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Série de desenhos voltada para a primeira infância aborda desenvolvimento sustentável

“Hora do Blec” é uma série de vídeos musicais destinada, principalmente, ao público na primeira infância, com temas inspirados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Foto: PNUD

O contato com os conceitos e temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desde a infância pode influenciar a formação pessoal. Com foco no potencial da comunicação infantil como semente da equidade social, a série de desenhos “Hora do Blec” estreiou neste sábado (29) no YouTube. O projeto é da Ubuntu Filmes e conta com o apoio institucional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Hora do Blec“ traz uma turma de personagens multiétnicos que vivem várias aventuras em busca de um mundo mais sustentável. Blec é o protagonista, um menino negro que tem no seu cabelo um símbolo de poder, beleza e magia. Em suas missões, Blec aciona seu talismã secreto: um pente afro que vive em seu cabelo. Quando Blec puxa o pente, aparece a fada Lara, sua mestra, e logo seu cabelo arma, virando um lindo e mágico “black power”. Quem o interpreta o personagem é o ator David Junior.

“A importância desse projeto é a representatividade somada à pluralidade que o Blec traz, além do diálogo com outras crianças, a equidade social e a sustentabilidade. Se sentir representado através de uma animação para a primeira infância pode fazer toda a diferença no imaginário da criança pobre, preta, periférica e também dar uma nova perspectiva para outras crianças não negras sobre como a gente pode ser visto”, declarou o ator.

Trata-se de uma série de vídeos musicais destinada, principalmente, ao público na primeira infância, com temas inspirados nos ODS. Aprovados por unanimidade pelo grupo de países que compõem as Nações Unidas, os ODS reafirmam o compromisso internacional de acabar com a pobreza e outras mazelas sociais de forma permanente em todas as partes e não deixar ninguém para trás. ?

“Além de abordar os desafios do desenvolvimento sustentável com linguagem infantil, a iniciativa tem um papel importante no enfrentamento ao racismo, ao contar com um menino negro como protagonista, dentro de uma família negra feliz. O desenho traz para o centro da mensagem a redução das desigualdades sociais, o que coincide com o mandato do PNUD. O enfrentamento ao racismo passa também pelo reconhecimento e pela valorização das identidades negras brasileiras”, avaliou a oficial de gênero e raça do PNUD no Brasil, Ismália Afonso.

O primeiro vídeo da série tem como tema a música “Mãe Terra”, relacionada, especialmente, com o ODS 15 – Vida Terrestre. Acompanhe os vídeos no canal do YouTube.

Outras iniciativas

Para a ONU, o racismo é uma das principais causas históricas da situação de violência e letalidade a que a população negra está submetida. Nesse sentido, a “Hora do Blec” está alinhada com a campanha Vidas Negras, iniciativa da ONU Brasil pelo fim da violência contra jovens negros. A campanha é uma das iniciativas desenvolvidas no âmbito da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), um reconhecimento da comunidade internacional sobre os povos afrodescendentes, cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos.

Sistemas agroflorestais no DF geram renda; protegem solo e mananciais

O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca
O plantio agroflorestal gera renda ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Foto: Gabriela Fonseca

Lucas Rosa Duarte, de 19 anos, mora no assentamento Canaã, em Brazlândia, cidade satélite localizada a 50 km de Brasília. O local é uma das regiões onde estão sendo implantados Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados, no Distrito Federal.

“Já pensei em ir embora, porque aqui a vida sempre foi muito dura. Mas a agrofloresta me incentivou a ficar e ajudar meus pais a ver isso tudo crescer”, revela.

Sua vizinha, Maria dos Reis, também está otimista. “Agora, com a agrofloresta, vamos ter a possibilidade de colher o ano todo e comer sem veneno. A vida vai ficar mais fácil”, afirma.

Além de gerar renda para pequenos agricultores como a família de Lucas e de Maria, os SAFs mecanizados contribuem para a proteção do solo e dos mananciais das bacias do Descoberto e do Paranoá.

Esta é apenas uma das ações do CITinova, um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras.

“Por meio de investimentos em tecnologias sustentáveis e em planejamento urbano integrado, o CITinova busca melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos brasileiros”, explica Marcela Aboim Raposo, diretora nacional do projeto pelo MCTI.

Com abrangência nacional e ações específicas em Brasília e Recife (PE), o CITinova conta com recurso de 25 milhões de dólares do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), está sendo implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e executado em parceria pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao MCTI, Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/GDF).

Enfrentamento às mudanças climáticas e segurança hídrica

Em Brasília, vários projetos-piloto estão em fase de implementação com o objetivo de incentivar e apoiar a conservação e recuperação ambiental.

Com foco na segurança hídrica e enfrentamento às mudanças climáticas, além dos SAFs mecanizados, que já capacitaram 80 agricultores e foram implantados em 16 hectares, somando um total de 20 hectares até final deste ano, a SEMA-GDF, no âmbito do CITinova, está à frente do Programa de Recuperação de Nascentes, que prevê a recomposição de vegetação nativa em 80 hectares no DF. Na primeira etapa, foram plantadas 3.878 mudas de mais de 40 espécies do cerrado.

Outro desafio do CITinova é contribuir à reparação dos danos ao meio ambiente causados pelo Lixão da Estrutural, atualmente desativado, mas já considerado o maior depósito a céu aberto da América Latina.

O projeto, por meio da SEMA-GDF, está financiando estudos de diagnóstico de contaminação e de remediação para testar a absorção de poluentes, que darão subsídio para a elaboração de estratégias de descontaminação da área.

Nos córregos Acampamento, Ribeirão Bananal e Cabeceira do Valo estão sendo coletadas águas superficiais para avaliar se o chorume chegou às nascentes próximas à área.

Também foi realizada perfuração de poços para medir o nível de contaminação de chorume e foram plantadas 400 mudas de espécies nativas e 100 mudas de eucalipto em um hectare do Lixão, para testar a retirada ou a estabilização de metais nos solos por meio de fitorremediação.

Transporte sustentável

Em Recife, o CITinova é executado pelos parceiros ARIES e Porto Digital e, entre as várias ações, está sendo desenvolvido um barco movido a energia solar para travessia do Rio Capibaribe.

Sem poluir o meio ambiente, o barco irá conectar as margens opostas, cujas características socioeconômicas e territoriais são muito distintas e fazem com que o rio se torne uma barreira e não um elo entre os moradores.

Também está em fase de elaboração um jardim filtrante para o tratamento, por fitorremediação, de 10% da vazão de um dos 14 canais que despejam água poluída no Rio Capibaribe.

O local terá ainda área de lazer e ações educativas para o público. Serão implementados, também na capital pernambucana, três microestações de monitoramento climático para monitorar clima, partículas suspensas, qualidade da água e do ar e nível da maré.

O objetivo do CITinova é que os projetos pilotos de Brasília e Recife sejam modelos passíveis de replicação em outros locais do país.
Plataformas para Cidades Sustentáveis

Outra importante frente de ação do projeto CITinova é o desenvolvimento e aperfeiçoamento de espaços virtuais para apoio e promoção de gestão pública integrada e sustentável, com participação social, acadêmica e do setor privado.

A nova plataforma do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), com mais recursos e funcionalidades, e o Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS) do Centro de Gestão de Estudos e Estratégicos (CGEE), organização social do MCTI, estão no ar com abrangência nacional.

Complementares e em fase de ampliação, a plataforma do PCS disponibiliza conteúdos, indicadores, dados, metodologia, banco de boas práticas nacionais e internacionais e muitas outras ferramentas para suporte e fortalecimento dos gestores públicos no planejamento urbano integrado. Já o OICS monitora, organiza e exibe soluções sustentáveis e inovadoras contextualizadas no território nacional por meio de tipologias de cidades-região.

Outros dois sistemas de informação com abrangência local estão em fase de construção: o SISDIA, uma importante ferramenta para a gestão ambiental territorial integrada do Governo do Distrito Federal, e o Sistema de Gestão Georreferenciada Integrada, uma ferramenta de gestão, planejamento e execução de operações urbanas, com visão ampla das ações em andamento e planejadas na cidade de Recife.

Para saber mais sobre o CITinova, assista o vídeo:

E para conhecer todas as ações que estão sendo implementadas, visite o site www.citinova.mctic.gov.br

Usem lições da COVID-19 para ‘fazer as coisas certas’ pelo futuro, pede Guterres

O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Mark Garten
O secretário-geral da ONU, António Guterres. Foto: ONU/Mark Garten

As lições aprendidas com os esforços para enfrentar a pandemia devem ser usadas para “fazer as coisas certas para o futuro”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma reunião com parlamentares.

Em seus comentários online para a Conferência Mundial de Oradores do Parlamento, o secretário-geral disse que a COVID-19 destacou os desafios que assolam as sociedades e expôs algumas das principais fragilidades sistêmicas.

“Mesmo antes do vírus, nossas sociedades estavam em péssimas condições, com crescentes desigualdades, agravamento da degradação do meio ambiente, redução do espaço cívico, saúde pública inadequada e fricções sociais insustentáveis ??enraizadas em falhas de governança e falta de oportunidades”, disse Guterres.

“E por isso não podemos voltar ao que era, mas sim fazer da recuperação uma oportunidade real de fazer as coisas certas para o futuro”, acrescentou.

Emergência climática

O secretário-geral destacou que isso é ainda mais importante na resposta à crise climática, com a destruição relacionada ao clima cada vez mais intensificada e a ambição de uma ação climática aquém do necessário.

“Embora a COVID-19 tenha forçado o adiamento da COP26 até 2021”, disse ele, referindo-se à conferência da ONU que avalia o progresso no enfrentamento das mudanças climáticas, “uma emergência climática já está entre nós”.

Guterres acrescentou que, à medida que a comunidade internacional trabalha para superar a crise da COVID, há uma abertura para enfrentar outra e conduzir o mundo para um caminho mais sustentável.

“Temos as políticas, a tecnologia e o know-how”, continuou ele, exortando os países a considerar seis ações positivas para o clima à medida que resgatam, reconstroem e reinicializam suas economias.

As ações, ele descreveu, incluem tornar as sociedades mais resilientes e garantir uma transição justa; garantir empregos verdes e crescimento sustentável; salvar a indústria, a aviação e a navegação com a condição de alinhamento aos objetivos do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas; parar os subsídios aos combustíveis fósseis e o financiamento do carvão; considerar o risco climático em todas as tomadas de decisão; e trabalharmos juntos.

“De forma simples, como o mundo se recupera da COVID-19 é um ‘momento decisivo’ para a saúde do nosso planeta”, enfatizou o chefe da ONU.

Enfrentar desigualdades

Em seu discurso, o secretário-geral também destacou que os esforços de recuperação devem abordar outras fontes de instabilidade e impulsionadores de descontentamento, incluindo desigualdades dentro e entre países e comunidades.

“Do racismo e discriminação de gênero às disparidades de renda, essas violações profundamente arraigadas dos direitos humanos ameaçam nosso bem-estar e nosso futuro”, disse ele.

A desigualdade, continuou Guterres, está associada à instabilidade econômica, corrupção, crises financeiras, aumento da criminalidade e saúde física e mental precária, e está se manifestando em novas dimensões.

Novo contrato social

“É por isso que tenho clamado por um novo contrato social em nível nacional”, disse ele.

“Isso deve representar uma nova geração de políticas de proteção social e redes de segurança, incluindo a Cobertura Universal de Saúde e a possibilidade de uma Renda Básica Universal. A educação e a tecnologia digital podem ser dois grandes facilitadores e equalizadores, fornecendo novas habilidades e oportunidades para a vida toda.”

No nível internacional, um Novo Acordo Global é necessário, para garantir que o poder, a riqueza e as oportunidades sejam compartilhados de forma mais ampla e equitativa, com uma globalização justa e uma voz mais forte para os países em desenvolvimento.

“Os parlamentares têm um papel central a desempenhar para ajudar o mundo a responder ao chamado de alerta da pandemia. Precisamos que vocês alinhem suas legislações e decisões de gastos com a ação climática e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, disse o secretário-geral da ONU.

Sociedade é convocada a construir diretrizes para a década do oceano no Brasil

A Década do Oceano foi proposta pela ONU para conscientizar a população sobre a importância dos oceanos e para mobilizar atores em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares. Foto: Jeremy Bishop / Pexels

A partir desta quarta-feira (19), brasileiros de todas as regiões estarão envolvidos em uma agenda de eventos que seguirá até o final do ano para construir de forma colaborativa o Plano Nacional para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável.

As diretrizes traçadas ajudarão o Brasil a planejar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro para serem executadas no período de 2021 a 2030. A participação e o engajamento de diferentes setores da sociedade é parte essencial para desenvolver um plano nacional, que contemple as necessidades, os desafios e as particularidades de todas as regiões do país.

A série de eventos para traçar o Plano Nacional para a Década do Oceano é uma iniciativa do MCTI, Marinha do Brasil, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Unifesp, Fundação Grupo Boticário e Rede ODS Brasil.

A Década do Oceano foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população global sobre a importância dos oceanos e para mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.

“A partir do engajamento da sociedade como um todo, buscamos gerar conhecimentos e inovações para conservar os oceanos. É a ciência que precisamos para o oceano que queremos”, ressaltou o oficial de projetos da UNESCO no Brasil, Glauco Kimura.

No Brasil, alguns eventos ocorridos desde o ano passado já trouxeram a Década para a pauta das discussões. Agora, várias entidades promovem uma série de eventos on-line, com participação gratuita, com o intuito de conhecer mais e melhor a relação de cada região brasileira com os mares – até mesmo as localidades do interior. O objetivo é reunir diferentes percepções e integrar processos.

“O oceano provê serviços essenciais para a sobrevivência de todos e regula o clima do planeta. Nós precisamos conhecer mais sobre esse assunto, por isso, fazemos o convite à sociedade para reunirmos informações e conhecimentos de cada uma das regiões do Brasil e garantir o futuro sustentável para as próximas gerações”, destacou a coordenadora-geral de Oceanos, Antártica e Geociência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Karen Silverwood-Cope.

A série de eventos começou nesta quarta-feira (19) com o primeiro webinário nacional “Onde estamos?”, que reuniu vários especialistas para falar sobre o cenário atual da costa e da vida marinha brasileira.

A programação seguirá até novembro com cinco oficinas subnacionais – uma para cada região do Brasil. “Buscamos uma participação diversificada, inclusiva e representativa em todas as regiões brasileiras. Com isso, queremos entender de que forma o ambiente marinho está relacionado com a economia, o bem-estar social, a resiliência costeira e a cultura de povos tradicionais em todo o país”, explicou o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz. Cada oficina regional terá até 105 participantes, selecionados a partir de inscrições, divididos em sete grupos de trabalho.

O calendário termina em dezembro com o segundo webinário nacional “O que temos e para onde vamos”, que trará os resultados de todos os encontros regionais, com um panorama nacional. Para o professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Ronaldo Christofoletti, a oportunidade de unir o conhecimento de cada uma das regiões é o principal diferencial da iniciativa. “É uma Década da ciência, mas que ao mesmo tempo é construída por todos os setores da sociedade. Precisamos que todos deixem a sua contribuição. Dado o tamanho continental do Brasil, precisamos ouvir as vozes das pessoas que vivem em cada uma dessas regiões”.

A programação completa e o formulário de inscrição estão disponíveis no site http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/.

Serviço:
Para inscrições e informações, clique aqui.

Agenda de eventos:

Indígenas brasileiros ensinam como tratar a Terra e seus recursos

Evento online teve conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil. Foto: PNUMA
Evento online teve conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil. Foto: PNUMA

Os povos Indígenas compõem mais de 5% da população mundial (cerca de 350 milhões de pessoas), segundo a ONU. Com uma cultura de relação profunda e equilibrada com a natureza, os indígenas do Brasil nos propõem importantes reflexões sobre como tratamos a Terra e seus recursos.

Na última sexta-feira (14), o Museu do Amanhã e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) promoveram uma conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil.

A sensibilidade do ator e a carga poética das falas de Célia deram o tom do bate-papo, que incluiu questões sobre sustentabilidade, alimentação, educação, religião e ancestralidades. Célia abordou as lutas indígenas, principalmente em meio à pandemia da COVID-19.

“Somos um povo que resiste pela força da ancestralidade. Entendemos o que vem de dentro, isso sim é sustentabilidade, é o que fazemos com o corpo-território. Cada vez que tentam nos arrancar nossos territórios, inventamos novos”, declarou.

“Porque nosso território também é história, narrativa, memória, conhecimento, é a ciência que nasce do útero da terra. O fogo que queima a Amazônia e o Cerrado jamais vai queimar a força da nossa palavra e não vai acabar com a nossa espiritualidade.”

Paulo, com simplicidade, respeito e pitadas de humor que o caracterizam, colocou-se no papel do público, trazendo dúvidas e inquietações que estão na mente dos espectadores – e fazendo a ponte com a realidade indígena. “É tribo ou aldeia? Pode casar com qualquer pessoa? Pode chamar de índio?”.

Essas e outras questões foram ponto de partida para um bate-papo informal, rico e permeado por reflexões profundas. Para o ator, a sociedade deve exercitar mais o papel de escuta dos povos indígenas.

“Nesse momento em que a gente passa por uma pandemia que não pode deixar de ser vista como um desastre ambiental, não podemos passar por isso de maneira cega. Olhar para os povos originários é entender o que está acontecendo e saber onde nós erramos”, frisou o ator.

Ao falar sobre educação escolar, Célia ressaltou que é muito importante para os indígenas “aprender sem se prender”. Também comentou sobre a importância de ter professores indígenas nas escolas indígenas e de mudar as narrativas das instituições de ensino sobre a história do país: “precisamos parar de replicar a primeira fake news: que Cabral descobriu o Brasil”.

A diversidade foi tema recorrente em sua fala. “É importante reconhecer os 305 povos indígenas, na diversidade brasileira. Eu tenho medo da monocultura, pra mim toda monocultura mata. Essa ideia de ‘monoculturação’ mata o pensamento, mata a terra.”

“Todo mundo fala que um prato que tem sustança é um prato colorido, diverso. Mas ninguém pensa assim para um projeto de sociedade”, disse. Ao ser perguntada sobre a primeira coisa que ensinaria aos não indígenas, voltou ao tema: “a diversidade cura. A diversidade alimenta”.

Paulo e Célia também se encontram na arte. Apesar da trajetória com o humor, ele disse que quando está muito triste tenta fazer arte. Já Célia contou que não houve um momento de se descobrir poeta. “Talvez eu tenha capacidade de fazer da luta melodia.”

O encontro encerrou a semana em que é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data para reforçar a luta pelos direitos e a valorização de todas as etnias nativas.

O bate-papo, que teve tradução em libras e um canal no Telegram disponível para que a comunidade de surdos pudesse enviar perguntas, está disponível no canal do Youtube das duas organizações (@museudoamanha / @PNUMABRASIL) e sela mais uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento e Gestão, responsável pela gestão do Museu do Amanhã, e o PNUMA.

“As lives que fizemos com Sebastião Salgado, Rosiska Darcy e Lenine durante o Dia Mundial do Meio Ambiente, em junho, foram experiências extremamente ricas para ambas as instituições. Há muita sinergia entre os nossos valores, missão e propósito”, afirmou Denise Hamú, Representante do PNUMA no Brasil.

“Juntos queremos potencializar nosso alcance; envolver outros públicos, e não apenas especialistas, na construção de entendimentos e caminhos para sociedades mais sustentáveis.”

“A parceria marca a troca de conhecimento, informações e programas, além de permitir que juntemos forças para continuar estimulando o debate público sobre as mudanças que precisamos empreender nesse momento de pandemia”, declarou Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, responsável pela gestão do Museu do Amanhã e do Fundo da Mata Atlântica.

“Queremos continuar pautando a importância da diversidade, do respeito aos povos, da convivência sustentável de todos entre si e com o planeta”, complementou.

O próximo bate-papo virtual será em setembro. Para saber mais, acompanhe as redes sociais do PNUMA (@pnuma_pt) e do Museu do Amanhã (@museudoamanha).