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Em visita ao Brasil, diretora regional da ONU Mulheres discutirá agenda de direitos

Maria-Noel Vaeza é diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe. Foto: ONU Mulheres/Gustavo Dantas
Maria-Noel Vaeza é diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe. Foto: ONU Mulheres/Gustavo Dantas

Os 25 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e os cinco anos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável são temas de audiências da diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Maria-Noel Vaeza, com autoridades do governo brasileiro, em Brasília (DF).

Vaeza cumprirá missão, de 20 a 23 de fevereiro, na capital federal e no Rio de Janeiro (RJ), acompanhada da representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya.

Em Brasília, nos dias 20 e 21 de fevereiro, a diretora regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe terá audiências com autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário Federais.

Nestes encontros, serão discutidas convergências e reforçadas alianças estratégicas em relação às agendas global, regional e nacional. Além dos compromissos com parceiros do Estado Brasileiro, haverá também ao longo destes dois dias diálogo com autoridades e equipe das Nações Unidas no Brasil.

Serão momentos para reforçar a agenda de direitos das mulheres, impulsionada pela campanha internacional Geração Igualdade, voltada à ação de agentes-chave para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.

Serão, também, os primeiros encontros formais da representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya, com autoridades brasileiras desde a sua incorporação ao escritório, em dezembro de 2019.

A diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe se deslocará para o Rio de Janeiro (RJ), onde, no sábado (22), terá encontro com as participantes do programa “Uma Vitória Leva à Outra”, da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional (COI).

À noite, o grupo se juntará à jogadora brasileira Marta Silva, embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres e defensora dos ODS, para desfile na escola de samba Inocentes de Belford Roxo, às 22h45, na Marquês de Sapucaí.

A jogadora de futebol será homenageada pela sua colaboração ao esporte e ao encorajamento de mulheres e meninas em todo o mundo, além da sua atuação nas Nações Unidas para alcance dos objetivos globais – entre eles o Objetivo nº 5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Dezesseis adolescentes do programa “Uma Vitória Leva à Outra” representarão as mais de 1 mil participantes da iniciativa, lançada em 2016 como legado dos Jogos Olímpicos do Rio.

Jogadora Marta leva Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ao Carnaval do Rio

Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown
Foto: ONU Mulheres/Ryan Brown

Marta Vieira da Silva é uma inspiração global. Considerada a melhor jogadora de futebol de todos os tempos, foi eleita seis vezes melhor jogadora do mundo pela FIFA e conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008. Também se tornou maior artilheira da história das Copas do Mundo no ano passado.

A jogadora brasileira é defensora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e embaixadora da ONU Mulheres para mulheres e meninas no esporte, sendo reconhecida por seu compromisso ao longo da vida de desafiar estereótipos, superar barreiras e inspirar outras mulheres e meninas a fazer o mesmo.

Em 2020, sua história de empoderamento será homenageada no samba-enredo da escola Inocentes de Belford Roxo. No sábado (22) de Carnaval, a escola desfila no Sambódromo para um público de cerca de 50 mil pessoas.

Mulheres, homens, meninas e meninos de várias partes do Brasil e do mundo celebrarão na ocasião a força de mulheres e meninas para derrotar preconceitos e ocupar seu espaço. Na Década de Ação para o alcance dos objetivos globais até 2030, é crucial que os ODS sejam divulgados de várias maneiras para alcançar todas as pessoas no mundo.

Marta desfilará em um carro alegórico no formato de uma chuteira dourada, com um emblema gigante da ONU simbolizando o reconhecimento de sua jornada. Ela costuma dizer que deseja continuar contando sua história como uma forma de inspirar outras meninas a persistirem e alcançarem seus sonhos. “Eu não quero ser uma exceção”, diz Marta.

Seu sonho já se tornou realidade por meio das meninas que participam do programa “Uma vitória leva à outra”, uma iniciativa de ONU Mulheres e Comitê Olímpico Internacional (COI). O projeto dá a adolescentes e jovens mulheres a oportunidade de praticar esportes e obter habilidades educacionais para a vida. Até o fim de 2020, cerca de 1,7 mil meninas participarão do programa, que teve início em 2016 como um legado dos Jogos Olímpicos do Rio.

Dezesseis delas participarão do desfile, representando a esperança de um futuro igualitário, uma nova “Geração Igualdade”, em referência ao movimento da ONU Mulheres em comemoração ao 25º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim — a agenda mais visionária para os direitos humanos de mulheres e meninas. Kathely, de 19 anos, Rebeca, de 14, e Hingride, de 20, estão contando os minutos para o grande dia.

“Marta nasceu em uma família muito pobre e teve que enfrentar muitos desafios, assim como nós. É muito poderoso ver o que ela alcançou”, diz Kathely. Para Rebeca, a jogadora é um exemplo de por que devemos continuar pressionando por salários iguais. “Ela é a melhor jogadora e, ainda assim, ganha muito menos do que muitos jogadores do sexo masculino. Isso não deveria ser normal. Mesmo emprego, mesmo salário.”

Hingride afirma que ver a história de Marta contada no Carnaval significa muito para as mulheres, “porque sentimos na pele as desigualdades de gênero”. No entanto, ela diz querer mais: “não quero que as pessoas, principalmente os homens, apenas falem sobre isso. Eu quero ação e quero mudança”.

ONU lança programa para segurança em eventos esportivos e prevenção do extremismo violento

Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro – Foto: Heiko Behn/Pixabay
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro – Foto: Heiko Behn/Pixabay

As Nações Unidas lançaram esta semana, em Nova Iorque, um programa global sobre segurança de grandes eventos esportivos e promoção do esporte e seus valores como ferramenta para prevenir o extremismo violento.

O objetivo do novo programa é desenvolver políticas e práticas inovadoras, fortalecer a cooperação internacional, estimular parcerias público-privadas e novas abordagens de segurança. Nos próximos meses, será lançada a campanha “Say NO to Terrorism” (“Diga NÃO ao Terrorismo”), com atletas e organizações da sociedade civil.

Ainda no primeiro semestre, estão previstas duas reuniões internacionais com especialistas dos estados-membros, organizações internacionais e regionais, federações esportivas e representantes do setor privado. Depois disto está prevista a criação de um pacote de diretrizes para ajudar os estados-membros a organizar eventos esportivos, além de uma Rede Digital Global para troca de informação e boas práticas.

Com apoio do Catar, China e da Coreia do Sul, o programa é uma iniciativa conjunta do Escritório de Combate ao Terrorismo das Nações Unidas, do Instituto de Pesquisa Inter-Regional de Crime da ONU, da Aliança de Civilizações da ONU e do Centro Internacional de Segurança do Esporte.

Nas últimas décadas, ocorreram os ataques às Olimpíadas de Munique, na Alemanha, em 1972, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996 e nas maratonas do Sri Lanka em 2008 e em Boston em 2013.

Para o chefe do Escritório da ONU de Contraterrorismo, Vladimir Voronkov, o esporte promove tolerância e igualdade de gênero e fortalece comunidades, cria resiliência e usa os instintos competitivos naturais de uma forma harmoniosa. No lançamento do programa, Voronkov reformou a necessidade do apoio de todos: “A comunidade internacional tem a obrigação moral de proteger os esportes e promovê-los como uma forma poderosa para combater o terrorismo e prevenir o extremismo violento.”

Estádio Urbano Caldeira - Vila Belmiro. Foto Wikimedia Commons/Nelson R. de Lima Filho (CC)

ACNUR e Santos FC firmam parceria para inclusão de pessoas refugiadas no esporte

Estádio Urbano Caldeira - Vila Belmiro. Foto Wikimedia Commons/Nelson R. de Lima Filho (CC)
Estádio Urbano Caldeira – Vila Belmiro. Foto Wikimedia Commons/Nelson R. de Lima Filho (CC)

O Santos Futebol Clube e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) firmaram parceria que prevê o apoio do organismo das Nações Unidas na capacitação dos profissionais do time e a indicação de pessoas refugiadas para atividades de inclusão social.

O termo de cooperação inclui acesso de crianças refugiadas às escolas de futebol oficial do Santos FC em todo o Brasil, assim como a promoção do tema do refúgio em campanhas conjuntas de comunicação.

Representantes de ACNUR e Santos FC disseram que o compromisso ultrapassa as iniciativas dentro de campo, ampliando o conhecimento e o alcance de mensagens sobre o tema dos refugiados.

“Como marca reconhecida mundialmente, o Santos Futebol Clube tem responsabilidade social com questões que envolvam não somente o Brasil, mas também o exterior. É preciso olhar com serenidade e sensibilidade para as histórias de vida de pessoas refugiadas”, disse José Carlos Peres, presidente do clube.

“O ACNUR enxerga o esporte como uma ferramenta fundamental de desenvolvimento pessoal e integração social, reforçado pela convivência e espírito de coletividade entre seus participantes”, disse o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

“Tendo um importante clube como o Santos como parceiro estratégico para a implementação de iniciativas de inclusão e comunicação, novas pessoas se sensibilizarão para que os refugiados possam ser bem acolhidos em nosso país.”

Como pontapé inicial da parceira, 11 crianças refugiadas de diferentes nacionalidades entrarão em campo com os jogadores na partida contra o Red Bull Bragantino, quinta-feira (23), às 19h15, na Vila Belmiro, em Santos (SP), no primeiro jogo da equipe pelo Campeonato Paulista de Futebol 2020.

Após a entrada em campo, as crianças acompanharão os jogos das arquibancadas com seus pais, proposta que será mantida ao longo do ano. A partir de fevereiro, as crianças refugiadas já poderão ser inscritas nas 60 escolas de futebol franquiadas, em 13 unidades da federação.

Sobre o ACNUR

Criado em 1950 por resolução da Assembleia Geral da ONU, o ACNUR protege e assegura os direitos de refugiados e populações apátridas em todo o mundo. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981).

Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca de 130 países. No Brasil, o ACNUR atua em cooperação com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e em coordenação com os governos federal, estaduais e municipais, a sociedade civil e o setor privado.

Prática do jiu-jitsu une jovens brasileiros e venezuelanos em Pacaraima (RR)

Pontualmente às seis da tarde os alunos do professor Tigrão já estão posicionados para começar mais uma aula de jiu-jitsu na pequena cidade de Pacaraima (RR), que faz fronteira com a Venezuela. O projeto Jiu-Jitsu Anjos do Esporte conta com a participação de mais de 25 refugiados e migrantes venezuelanos do total de 65 alunos.

O projeto existe há nove anos e por estar em uma cidade fronteiriça sempre contou com a presença de alunos venezuelanos.

Com o agravamento da situação no país vizinho e a consequente intensificação do fluxo de pessoas em busca de proteção internacional no Brasil, Pacaraima acabou se tornando o destino ou mesmo a passagem de muitos venezuelanos.

Até novembro de 2019, mais de 224 mil venezuelanos entraram no Brasil, sendo que 119 mil deles são solicitantes da condição de refugiado.

Diante desta circunstância, o professor Elke Junior, mais conhecido como Tigrão, enxergou no esporte uma forma de poder contribuir para o convívio social de algumas das milhares de crianças e jovens que atualmente residem em Pacaraima.

“O esporte não é só entretenimento ou atividade física. O esporte é educação de todas as faculdades do ser humano”, enfatiza Tigrão.

Para o professor, apaixonado por seu ofício, “o jiu-jitsu trabalha a disciplina, respeito e companheirismo, e em um contexto onde duas nacionalidades se misturam, isso é essencial para se desenvolver uma convivência respeitosa e pacífica”.

O projeto é oferecido gratuitamente para os alunos, que devem estar comprometidos com a frequência, pontualidade e bons resultados – tanto no jiu-jitsu quanto na escola. O próprio professor é quem busca recursos para manter a escolinha acessível aos alunos e alunas com menos recursos financeiros.

Para auxiliar o projeto, o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) doou quimonos (traje das lutas marciais) e bebedouros com o apoio financeiro da União Europeia, que investe no fortalecimento da resposta aos venezuelanos na região Norte do Brasil com projetos que promovem a proteção de populações em maior situação de vulnerabilidade e a convivência pacífica com a comunidade de acolhida.

A troca de experiências entre os alunos ajuda a romper barreiras que possam ter sido formadas pelo desconhecimento da situação do outro. O jovem venezuelano Jhosniel Campos, de 15 anos, veio para o Brasil há quase um ano com sua família de cinco pessoas.

Fugindo da situação em que se encontrava na Venezuela, Jhosniel afirma que “estar aqui me ajuda a não ficar pensando muito no futuro, além de aprender um pouco mais de português durante as aulas”.

Jhosniel ainda tem que ir todos os dias de Pacaraima para a cidade vizinha na Venezuela, Santa Elena Uairén, para continuar seus estudos – um percurso de 17 km. “Ainda preciso fazer esse caminho, mas ano que vem já estarei estudando aqui em Pacaraima”, afirma o jovem.

A adolescente brasileira Adileide Lopes, de 12 anos, participa do projeto há mais de dois anos e acompanhou a crescente chegada dos novos alunos venezuelanos. “No começo, ficamos meio receosos de como seria praticar junto com eles. Não entendíamos porque eles estavam vindo para o nosso país, nem como era a sua cultura. Mas em poucos meses nos tornamos amigos”, lembra.

O professor explica que as crianças refugiadas venezuelanas chegam muito tímidas por conta do idioma e da situação que elas se encontram. Iniciativas como essas ajudam a diminuir as desavenças e as diferenças já que por meio do esporte, todos conseguem se comunicar em uma mesma língua.

“Acreditamos que o esporte é um ótimo vetor para quebrar barreiras entre as duas populações e promover uma convivência pacífica” afirma o chefe do escritório do ACNUR em Pacaraima, Rafael Levy.

“Durante as aulas, não só as crianças, mas as famílias acabam se conhecendo e convivendo em um ambiente seguro. Essa troca que é facilitada pelo esporte se espalha para as outras esferas da vida e da comunidade”, complementa.

As autoridades brasileiras estimam que cerca de 224 mil venezuelanos vivem atualmente no país. Uma média de 500 venezuelanos continua a atravessar fronteira com o Brasil todos os dias, tendo em Pacaraima a principal fronteira de entrada da população que busca proteção e garantia de seus direitos.