registrado uma década atrás e ultrapassa até mesmo o pedido feito em 2015, calculado em 19,9 bilhões. Dessa quantia, no entanto, doadores apenas contribuíram com 9,7 bilhões.

Segundo o subsecretário-geral de assuntos humanitários e coordenador de emergência das Nações Unidas, Stephen O’Brien, os confrontos duradouros na Síria, no Iraque, no Sudão do Sul e no Iêmen permanecerão as maiores causas de necessidades humanitárias prolongadas em 2016. Nessas regiões, onde milhões de pessoas são submetidas a abusos dos direitos humanos, “o nível de violência é indescritível”, afirmou O’Brien.

Os conflitos continuarão provocando novos deslocamentos no interior das nações ou entre fronteiras. Em 2015, o número de indivíduos forçados a abandonarem seus lares chegou a 60 milhões, dos quais metade são crianças. “O movimento em massa de pessoas, sejam refugiadas ou pessoas fugindo dentro de seus próprios países, se tornou a nova realidade definidora do século XXI”, disse o chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), António Guterres.

Estimativas indicam que, na Síria, por exemplo, 7,6 milhões de pessoas eram consideradas internamente deslocadas em 2014. No Iraque, esse número chegava a 3,3 milhões. No mesmo ano, o Líbano acolheu 1,2 milhão de refugiados. De acordo com o dirigente do ACNUR, “o sistema humanitário internacional é muito frequentemente a única rede de segurança que existe para pessoas que fogem da guerra”.

Além dos conflitos, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, chamou a atenção para os efeitos de desastres naturais sobre o bem-estar da população mundial. O’Brien também expressou sua preocupação quanto aos fenômenos da natureza e lembrou que as consequências do intenso El Niño desse ano deixaram 10 milhões de pessoas na Etiópia e 2,8 milhões na América Central, precisando de assistência alimentar. Outras nações da África Oriental também enfrentam problemas na produção de alimentos.