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Tráfico de cocaína e heroína rende 200 mil dólares por minuto

Cocaína apreendida. Foto: ONU.O chefe da agência das Nações Unidas contra o crime destacou os números globais alcançados pelo crime organizado transnacional, pedindo a aplicação universal da Convenção da ONU para combater o flagelo. O Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, ressaltou que o crime organizado “cresceu para proporções globais”.

Países se reuniram em Viena (Áustria) para uma reunião da ONU, com duração de uma semana, dando início a uma análise do progresso global uma década após a aprovação da Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional na cidade italiana de Palermo. Abrindo a reunião, Fedotov disse que, embora o pacto seja uma ferramenta poderosa, é subutilizado. Atualmente, 157 Estados ratificaram a Convenção. O Diretor do UNODC disse que uma maior conscientização é necessária para ajudar os Estados a fazer uma utilização mais eficaz do tratado.

A Convenção prevê novas possibilidades de cooperação, incluindo investigações transfronteiras, bem como a definição de crime organizado transnacional que pode ser aplicado de forma ampla para incluir novas e emergentes formas de crime, como tráfico de recursos naturais ou falsificação de medicamentos. O UNODC disse que o tratado pode atingir os criminosos na área mais prejudicial, cortando-lhes a vital força financeira através de medidas de combate à lavagem de dinheiro, busca a bens saqueados e quebra de sigilo bancário.

De acordo com a sua Avaliação da Ameaça do Crime Organizado Transnacional de 2010, o UNODC concluiu que o tráfico de droga continua sendo a linha mais lucrativa de negócio para os criminosos. Cocaína traficada da região andina até a América do Norte e Europa rende mais de 70 bilhões de dólares anualmente, e a heroína traficada do Afeganistão para a Europa tem um valor de rua de mais de 30 bilhões de dólares. Isto significa que os traficantes de cocaína e heroína ganham quase 280 milhões de dólares por dia, ou 200 mil dólares por minuto.

Terrorismo e crime organizado cada vez mais ligados à África

Presidente da CTITF, Jean Paul Laborde. Foto: ONU.O terrorismo na África está cada vez mais ligado ao crime organizado, e os governos deste continente devem tomar medidas mais eficazes para reverter esta situação, declarou o Presidente da Força-tarefa da ONU Contra o Terrorismo (CTITF), Jean-Paul Laborde. Ele também solicitou aos países de todo o mundo que ampliem suas estratégias antiterroristas, envolvendo não apenas militares e agências de aplicação da lei.

Laborde disse que o recente assassinato de um trabalhador humanitário francês na África Ocidental e os atentados suicidas em Kampala (Uganda) desmentem a visão tradicional de que a África não é um alvo para o terrorismo.”E o elemento que tornou mais perigoso na África é esse tipo de aliança entre o crime organizado transnacional e o terrorismo”, disse Laborde ao Centro de Notícias da ONU.

Ele disse ainda que o problema foi exacerbado pelas muitas fronteiras porosas, pelos baixos padrões de vida e pela tensão política e social na África. “No passado, o terrorismo estava ligado aos movimentos de libertação, ao pretexto da criação de um Estado ou tinha base nas diferenças de religião, mas se você olhar a lista de grupos terroristas ativos [na África], poderá ver que não é o caso… Está ligado a muitas atividades do crime organizado transnacional”.

Laborde mencionou que a África Ocidental está se tornando mais popular como um destino intermediário na operação de transferência de droga da América do Sul para a Europa e outros lugares, e que os grupos terroristas estão usando fundos angariados neste processo para comprar armas para suas ações.

Sem incentivos financeiros alternativos, os agricultores pobres e outros trabalhadores de baixa renda serão cada vez mais atraídos para esta arena, concordando em transportar drogas em uma direção e armas em outro. Ressentimentos políticos, étnicos e religiosos também estão alimentando o desejo de alguns africanos de participarem de atividades terroristas, acrescentou Laborde.

Ele disse que os Estados africanos – e governos em todo o mundo – devem aumentar suas estratégias para lidar com questões como o desemprego dos jovens, violações aos direitos humanos e intolerâncias racial e religiosa. “Eles devem atentar para a prevenção de conflitos, melhorando o papel das leis, combatendo a corrupção e erradicando o crime organizado transnacional”.

A maneira fundamental de se alcançar estes objetivos é envolvendo a sociedade civil, já que esta pode desempenhar um papel vital na luta contra alguns dos problemas, particularmente em relação ao desenvolvimento econômico, que dificulta a propagação do terrorismo.

Laborde informou os Estados-Membros da ONU recentemente sobre o trabalho do CTITF, bem como sobre os preparativos para uma reunião no início de setembro para rever a Estratégia Antiterrorista Global da ONU, que foi adotada em 2006.

UNODC e Panamá lançam programa para intensificar segurança marítima na América Central

Camisas de grife falsificadas. Foto: UN.Em um esforço para intensificar a segurança marítima na América Central, o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC) e o Panamá lançaram na semana passada um programa comum destinado a impedir que mercadorias ilícitas e falsificadas entrem no mercado através de portos marítimos.

O programa inclui o lançamento, pelo UNODC, do Centro de Excelência em Segurança Marítima na Cidade do Panamá; e a abertura de um escritório regional para a América Central, Cuba e República Dominicana, com apoio financeiro do governo panamenho.

O centro vai ajudar a identificar ameaças à segurança marítima e servir como uma fonte de conhecimentos, formação, recolha e análise de dados. O novo centro operacional do UNODC na cidade do Panamá também vai permitir à organização fornecer serviços de aconselhamento mais eficazes aos países da região.

O fluxo de drogas dos países andinos para a América do Norte é uma preocupação central. “70% dos crimes na América Central estão diretamente ligados ao tráfico de drogas”, disse o vice-presidente e chanceler panamenho, Juan Carlos Varela. “Este enfoque reforçado na segurança marítima ajudará os governos da região a enfrentarem a ameaça comum do crime organizado”.

A maior parte do comércio mundial é realizado em contêineres, o que significa que eles são também as principais formas de entrega de mercadorias ilícitas, disse o vice-diretor executivo e diretor do UNODC durante uma visita ao porto de Balboa, no Panamá. “Uma melhor segurança dos contêineres pode aumentar os riscos e reduzir os benefícios para o crime organizado”, disse Maertens.

Menos de 2% dos 420 milhões de contêineres utilizados globalmente a cada ano são inspecionados, criando grandes oportunidades para os traficantes e contrabandistas para esconder a carga ilícita, de acordo com o UNODC. Melhorar a segurança dos contêineres nos portos do Panamá é uma prioridade, já que mais de 11 milhões de contêineres passam pelo Canal do Panamá anualmente.

Desde que ingressou no Programa de Controle de Contêineres no ano passado, o Panamá tem aumentado significativamente o número de apreensões de mercadorias ilegais escondidas em contêineres. “Graças à melhorias na inteligência e na difusão de informações, em apenas sete meses as autoridades panamenhas conseguiram confiscar 146 contêineres que transportavam drogas e mercadorias falsificadas, correspondentes a mais de 20 milhões de dólares”, concluiu Maertens.

Métodos de camuflagem altamente sofisticados são parte do problema, mas os agentes da lei nos portos são frequentemente prejudicados pela desconfiança interinstitucional, corrupção, pelos complexos processos portuários, pela falta de recursos e por condições perigosas.