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Terrorismo e crime organizado cada vez mais ligados à África

Presidente da CTITF, Jean Paul Laborde. Foto: ONU.O terrorismo na África está cada vez mais ligado ao crime organizado, e os governos deste continente devem tomar medidas mais eficazes para reverter esta situação, declarou o Presidente da Força-tarefa da ONU Contra o Terrorismo (CTITF), Jean-Paul Laborde. Ele também solicitou aos países de todo o mundo que ampliem suas estratégias antiterroristas, envolvendo não apenas militares e agências de aplicação da lei.

Laborde disse que o recente assassinato de um trabalhador humanitário francês na África Ocidental e os atentados suicidas em Kampala (Uganda) desmentem a visão tradicional de que a África não é um alvo para o terrorismo.”E o elemento que tornou mais perigoso na África é esse tipo de aliança entre o crime organizado transnacional e o terrorismo”, disse Laborde ao Centro de Notícias da ONU.

Ele disse ainda que o problema foi exacerbado pelas muitas fronteiras porosas, pelos baixos padrões de vida e pela tensão política e social na África. “No passado, o terrorismo estava ligado aos movimentos de libertação, ao pretexto da criação de um Estado ou tinha base nas diferenças de religião, mas se você olhar a lista de grupos terroristas ativos [na África], poderá ver que não é o caso… Está ligado a muitas atividades do crime organizado transnacional”.

Laborde mencionou que a África Ocidental está se tornando mais popular como um destino intermediário na operação de transferência de droga da América do Sul para a Europa e outros lugares, e que os grupos terroristas estão usando fundos angariados neste processo para comprar armas para suas ações.

Sem incentivos financeiros alternativos, os agricultores pobres e outros trabalhadores de baixa renda serão cada vez mais atraídos para esta arena, concordando em transportar drogas em uma direção e armas em outro. Ressentimentos políticos, étnicos e religiosos também estão alimentando o desejo de alguns africanos de participarem de atividades terroristas, acrescentou Laborde.

Ele disse que os Estados africanos – e governos em todo o mundo – devem aumentar suas estratégias para lidar com questões como o desemprego dos jovens, violações aos direitos humanos e intolerâncias racial e religiosa. “Eles devem atentar para a prevenção de conflitos, melhorando o papel das leis, combatendo a corrupção e erradicando o crime organizado transnacional”.

A maneira fundamental de se alcançar estes objetivos é envolvendo a sociedade civil, já que esta pode desempenhar um papel vital na luta contra alguns dos problemas, particularmente em relação ao desenvolvimento econômico, que dificulta a propagação do terrorismo.

Laborde informou os Estados-Membros da ONU recentemente sobre o trabalho do CTITF, bem como sobre os preparativos para uma reunião no início de setembro para rever a Estratégia Antiterrorista Global da ONU, que foi adotada em 2006.

Apesar do recente progresso, África Ocidental permanece em encruzilhada

Representante Especial da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit. Foto: ONU.As causas dos conflitos na África Ocidental, incluindo tensões étnicas e desafios de governos, poderiam reverter os ganhos feitos na consolidação da paz, deixando a região numa encruzilhada. Está é a avaliação de um alto funcionário das Nações Unidas no país, feita nesta terça-feira (13). “Isto requer o apoio contínuo da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, para manter o momento de paz e estabilidade na região.” disse o Representante Especial para a África Ocidental, Said Djinnit.

Seis meses após seu último encontro com o Conselho de Segurança, Djinnit disse que a situação na região tem melhorado. Na época, uma crise constitucional tinha surgido no Níger, enquanto grande parte da população da Guiné era afetada pela insegurança alimentar, tráfico de drogas e outros obstáculos. “Desde então, a realização de eleições pacíficas no Togo – e a subsequente formação de um governo com a participação da oposição –, além do contínuo compromisso das autoridades do Níger com um programa de transição, são sinais encorajadores de progresso”.

“Não preciso dizer que uma democracia estável e pacífica em Guiné teria grandes implicações na estabilidade da região”, especialmente no fortalecimento da paz duramente conquistada em Serra Leoa e na Libéria, apontou Djinnit. O progresso na Guiné também poderia ajudar a resolver a atual crise na vizinha Guiné-Bissau. Neste país, uma série de assassinatos políticos têm ameaçado a segurança e estabilidade da região, mas a ordem foi restaurada com as eleições de Malam Bacai Sanhá, em junho de 2009. Nos últimos seis meses foi observado um crescimento na África Ocidental, apoiado pela recuperação da economia global. No entanto, Djinnit destacou que estas melhoras ainda não ocasionaram uma redução sustentável da pobreza.

Ao mesmo tempo, as perspectivas de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) permanecem fracas. Também preocupa a crise alimentar que envolve milhões de pessoas, especialmente em Níger, lar de mais de sete milhões de pessoas famintas.

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