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Programa apoiado pela ONU beneficia mais de 300 venezuelanos em 5 cidades

Desde o início da pandemia de COVID-19, quando começou a nova fase do programa PANA, 355 venezuelanos em Brasília (DF), São José e Tubarão (SC), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP) foram beneficiados com moradia segura, alimentação, itens de higiene pessoal e de limpeza, assim como apoio na integração socioeconômica.

No Acre, o projeto tem fornecido alimentos e alojamento a migrantes, incluindo venezuelanos, que ficaram bloqueados por causa do fechamento da fronteira com o Peru devido à crise sanitária.

A pandemia também ocasionou adaptações no projeto para acolher grupos familiares em vulnerabilidade que sofreram os efeitos econômicos da crise sanitária nos estados de São Paulo, Rondônia, Santa Catarina e no Distrito Federal.

Numa primeira etapa, os beneficiários nesses estados foram acolhidos em Casas de Passagem com auxílio financeiro para compra de alimentos. Ao sair do alojamento, bolsas de subsistência, que variam entre 682 reais e 1.107 reais, de acordo com o número de membros do grupo familiar, são garantidas durante três meses.

“Esta assistência está sendo fundamental para centenas de pessoas em cada cidade onde o Pana está operando. A Cáritas Brasileira e a OIM tiveram que ajustar o projeto após a chegada da pandemia, de forma a possibilitar o apoio àquelas famílias impactadas direta ou indiretamente pela COVID-19”, destaca o coordenador de projeto da OIM, Guilherme Otero.

“Felizmente conseguimos aliviar as dificuldades para muitas famílias, até mesmo com integração e intermediação laboral”, complementa Otero.

Com o apoio do PANA, a venezuelana Rosa H., que atualmente vive em Brasília com o marido e dois filhos, recebeu moradia e auxílio financeiro já no começo da pandemia. O casal produz artesanatos e com as medidas de isolamento social teve a venda dos seus produtos fortemente impactada.

“O benefício veio em um momento oportuno, quando começou a pandemia e não tínhamos condições de trabalhar. A casa foi um bom lugar para morar e havia harmonia entre todos os beneficiários”, relata a artesã que hoje já aluga sua residência por conta própria.

O projeto prevê ainda, além do acolhimento, apoio por equipe multidisciplinar que atua nos campos psicossocial e jurídico, oferecendo auxílio e orientações ao grupo de venezuelanos, por exemplo, para a regularização migratória e documental no Brasil.

A intermediação laboral e orientação para a redação de currículos, apoiando a inserção econômica das pessoas atendidas também é realizada. Com o apoio do programa, 19 refugiados e migrantes conseguiram voltar ao mercado de trabalho. Um curso de costura de três semanas também foi ofertado para mulheres em São Paulo com o intuito de fortalecer potenciais talentos e facilitar a recolocação profissional.

Todos os beneficiários passam também pelo acompanhamento na Casa de Direitos, espaços da Cáritas nas cidades em que o Pana está presente, que realizam atendimento remotamente durante a pandemia. Dentre as principais atividades nesse período, está o acompanhamento para garantir o acesso ao auxílio-emergencial, disponibilizado pelo governo federal, diante do coronavírus.

Diante do novo cenário de pandemia, Wemmia Santos, assistente social do Pana no DF, acredita que as orientações e atenção fornecidas, reforçaram não somente o cuidado e prevenção, mas garantiram que os migrantes se reconhecessem novamente como cidadãos.

“O projeto, para além do suporte, orientações e garantia de assistência, forneceu a dimensão de dignidade a essas pessoas, porque uma vez que a gente garante direitos, avançamos muitos passos na integração efetiva de migrantes na nossa sociedade”, diz.

Ação no Acre

Além das Casas de Passagem e Casas de Direitos, o Pana também pôde apoiar 119 migrantes de diversas nacionalidades, incluindo venezuelanos, no Acre. Eles estavam em trânsito em direção ao Peru e não puderam seguir viagem devido ao fechamento das fronteiras ocasionado devido à crise sanitária.

“As ações do PANA foram uma grande ajuda para as pessoas migrantes que não puderam ingressar no Peru devido ao fechamento da fronteira por causa da pandemia de COVID-19. Com os recursos disponibilizados, pudemos oferecer três refeições diárias, para migrantes que estavam em Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia”, informa a voluntária e assessora da Cáritas Diocesana de Rio Branco, Aurinete Brasil.

A Cáritas Brasileira, por meio de sua rede no estado, passou a oferecer alimentação aos migrantes na fronteira em julho, em especial na cidade de Assis Brasil.

O nome do Programa, estabelecido entre 2018-2019 e retomado em 2020, é inspirado no vocabulário venezuelano: “Pana” é uma palavra popular na Venezuela que significa “amigo”. É com esse sentido de parceria que o programa busca estabelecer vínculos entre as pessoas que migram e as cidades acolhedoras.

O Pana Brasil é uma iniciativa da Cáritas Brasileira, realizada com o apoio da Organização Internacional para Migrações (OIM) e financiamento do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM), do Departamento de Estado dos Estados Unidos que visa acolher integralmente a migrantes e refugiados venezuelanos no Brasil, especificamente, em cinco cidades do território nacional: Brasília (DF), São José e Tubarão (SC), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP).

Fundo de População da ONU promove sessões informativas para pessoas refugiadas e migrantes em Roraima

O Fundo de População da ONU (UNFPA) segue realizando sessões informativas com a comunidade de venezuelanos em Roraima.

Nesse período de recolhimento para muitas pessoas, as equipes foram a campo em grupos reduzidos para mitigar os riscos de contágio por coronavírus, buscando alcançar as populações em situação de maior vulnerabilidade.

As ações incluíram rodas de conversa e a promoção de informações sobre enfrentamento à violência baseada em gênero e sobre saúde sexual, reprodutiva e direitos.

Também foram realizadas atividades sobre práticas de higiene para evitar o contágio pelo novo coronavírus, assim como os cuidados específicos para mulheres grávidas e lactantes. Essa ações são realizadas em atendimentos nos Postos de Triagem de Pacaraima e Boa Vista, assim como nos abrigos e ocupações.

A equipe do UNFPA ainda realizaram a colagem de cartazes em ocupações, abrigos e no postos de triagem. Os cartazes foram produzidos no âmbito da plataforma R4V (Resposta para a Venezuela) para proteção de mulheres e meninas refugiadas e migrantes.

As atividades de conversa e a promoção de informações ocorrem durante a entrega de kits de limpeza e kits dignidade, com itens de higiene pessoal, nas ocupações de Boa Vista, incluindo a Beira Rio, Criança Feliz, Posto Equador, Aprisco, Futura Sede Da PM (desocupada), Antigo Shopping e a Ka’ubanoko, esta última de pessoas indígenas e não indígenas. Em Pacaraima a equipe atuou nos espaços da Igreja Batista e do Projeto Canarinhos da Amazônia.

As sessões informativas  também são realizadas de maneira recorrente nos 12 abrigos de Boa Vista e nos dois abrigos de Pacaraima, além dos postos de triagem. O UNFPA ainda apoiou a campanha Quarentena Sem Violência da Casa da Mulher Brasileira do Governo de Roraima, na qual ocorreu a entrega de 400 kits, com informativos e orientações às mulheres.

O trabalho de comunicação do UNFPA junto às comunidades busca agregar ao esforço de fortalecimento da prevenção ao coronavírus, com foco nas mulheres, jovens e crianças refugiadas e migrantes, especialmente as mulheres grávidas e lactantes.

Rodas de conversa seguem acontecendo em Roraima. Foto: UNFPA
Rodas de conversa seguem acontecendo em Roraima. Foto: UNFPA

Fundo de População da ONU realiza formação com jovens em Boa Vista (RR)

Integrantes do projeto Bora Saber participaram de formação. Foto: UNFPA

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) realizou nesta sexta-feira (21) uma atividade de formação com jovens integrantes do projeto Bora Saber, que promove a testagem por fluido oral para HIV em Boa Vista (RR). O projeto funciona com a dinâmica de testagem por pares, que consiste na atuação de jovens voluntários que realizam diálogos e testagem com os outros jovens em suas respectivas comunidades.

O programa tem apoio do Ministério da Saúde e foi realizado em parceria com a Associação Bem com a Vida (ABV), a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), e a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (SESAU). O UNFPA financia o programa e realiza apoio técnico.

O chefe de escritório do UNFPA em Boa Vista, Igo Martini, esteve presente na abertura das atividades e agradeceu aos jovens presentes pelo trabalho realizado.

Na atividade de formação, o oficial de programa do UNFPA, Caio Oliveira, dialogou com os e as jovens do Bora Saber, com o objetivo central de empoderar os e as participantes do projeto para que representem seus pares e suas comunidades em espaços de construção de políticas públicas. Também reforçou a importância do protagonismo juvenil no desenvolvimento sustentável, e como formadores e formadoras de opinião e agentes políticos em seus territórios.

Ele explicou que a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é um dos pilares do UNFPA, lembrando que a incidência de novos casos de HIV triplicou nos últimos 10 anos entre a população jovem. Entre as causas, destacou a deficiência de acesso à informação sobre a prevenção de ISTs, inclusive nas escolas.

A conversa ainda abordou o surgimento das Nações Unidas no contexto do pós-guerra e quais os objetivos do Fundo de População da ONU. “Nosso objetivo é que toda gravidez seja planejada, todo parto seja seguro e que toda pessoa jovem desenvolva seu pleno potencial”, explicou o oficial de programa do UNFPA.

O grupo ainda debateu sobre a Declaração Universal de Direitos Humanos, e como ela foi importante para o desenho da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (documento destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais no país), além do processo de reforma sanitária no Brasil, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a sua importância para a sociedade. Foi reforçado o papel das pessoas jovens nos processos de participação, como os Conselhos de Saúde e como referência e apoio para outras pessoas jovens, no âmbito do projeto, tanto como multiplicadores de informação nos processos de testagem de HIV.

Segundo a diretora da ABV, Ana Cristina Carvalho, sem o Fundo de População da ONU seria impossível a realização do projeto. “A gente ficou muito feliz quando o UNFPA nos convidou. Sem esse projeto, estaríamos com as atividades da testagem paralisadas. Ficamos felizes porque temos um prazer enorme de realizar essa ação”.

Curso da ONU incentiva mulheres a assumir espaços de poder e decisão

O curso faz parte do “Projeto 50-50: Itabira” uma iniciativa pioneira da prefeitura de Itabira com a ONU Mulheres Brasil. Foto: Fauxels / Pexels

Segue até 28 de agosto o curso de Formação Política para Mulheres Candidatas em Itabira (MG), uma iniciativa pioneira da prefeitura com a ONU Mulheres Brasil, em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (NEPEM/UFMG).

O curso, uma iniciativa do “Projeto Cidade 50-50: Itabira”, é voltado para pré-candidatas às eleições municipais de 2020 e mulheres que tenham o interesse de ingressar na política.

Segundo o Mapa Mulheres na Política 2019, produzido pela ONU Mulheres e pela União Interparlamentar, apesar de ser a maioria da população brasileira e do eleitorado nacional, as mulheres ocupam menos de 15% dos cargos eletivos da Câmara dos Deputados.

“A participação em todas as esferas da vida social, política e econômica é um compromisso assumido pelos países no âmbito internacional. O curso contribui para que as mulheres tenham acesso a informações essenciais, e possam se apresentar como candidatas competitivas e comprometidas com a promoção da igualdade, independentemente de sua filiação partidária”, explicou a gerente de Projetos de Normas Globais, Governança, Liderança e Participação Política da ONU Mulheres Brasil, Ana Claudia Pereira.

Poucas mulheres na política local

Nas últimas eleições municipais, Itabira não elegeu vereadoras para a Câmara Municipal. Apesar de as mulheres comporem 52% da população de Itabira (IBGE, 2010), o único cargo eletivo ocupado por uma mulher é o da vice-prefeita, Dalma Barcelos.

Barcelos pondera que, com a atuação em parceria com a ONU Mulheres, a cidade nunca mais será a mesma. Para a vice-prefeita, a participação política é essencial para o desenvolvimento de uma cidade sustentável: “Quando a gente é mulher e está em espaços de liderança, nós temos que ajudar outras mulheres, porque a política é o espaço que nós temos para buscar mais independência, mais valores, mais participação”, afirmou a vice-prefeita de Itabira ao explicar a importância do curso para a cidade.

Adaptado ao contexto, que exige cuidados por conta da pandemia da COVID-19, o curso está sendo realizado de maneira remota. Ao todo foram programados nove encontros, divididos ao longo das duas semanas, com aulas sobre políticas públicas para mulheres, noções de processo legislativo, participação das mulheres na política, dentre outros temas relacionados à realização de campanhas.

“Não basta ter um bom currículo ou expertise em áreas diversas para se exercer um bom mandato como vereadora. Penso ser necessário ir além, se preparar, buscar conhecimentos aprofundados sobre as demandas do município e as políticas públicas necessárias, que propiciem desenvolvimento e inclusão social”, contou a pré-candidata a vereadora, Miriã Fonseca, ao levantar a importância em participar do curso.

Perfil da turma

Inscreveram-se no curso 52 mulheres, em sua maioria auto-declaradas pretas e pardas, com diferentes idades e profissões. A maior parte das inscritas é filiada a partidos políticos, mas apenas 16 são pré-candidatas.

Participam do curso também mulheres que pretendem contribuir com as suas comunidades em outros espaços. Para a aposentada Luíza Helena Ferreira, o curso tem apontado outras formas de ação na busca do empoderamento: “Eu sempre me indignei com o sofrimento das mulheres, mas eu não sabia que fazia parte das lutas feministas e, agora, o curso está me abrindo um novo leque de conhecimentos, nos quais eu quero continuar me aprofundando”, disse a aposentada ao se referir das aulas sobre os ‘Direitos das mulheres, trajetórias de lutas e a relação com o Estado’.

Até o fim do mês de agosto, a expectativa é que as inscritas no curso se empoderem, se apoiem e se sintam seguras para a disputa eleitoral.

Para a professora coordenadora do NEPEM e consultora da ONU Mulheres Brasil, Marlise Matos, é preciso entender o contexto político e histórico das mulheres na ocupação de espaços de poder e decisão: “A gente tem um caminho truncado, porque nós podemos votar, mas ainda não podemos nos eleger com a mesma plenitude, condições e autonomia que os homens”.

Projeto Cidade 50-50: Itabira

O treinamento faz parte do Projeto Cidade 50-50 – Itabira, que busca desenvolver ações para a promoção da igualdade de gênero na cidade, parceria firmada no segundo semestre de 2019, entre a prefeitura e a ONU Mulheres.

Saiba mais: Ninguém para trás: ações da ONU Mulheres em Itabira fomentam a promoção da igualdade de gênero entre poder público e sociedade civil

Para Mulheres na Ciência divulga lista de vencedoras da edição de 2020

Programa, que celebra 15 anos, reconhece e estimula a participação feminina na ciência brasileira e concede R$ 50 mil a cada uma das vencedoras. Foto: UNESCO
Programa, que celebra 15 anos, reconhece e estimula a participação feminina na ciência brasileira e concede R$ 50 mil a cada uma das vencedoras. Foto: UNESCO

Com a rápida disseminação da COVID-19 pelo mundo, se tornou ainda mais evidente a necessidade de investimentos constantes na ciência, que tem um papel-chave para solucionar os desafios do mundo.

Para ajudar nesta tarefa, a ciência precisa de mulheres. Por isso, há 15 anos a L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), promovem o programa “Para Mulheres na Ciência”, com o objetivo de transformar o cenário científico, contribuindo para o equilíbrio de gêneros na área.

Avaliar os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a saúde mental de adolescentes; pesquisar a origem dos raios cósmicos e sua possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas; e desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca, são alguns objetivos dos trabalhos vencedores da 15ª edição do programa.

Em pesquisa inédita com ganhadoras de anos anteriores, apenas um quarto das cientistas concordam que mulheres recebem as mesmas oportunidades que homens e 90% delas afirmaram já terem vivenciado preconceito ou falta de respeito por serem mulheres em suas carreiras.

Para apoiar jovens mulheres cientistas a darem prosseguimento aos seus estudos, há 15 anos o programa “Para Mulheres na Ciência” contempla sete jovens pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática com uma bolsa-auxílio de 50 mil reais.

É o caso da microbiologista Vivian Costa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que pesquisa soluções para identificar e tratar formas graves da dengue e outras doenças virais, como zika, chikungunya e até COVID-19.

“Em casos como esse, não adianta enfrentar só o vírus ou só a inflamação. É preciso desenvolver procedimentos que atuem nas duas frentes, reduzindo a carga viral e a inflamação excessiva causada pelo coronavírus. Estamos muito comprometidos em fazer a nossa parte, inclusive tenho alunos trabalhando voluntariamente nos diagnósticos de COVID-19”, afirma a pesquisadora.

Também da categoria Ciências da Vida, a bióloga Luciana Tovo, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL – RS), foi reconhecida por sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 no estresse crônico de adolescentes.

“Sabemos que a infância e a adolescência são períodos da vida críticos para início de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade”, argumenta Tovo. Para medir o estresse antes e após a pandemia, e estabelecer uma medida acurada, a solução dada por ela foi a medição de estresse a partir do cortisol capilar.

“O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês. Avaliamos os três centímetros mais próximos da raiz, de modo a mensurar o estresse vivenciado nos três meses anteriores à coleta”, explica a cientista.

Outra contemplada da região Sul do país é a física Rita de Cássia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que venceu na categoria Ciências Físicas. Uma das perguntas que motivam Rita é se galáxias em que há intensa formação de estrelas, conhecidas como galáxias starburst — que estão entre as mais luminosas do universo e apresentam fortes ventos — podem ser fontes de aceleração e propagação de raios cómicos.

Como pesquisadora e mulher negra, Rita já vivenciou diversas situações de racismo dentro e fora da academia e acredita na importância de aumentar as oportunidades de acesso e representatividade da população negra nas carreiras de maior prestígio e remuneração.

A cientista colabora com o projeto “Rocket Girls: Meninas na Astronomia e na Astronáutica”, que realiza atividades em robótica, arduíno e astronomia com meninas de escolas públicas de Palotina (PR).

A ideia é motivar as jovens a se interessarem pelas Ciências Exatas, área historicamente excludente e masculina. “Quando você mostra que passou por dificuldades, quando você fala da sua realidade e mostra para as meninas que é possível, elas se animam”, reflete.

Já a oncologista mineira Andreia Melo, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (INCA – RJ), foi escolhida pelo seu estudo para aperfeiçoar a imunoterapia contra o melanoma de mucosa, um tipo de câncer raro e grave, para o qual a sobrevida mediana é menor que 12 meses.

A proposta de Melo é um estudo translacional, que envolve desde análises em laboratório até uma proposta clínica. Dependendo das características moleculares dos tumores, um paciente pode enfrentar a enfermidade de forma mais ou menos favorável.

“Muito do que se faz hoje, na oncologia, é buscar essas diferentes características para entender qual vai ser o desfecho da doença”, explica a pesquisadora.

Ainda na categoria Ciências da Vida, a bióloga Fernanda Farnese, do Instituto Federal Goiano, foi premiada por desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca.

“Previsões apontam para uma redução de até 30% das chuvas no Brasil até o fim do século”, destaca Farnese. Ao perceber os impactos dos veranicos sobre a soja, teve a ideia de aspergir um líquido com substâncias produtoras do gás sobre as folhas da planta.

“O óxido nítrico altera o metabolismo da planta, intensificando mecanismos de defesa e, dessa forma, aumentando a tolerância à seca. Constatamos um crescimento de 60% na produtividade da soja”, conta.

A cada ano, os 14 membros do júri do programa selecionam trabalhos com potencial de encontrar soluções para importantes questões ambientais, econômicas e de saúde, como é o caso do trabalho da química Daniela Truzzi, da Universidade de São Paulo (USP), que busca compreender o funcionamento do óxido nítrico, gás relacionado a diversos processos, como a contração dos vasos sanguíneos, a defesa imunológica e a cicatrização de tecidos.

“Sabemos pouco sobre o que o óxido nítrico produz. Aprofundar esse conhecimento é fundamental para entender melhor os processos nos quais ele está envolvido”, explica a química.

Laureada na categoria Matemática, María Amelia Salazar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), estuda estruturas geométricas abstratas e complexas, contribuindo para uma nova área da matemática.

Seu objeto de estudo remonta de uma teoria da simetria contínua e sua aplicação ao estudo da geometria e das equações diferenciais, do século 19. “É uma história bonita, porque faz a ponte entre duas áreas da matemática que, em princípio, não tinham a ver uma com a outra”, admira a pesquisadora.

E, a partir desse ano, o prêmio traz uma novidade para as vencedoras. A UNESCO dará um treinamento para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias, incluindo webinários sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.

Há 15 anos, o programa “Para Mulheres na Ciência” premia pesquisadoras de diversos lugares do Brasil. Nesse período, o programa já reconheceu e incentivou mais de 100 cientistas, premiando a relevância dos seus trabalhos, com a distribuição de mais de 4,5 milhões de reais em bolsas-auxílio.

Vencedoras do L’Oréal-UNESCO-ABC “Para Mulheres na Ciência” 2020

Ciências da Vida:
Luciana Tovo
Vivian Costa
Fernanda Farnese
Andreia Melo
Química: Daniela Truzzi

Física: Rita de Cássia dos Anjos
Matemática: María Amelia Salazar

Quer saber mais sobre o programa e cada pesquisadora?
Acesse o site: www.paramulheresnaciencia.com.br
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UNFPA firma acordo para doação de insumos médicos e hospitalares a Roraima

Representante do UNFPA, Astrid Bant, participou por videochamada de reunião com o governador de Roraima. Foto: UNFPA

A representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, Astrid Bant,  participou de audiência na quarta-feira (19) com o governador de Roraima, Antônio Denarium, para formalizar um acordo com a Secretaria de Saúde e garantir a doação de insumos médicos e hospitalares.

Com a presença do secretário estadual de Saúde, Marcelo Lopes, a reunião visou ampliar o acesso a informações sobre saúde reprodutiva e direitos no estado, incluindo o reforço da oferta de métodos contraceptivos.

Bant e o oficial de programa, Caio Oliveira, participaram da audiência por videochamada. Participou presencialmente o chefe de escritório em Roraima, Igo Martini. Pelo governo de Roraima, estiveram no encontro o secretário estadual interino de Justiça e Cidadania (Sejuc), Hércules da Silva Pereira, e a secretária estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), Tânia Soares.

“Sempre atuamos apoiando os governos nacionais e locais, organizações humanitárias e comunidades locais a defender a dignidade e o direito de todas as pessoas afetadas. Para reafirmar nosso compromisso com o estado de Roraima, hoje estamos formalizando um memorando de entendimento com a Secretaria de Estado da Saúde”, disse Bant.

Ela destacou que o Fundo de População da ONU tem por objetivo contribuir para a ampliação do acesso a informações corretas sobre saúde e direitos reprodutivos e apoiar a ampliação do acesso aos métodos contraceptivos seguros, eficazes, acessíveis e aceitáveis.

Para as mulheres grávidas, o Fundo irá contribuir para que tenham acesso a serviços que assegurem o pré-natal de qualidade e lhes apoiem na vivência de uma gravidez e de partos seguros e humanizados, com bebês saudáveis.

Ela lembrou que, em parceria com o governo do estado, o Fundo de População já disponibilizou kits dignidade para cerca de 200 mulheres reclusas na Cadeia Feminina de Roraima, além de ter realizado doações para adolescentes dos abrigos do estado, para pessoas idosas da Casa do Vovô e para as mulheres que são acolhidas e atendidas pela Casa da Mulher Brasileira e para a campanha Quarentena Sem Violência.

A representante do UNFPA ainda destacou que o Fundo reforçará o apoio ao Departamento Penitenciário, com uma equipe formada por uma enfermeira e uma técnica de enfermagem, para orientar as mulheres sobre pré-natal, saúde sexual e saúde reprodutiva.

A pedido da SESAU, além da Maternidade de Boa Vista, o UNFPA ainda irá apoiar os Hospitais das cidades de Pacaraima e de Rorainópolis.

Na audiência, o governador agradeceu a presença e atuação do UNFPA em Roraima e o apoio do Fundo para a Operação Acolhida e as secretarias de estado.

“Nós agradecemos ao UNFPA pelas doações de kits e insumos aos hospitais, abrigos do estado e unidades prisionais. Essas doações são de grande importância para Roraima”, disse Denarium na reunião.

Para Igo Martini, “firmamos hoje uma importante parceria com o governo de Roraima para ações em saúde sexual e reprodutiva”.

“Todas as ações previstas na parceria foram elaboradas a partir de diálogos com as equipes e gestores da SESAU, SETRABES, SEJUC e com o governador Antonio Denarium. Vamos seguir trabalhando e apoiando o governo local para chegarmos a zero necessidades não atendidas de contracepção, zero morte materna evitável e zero violência contra mulheres e meninas.”

Caio Oliveira destacou que “o intenso fluxo migratório de venezuelanos têm impactado a capacidade governamental em responder adequadamente às crescentes demandas em saúde geradas por essa população, sobretudo no que se refere à saúde reprodutiva de mulheres e adolescentes”.

“O apoio do UNFPA, por meio da Assistência Humanitária, não se restringe unicamente em atender a população venezuelana, mas a população roraimense como um todo. É uma oportunidade onde todos ganham.”

Entre os insumos a serem doados estão materiais para apoio ao pré-natal, anticoncepcionais, equipamentos laboratoriais e também equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais de saúde, incluindo mil macacões de segurança, 8 mil máscaras cirúrgicas, 700 protetores faciais reutilizáveis, 700 óculos de proteção, 6.500 luvas não-cirúrgicas e 2.500 luvas cirúrgicas, essenciais para o enfrentamento a pandemia de COVID-19.