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Associação de agricultoras rurais lança site para comercializar seus produtos

Agricultoras comemoram lançamento do site. Foto: Associação Agroecológica Mulheres Rurais do Assentamento Canaã (AAMRAC)

As agricultoras da Associação Agroecológica Mulheres Rurais do Assentamento Canaã (AAMRAC) mostraram que estão muito mais preparadas para empreender do que imaginaram. Fundada em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia, elas aproveitaram a dificuldade imposta pela quarentena para se fortalecer, se adequar ao momento tão delicado e pensar em estratégias de comercialização e de divulgação – e lançaram o site da associação no início de agosto.

Composta por 22 agricultoras de Brazilândia (DF), algumas delas compõem, há mais de um ano, o projeto piloto Sistemas Agroflorestais (SAFs) mecanizados do CITinova, um projeto multinacional para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado.

O CITinova é realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente e implementação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e parceiros coexecutores.

No sistema agroflorestal é feito o plantio de espécies agrícolas e florestais diferentes em uma mesma área, o que torna possível a produção sem que a natureza seja prejudicada. Em regiões das bacias do Paranoá e do Descoberto, do Distrito Federal, a ação está sendo implementada sob a coordenação da Secretaria do Meio Ambiente (Sema-GDF) e incentiva práticas agrícolas inovadoras em bacias hidrográficas estratégicas para contribuir com a segurança hídrica do DF.

Site da AAMRAC

Por meio do site é possível, além da apresentação e venda dos produtos, conhecer um pouco mais da história da associação, que tem o lema: “Plantamos e colhemos, com carinho, para entregar aos nossos clientes o melhor da terra, protegendo e cuidando do meio ambiente”. Os usuários da internet encontrarão também receitas, notícias sobre a associação que já saíram na imprensa, fotos e vídeos.

Feito à distância e de forma solidária com o apoio do Bureau de Criação Publicitária do UniCEUB e dos consultores André Ramos e Marta Moraes do projeto CITinova, o site foi comemorado pelas agricultoras. “Estamos muito felizes em ter agora um espaço que nos represente e que auxiliará na divulgação do nosso trabalho e na comercialização de nossos produtos”, disse a presidente da associação, Maria Ivanildes Souza.

Sobre o Projeto CITinova, mais informações aqui.

ONGs parceiras concluem primeira fase de entregas da campanha Compra Solidária

Organizações não governamentais (ONGs) parceiras da campanha Compra Solidária do Carrefour Brasil concluíram na semana passada a distribuição de 6 mil cartões de alimentação de 100 reais cada em 12 estados e no Distrito Federal.

A arrecadação foi feita pelo Carrefour, enquanto o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) das Nações Unidas coordenou a atuação das ONGs parceiras Ação da Cidadania, Cáritas, Diaconia e Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

A maior parte dos cartões foi entregue diretamente às famílias, possibilitando a compra direta, em estabelecimentos locais, dos itens de necessidade básica escolhidos pelas famílias.

Para a entrega em comunidades mais isoladas no estado do Amazonas, a FAS usou os cartões para compor cestas de alimentos que foram entregues às famílias. O Centro de Excelência do WFP inicia agora a segunda fase de distribuição, com 8.898 cartões.

Saiba mais sobre o que essa ação significou para as famílias beneficiadas:

Para esta campanha, a Ação da Cidadania distribuiu 700 cartões em bairros de São Luís e de Paço do Lumiar (MA). Antônia Célia, de 44 anos, moradora da comunidade Vila Vitória, em São Luís, foi uma das beneficiadas.

“Estamos agradecidos por receber esse tíquete de alimentação de 100 reais. A gente já recebia ajuda antes, mas agora foi diferente porque podemos escolher o que comprar de acordo com a nossa necessidade, então estamos muito gratos por isso”, disse.

Já a Cáritas distribuiu 3,4 mil cartões em 11 regiões metropolitanas de norte a sul do país. Em Belo Horizonte (MG), a ONG entregou os cartões para famílias da ocupação Pátria Livre e moradores da comunidade Pedreira Padro Lopes, além de catadores e catadoras de materiais recicláveis da capital mineira.

“Nós catadoras estamos sem trabalhar, não temos retirada de materiais. Então, esse é um momento bem difícil para nós e os cartões irão trazer alegria para as mesas de muitas famílias”, disse Silvana Assis, presidente da Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região.

A Diaconia distribuiu 1,1 mil cartões em áreas rurais e urbanas de Ceará, Paraíba e Pernambuco, por meio de articulações com grupos comunitários e igrejas parceiras. De acordo com a ONG, o formato de cartão possibilitou que as famílias escolhessem o que e onde comprar.

“Eu pude comprar outras coisas que não estão na cesta básica, por exemplo, goma de tapioca, bolacha, carne, frutas, legumes e verduras. A gente pôde escolher e comprar um pouco de cada”, disse Silva Rangel, de 56 anos, que recebeu um dos cartões. Ela está desempregada e mora com outros quatro familiares no Recife (PE).

Já a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) recebeu 700 cartões e os utilizou para compor cestas de alimentos que foram distribuídas a comunidades mais afastadas do estado do Amazonas.

Na Reserva de Desenvolvimento Sutentável Canumã, 455 famílias foram beneficiadas, enquanto que a Floresta Estadual de Maués, 813 famílias receberam alimentos. O processo de entrega durou vários dias e incluiu viagens de barco.

Até agora, a campanha já arrecadou mais de 1,6 milhão de reais, valor que foi dobrado pela contribuição do Carrefour.

Para doar e saber mais sobre as outras instituições parceiras, acesse comprasolidaria.carrefour.com.br

 

A perda e desperdício de alimentos gera entre 8 a 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Foto: Flickr/Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (cc)

FAO lança plataforma para reduzir perda e desperdício de alimentos

A perda e desperdício de alimentos gera entre 8 a 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Foto: Flickr/Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (cc)
A perda e desperdício de alimentos gera entre 8% a 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Foto: Flickr/Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (cc)

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou uma plataforma abrangente para ajudar a comunidade global a intensificar as ações para reduzir a perda e o desperdício de alimentos.

A agência da ONU e seus parceiros pedem mais esforços e se preparam para o Dia Internacional da Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos – que será comemorado pela primeira vez em 29 de setembro.

Plataforma Técnica de Medição e Redução de Perda e do Desperdício de Alimentos reúne informações sobre medição, redução, políticas, alianças, ações e exemplos de modelos de sucesso aplicados na redução da perda e do desperdício de alimentos em todo o mundo.

“Desperdiçar alimentos significa desperdiçar recursos naturais escassos, aumentar os impactos das mudanças climáticas e perder a oportunidade de alimentar uma população crescente no futuro”, disse o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, no lançamento da plataforma.

O evento também proporcionou uma oportunidade de aumentar a conscientização sobre o próximo Dia Internacional de Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos, que visa enfatizar como isso pode contribuir para o desenvolvimento sustentável.

O diretor da FAO pediu aos setores público, privado e aos indivíduos, que promovam, controlem e expandam políticas, inovações e tecnologias para reduzir a perda e o desperdício de alimentos, além de garantir que o primeiro dia internacional seja significativo e influente.

QU Dongyu somou esforços ao seu apelo por maiores esforços para reduzir a perda e o desperdício de alimentos – especialmente em um momento em que a COVID-19 expôs ainda mais as vulnerabilidades e a necessidade de sistemas alimentares mais resilientes – por meio de representantes de uma série de organizações parceiras e estados membros da FAO.

“A perda e o desperdício bobo são um sinal de sistemas alimentares em perigo”, disse Lawrence Haddad, diretor-executivo da Global Alliance for Improved Nutrition (GAIN na sigla em inglês), enquanto aponta que “os alimentos nutritivos são os mais perecíveis e, portanto, os mais vulneráveis à perda. Não só se perdem alimentos, mas também se perde a segurança alimentar e a nutrição”.

“Abordar a perda e o desperdício de alimentos com informações e evidências precisas em nível nacional é uma tentativa de criar um sistema alimentar que atenda à saúde planetária e humana”, disse Geeta Sethi, conselheira e líder global de sistemas alimentares do Banco Mundial, acrescentando: “mas para saber o que é uma prioridade política para um país e, portanto, quais os investimentos e intervenções necessários, requer bons dados e evidências. Esta plataforma é muito relevante.”

Principais informações sobre a plataforma

A plataforma é uma porta de entrada para todos os recursos de perda e desperdício de alimentos da FAO, incluindo: a maior coleção de dados online sobre quais alimentos são perdidos e desperdiçados e onde; fórum de discussão sobre redução da perda de alimentos; exemplos de iniciativas de sucesso; cursos de e-learning; relatório de políticas da perda e desperdício de alimentos no contexto da pandemia de COVID-19; e dicas sobre o que todos podem fazer para reduzir o desperdício de alimentos.

Ele também se conecta a portais de parceiros de desenvolvimento, servindo como uma fonte única de todo o conhecimento sobre perda e desperdício de alimentos.

A plataforma consolidada foi possível graças ao financiamento da Cooperação Suíça para o Desenvolvimento.

Por que reduzir a perda e o desperdício de alimentos?

A redução da perda e do desperdício de alimentos pode trazer muitos benefícios: mais alimentos disponíveis para os mais vulneráveis; uma redução nas emissões de gases de efeito estufa; menos pressão sobre os recursos terrestres e hídricos; e aumento da produtividade e crescimento econômico.

Para que isso aconteça, o diretor-geral da FAO e parceiros convidam para a candidatura de inovações – tanto tecnológica como operacional – como por exemplo, encontrar soluções tecnológicas para a gestão pós-colheita, novas formas de trabalhar em conjunto, melhor embalagem dos alimentos – bem como relaxar nos regulamentos e padrões sobre requisitos estéticos para frutas e vegetais; melhores hábitos de consumo; políticas governamentais destinadas a reduzir o desperdício de alimentos, assim como diretrizes para redistribuir o excedente de alimentos seguros para os necessitados por meio de bancos de alimentos; e construção de alianças, inclusive fora do setor de alimentos, por exemplo, com atores climáticos.

A FAO acredita que intervenções, como informar o público sobre como reduzir o desperdício de alimentos, investir na infraestrutura da cadeia de abastecimento, treinar os agricultores em melhores práticas e reformar os subsídios aos alimentos que involuntariamente levam a mais perdas e desperdícios de alimentos são medidas pequenas em comparação com outras.

Corrigir o ciclo negativo de perda e desperdício de alimentos aproximaria o mundo da meta do acordo de Paris de 2015 de limitar o aquecimento global a menos de 2°C. Por exemplo, reduzir a perda de alimentos em 25% compensaria os danos ambientais que seriam causados pelo uso futuro da terra para a agricultura. Isso significa não ter que destruir mais florestas com consequências devastadoras para as mudanças climáticas e a biodiversidade para produzir mais alimentos.

As inovações tecnológicas também podem combater o impacto ambiental indesejável enquanto economizam alimentos. No Quênia e na Tanzânia, por exemplo, a tecnologia de resfriamento movido a energia solar para resfriar o leite – por meio de um projeto apoiado pela FAO e pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) – ajudou a prevenir perdas de leite sem criar qualquer emissão adicional de gases de efeito estufa. A mesma tecnologia economiza três milhões de litros de água por ano na Tunísia.

Explicação da perda e desperdício de alimentos

Alimentos são perdidos quando são estragados ou derramados antes de chegar ao produto final ou ao varejo. Por exemplo, laticínios, carne e peixe podem estragar no trânsito devido ao transporte não refrigerado e às instalações de armazenamento refrigerado inadequados.

A FAO estima que 14% dos alimentos são perdidos dessa forma, avaliados em US$ 400 bilhões anuais. Em termos de emissões de gases de efeito estufa (GEE), os alimentos perdidos estão associados a cerca de 1,5 gigatoneladas de CO2 equivalente.

As perdas são maiores nos países em desenvolvimento, a exemplo de 14% na África Subsaariana e 20,7% no Sul da Ásia e na Ásia Central, enquanto nos países desenvolvidos, como por exemplo, Austrália e Nova Zelândia, são em média cerca de 5,8%.

As principais perdas são em tubérculos de raízes e oleaginosas (25%), frutas e vegetais (22%) e carne e produtos animais (12%).

Os alimentos são desperdiçados quando são descartados pelos consumidores ou descartados no varejo devido à sua incapacidade de atender aos rígidos padrões de qualidade ou, muitas vezes, devido a um mal-entendido sobre a marcação da data no produto.

A medição do desperdício de alimentos é uma questão complexa. Sabemos, porém, que o alimento que nunca é consumido representa um desperdício de recursos, como trabalho, terra, água, solo e sementes, e aumenta em vão as emissões de gases de efeito estufa.

Conheça jovens agroempresários que estão adaptando seus negócios em meio à pandemia

Karina Brito e sua equipe adaptaram seu negócio de agroecoturismo na Guatemala. Foto: FAO
Karina Brito e sua equipe adaptaram seu negócio de agroecoturismo na Guatemala. Foto: FAO

Desde o início da COVID-19, a vida mudou para empreendedores e empresas em todo o mundo. Devido a bloqueios e restrições de deslocamento, os pequenos agricultores e empresas rurais não têm conseguido acessar os mercados para vender sua produção ou outros produtos.

Como muitas vezes os jovens que trabalham no meio rural têm pouco ou nenhum acesso à seguridade social, eles sofrem desproporcionalmente com as restrições da pandemia aos negócios. Em geral, os jovens também já enfrentam maiores taxas de desemprego e subemprego em comparação com os adultos.

No entanto, experientes com o uso da tecnologia, os jovens empresários agrícolas estão adaptando rapidamente seus modelos de negócios e usando ferramentas digitais a seu favor. Aceitar pedidos online com pagamentos móveis, oferecer entrega em domicílio, comercializar produtos nas redes sociais, usar as TICs para trabalhar em casa e fazer aulas online para adquirir novas habilidades, são apenas algumas das maneiras que os jovens estão usando esta oportunidade para crescimento e inovação.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou uma iniciativa de engajamento da juventude, Coping with COVID-19: voices of young agripreneurs (Lidando com a COVID-19: vozes dos jovens agroempresários na tradução para o português), no final de março de 2020 para compreender o impacto do surto nos negócios dos jovens rurais e saber como apoiá-los durante e após a pandemia.

Por meio de redes e grupos de jovens agricultores e agroempresários em toda a África e América Central, a iniciativa identificou soluções lideradas por jovens para lidar com a crise. Isso serviu de base para o conselho político da FAO aos governos e aos esforços de mobilização de recursos para defender respostas que incluam os jovens.

Aqui estão as histórias de três jovens agroempresários provando que estão se adaptando diante da pandemia:

Do ecoturismo ao serviço de alimentação online na Guatemala

Há seis meses, Karina Brito, de 22 anos, estava pronta para lançar seu novo negócio. Junto com um grupo de 20 jovens empresários de Nebaj, Guatemala, ela fundou uma empresa chamada Avantichajil – uma palavra indígena Ixil que significa “semeadores de vida”.

Com o apoio de um programa liderado pela FAO e treinamento do Instituto Florestal Nacional, seu plano era oferecer serviços de agroecoturismo, como passeios pela floresta e aulas de culinária, e vender móveis de madeira. Mas quando a COVID-19 chegou, tudo teve que esperar.

O movimento nacional e as restrições aos negócios obrigaram Karina e sua equipe a suspender as atividades de ecoturismo, além da fabricação de móveis. Eles rapidamente perceberam que não poderiam deixar seu negócio desmoronar, então começaram a procurar uma maneira de diversificar seus serviços.

Eles decidiram usar o componente ‘Gastronomia Ixil’ de sua empresa como o novo foco. O negócio originalmente iria oferecer pratos tradicionais da comunidade indígena Ixil local e aulas de culinária para turistas.

Agora, a equipe se organizou para produzir comida local e vendê-la online. Eles oferecem carne defumada, banana, pão de banana, smoothies, café e muito mais. Para obedecer às regras de distanciamento físico, eles criaram um perfil online, chamado MercaRed, para promover e vender produtos de sete diferentes agroindústrias lideradas por jovens em sua área. O empreendimento ainda é novo, mas os resultados já são animadores.

“Se tivéssemos permanecido focados no projeto inicial, não sei onde estaríamos agora. É preciso arriscar, avançar, inovar e aprender errando”, diz Karina.

Oferecendo energia limpa em Uganda

Arthur Woniala, de 29 anos, é cofundador e engenheiro de projeto da Khainza Energy, uma empresa liderada por jovens e comprometida em reduzir a dependência das famílias de Uganda de combustíveis de madeira, oferecendo biogás como uma alternativa limpa, acessível e sustentável. Eles embalam o biogás em cilindros recicláveis e fornecem treinamento sobre como usá-lo.

As interrupções no transporte público em resposta à COVID-19 deixaram milhões de ugandenses sem acesso a serviços básicos, como combustível para cozinhar. A Khainza Energy está tentando preencher essa lacuna.

Arthur tem limitado o contato físico anunciando e coletando pedidos nas redes sociais e aceitando pagamentos pelo celular. Dando um passo além para manter as comunidades de Uganda informadas durante a pandemia, ele distribui panfletos com conselhos do Ministério da Saúde junto a entrega dos seus pedidos.

Embora ele não possa negar que os últimos meses foram difíceis para seu negócio, Arthur permanece firme. “Temos o compromisso de garantir que as pessoas ainda tenham acesso aos serviços básicos”, diz ele com orgulho.

Vendendo produtos em Ruanda

As redes sociais também têm sido uma tábua de salvação para a ruandesa Adeline Umukunzi, de 25 anos. Antes da pandemia, ela vendia cogumelos para hotéis, restaurantes e atacadistas. As grandes vendas foram importantes, pois ela produziu uma colheita diária de 100 quilos. No entanto, com o surto de COVID-19 e, consequente, com o bloqueio, a demanda dos clientes diminuiu. Muitos negócios fecharam e, com severas restrições ao transporte público, ela não conseguiu colocar seus produtos no mercado.

Adeline não possui instalações para armazenar e refrigerar produtos não vendidos, então, para vender seus produtos o mais rápido possível, ela passou a vender diretamente para as pessoas. Adeline tem anunciado seus produtos nas redes sociais e pedido aos clientes que compartilhem para ajudar na divulgação. Ela aumentou sua força de trabalho e comprou uma bicicleta para poder ampliar sua rota de entrega.

Apoio da FAO à juventude rural

Por meio de parcerias com organizações de jovens rurais, a FAO tem trabalhado com jovens trabalhadores agrícolas e empresários para entender suas necessidades e mitigar os efeitos negativos da pandemia.

Apenas 1 em cada 10 jovens relatou ter recebido apoio de governos locais ou outros atores do desenvolvimento. Apesar disso e do cenário negativo para os negócios, é inspirador ver quantos jovens enxergam a crise como uma oportunidade para inovar.

Os problemas enfrentados por Karina, Arthur e Adeline nos últimos meses são comuns, e suas soluções são prova da engenhosidade e resiliência dos jovens diante de crises. A julgar por sua incrível resposta aos desafios da COVID-19, os jovens de hoje estão bem preparados para o futuro.

FAO explica como os povos indígenas ajudam a acabar com a fome no mundo

Indígenas em manifestação em Brasília. Foto: Mídia Ninja
Indígenas em manifestação em Brasília. Foto: Mídia Ninja

Apesar de representarem apenas 5% da população mundial, os povos indígenas são agentes vitais para a preservação do meio ambiente.

Cerca de 28% da superfície terrestre do mundo, incluindo algumas das áreas florestais mais intactas e biodiversas, é  gerenciada principalmente por povos indígenas, famílias, pequenos proprietários e comunidades locais.

Essas florestas são cruciais para conter as emissões de gases e manter a biodiversidade. Os alimentos indígenas também são particularmente nutritivos e seus sistemas alimentares associados são resistentes ao clima e se adaptam bem ao meio ambiente.

O modo de vida e os meios de subsistência dos povos indígenas podem nos ensinar muito sobre como preservar os recursos naturais, obter e cultivar alimentos de maneiras sustentáveis e viver em harmonia com a natureza.

Mobilizar o conhecimento que se origina dessa herança e desses legados históricos é importante para enfrentar os desafios que a alimentação e a agricultura enfrentam hoje e no futuro.

Aqui estão 5 entre as diversas maneiras pelas quais os povos indígenas estão ajudando o mundo a combater as mudanças climáticas:

1. Suas práticas agrícolas tradicionais se adaptam facilmente à mudança climática

Ao longo dos séculos, os povos indígenas desenvolveram técnicas agrícolas adaptadas a ambientes extremos, como as altas altitudes dos Andes ou as pastagens secas do Quênia. Suas técnicas comprovadas, como terraços para evitar a erosão do solo ou jardins flutuantes para fazer uso de campos inundados, são adequadas para os eventos climáticos cada vez mais extremos e mudanças de temperatura provocados pelas mudanças climáticas.

2. Eles conservam e restauram florestas e recursos naturais

Os povos indígenas se veem conectados à natureza e como parte do mesmo sistema, assim como o meio ambiente em que vivem.

Eles adaptaram seus estilos de vida para se adequar e respeitar seus ambientes. Nas montanhas, os sistemas de gestão da paisagem dos povos indígenas preservam o solo, reduzem a erosão, conservam a água e diminuem o risco de desastres. Nas pastagens, as comunidades de pastores indígenas cuidam do pastoreio de gado e do cultivo de maneiras sustentáveis que permitem a conservação da biodiversidade. Na Amazônia, a biodiversidade dos ecossistemas melhora nas regiões habitadas por povos indígenas.

3. Seus alimentos e tradições podem ajudar a expandir e diversificar as dietas

O mundo atualmente depende muito de um pequeno conjunto de culturas básicas. Apenas cinco safras–arroz, trigo, milho, painço e sorgo–fornecem cerca de 50% de nossas necessidades energéticas. Repleto de cultivos nativos nutritivos como a quinoa, os sistemas alimentares dos povos indígenas podem ajudar o resto da humanidade a expandir sua estreita base alimentar para incorporar ervas, grãos, frutas, animais e peixes que podem não ser bem conhecidos ou usados em outras partes do mundo.

4. Eles cultivam safras indígenas que são mais resistentes às mudanças climáticas

Como muitos povos indígenas vivem em ambientes extremos, eles optaram por culturas que também se adaptam a tais condições. Os povos indígenas costumam cultivar uma variedade de espécies nativas e uma infinidade de variedades que são mais bem adaptadas aos contextos locais e frequentemente mais resistentes à seca, altitude, inundações ou outras condições extremas. Usadas de forma mais ampla na agricultura, essas safras podem ajudar a construir a resiliência das fazendas que agora enfrentam mudanças climáticas mais extremas.

5. Eles gerenciam uma grande parte da biodiversidade mundial

Territórios indígenas tradicionais abrangem 28% da superfície terrestre do mundo, mas hospedam 80% da biodiversidade do planeta. Preservar a biodiversidade é essencial para a segurança alimentar e nutricional. O acervo genético de espécies vegetais e animais é encontrado em todos os biomas terrestres, bem como em rios, lagos e áreas marinhas. Vivendo uma vida sustentável, os povos indígenas preservam esses espaços, ajudando a manter a biodiversidade das plantas e animais da natureza.

A FAO considera que os povos indígenas são parceiros inestimáveis no fornecimento de soluções para as mudanças climáticas e na criação de um mundo sem fome. Nunca alcançaremos soluções a longo prazo para as mudanças climáticas e para a segurança alimentar e nutricional sem buscar ajuda e proteger os direitos dos povos indígenas.