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Ação social de CBF e UNESCO apoia crianças em situação de vulnerabilidade

Implementado há pouco mais de um ano, o projeto Gol do Brasil, ação social da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltada para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos em situação de vulnerabilidade, acaba de ganhar um reforço: a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Na última segunda-feira (12), as duas instituições celebraram o acordo de cooperação, em uma reunião realizada por meio de videoconferência.

O objetivo da parceria é contar com o conhecimento da UNESCO para mensurar o impacto social das ações do Gol do Brasil na vida e na comunidade dos participantes do projeto – das crianças aos instrutores, passando também pela família dos participantes.

Serão 18 meses de trabalhos em conjunto que ajudarão no desenvolvimento de novos processos, melhorias e aprimoramento da Metodologia CBF Social.

“Existem diversos projetos sociais muito importantes no país, e esperamos elevar o nível de nossas iniciativas com a participação da UNESCO”, comentou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.

A missão do Gol do Brasil é promover cidadania e educação por meio do futebol. Para isso, são seguidos os critérios das dez habilidades de vida estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): autoconhecimento, relacionamento interpessoal, pensamento crítico, pensamento criativo, empatia, resolução de problemas, tomada de decisão, manejo de emoções, manejo de estresse e comunicação eficaz.

A metodologia para o desenvolvimento desta interação social pode ser implementada com treinamentos de futebol de campo, salão, praia ou society.

Além da prática esportiva, os estudantes contam ainda com acompanhamento psicológico e assistência social para auxiliar no ensino das habilidades de vida. Todas as unidades também fornecem aos participantes uniformes, equipamentos esportivos e alimentação.

“A UNESCO tem uma importante missão ligada à construção da cultura de paz desde sua criação, em 1945. Nesse sentido, nada melhor do que o esporte como indutor da educação para valores e da resolução pacífica de conflitos”, destacou a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto.

Além das crianças e dos adolescentes atendidos, o Gol do Brasil também visa à formação de professores capacitados para trabalhar com essa faixa etária.

Em 2019, por meio de uma parceria com a CBF Academy, 119 profissionais obtiveram a Licença S, voltada justamente para projetos sociais. Todos os instrutores são moradores das cidades onde acontecem as aulas.

Financiado pelo Legado Copa do Mundo Brasil 2014, pela CBF e por administrações municipais, o Gol do Brasil já está em pleno funcionamento em Belém (PA), Recife (PE), São Paulo (SP), Ribeirão Pires (SP) e Teresópolis (RJ). O planejamento é para que ele chegue à totalidade dos 26 estados do país e também ao Distrito Federal.

UNFPA e Esporte Clube Bahia formalizam parceria #ZeroViolência contra Mulher

A representante do Fundo de População da ONU, Astrid Bant, assinou acordo de parceria com o presidente do Clube Bahia, Guilherme Bellintani. Foto: UNFPA/Midiã Noelle
A representante do Fundo de População da ONU, Astrid Bant, assinou acordo de parceria com o presidente do Clube Bahia, Guilherme Bellintani. Foto: UNFPA/Midiã Noelle

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Esporte Clube Bahia lançaram oficialmente na tarde do último sábado (7), na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), a campanha #ZeroViolência contra Mulher.

A ocasião, que também ocorreu em alusão e celebração ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher, contou com a assinatura de um memorando de entendimento entre o time baiano e o organismo internacional. Assinaram o documento a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, e o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani.

“Esta parceria vem do fato de entendermos que o esporte, em especial o futebol, é um excelente espaço na promoção dos direitos humanos. E o Esporte Clube Bahia vem desenvolvendo ações neste âmbito”, destaca Astrid Bant.

A representante reforçou ainda a importância do enfrentamento às violências baseadas em gênero, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS). “Não vamos poder atingir as metas e garantir o bem viver de todas as pessoas, inclusive alcançar o fim da violência contra mulheres e meninas, se não houver investimento na igualdade de gênero.”

Para Belintani, a campanha está alinhada com os objetivos do clube de promoção de direitos humanos através do futebol. Segundo o presidente, o Bahia vem realizando campanhas desde 2018 voltadas para a responsabilidade social.

“O futebol termina sendo expressão de tudo o que acontece na sociedade e, infelizmente, não só as coisas boas. Apesar do futebol ter muitas alegrias, também traz com ele um ambiente de muita intolerância e muito preconceito. O que o Bahia e a ONU fazem [com a campanha] é dar uma contribuição para que seja reduzido e desafiado, colocando o dedo na ferida”, reflete o presidente do clube.

Além da assinatura da minuta, os jogadores vestiram a camisa da ação e entraram em campo com uniforme personalizado #ZeroViolência contra Mulheres. Meninas acompanharam os atletas na entrada em campo e um vídeo da campanha foi exibido no telão do estádio no intervalo para o segundo tempo da partida contra o Confiança, time visitante. A parceria ainda conta com a realização de oficinas sobre violência de gênero, organizadas pelo UNFPA, para os meninos da divisão de base e os sócios do clube.

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Após o término do jogo, as animadoras oficiais de torcida do Bahia, as Tricolíderes, fizeram uma apresentação de enfrentamento à violência contra as mulheres. “Convivemos em um espaço com homens em sua maioria e queremos levar para dentro deste meio um pouco das consequências e impactos que as diversas formas de violência podem causar em nós, mulheres”, partilha Júlia Azevedo, líder do grupo que utilizou faixas com palavras como “feminismo”, “respeito”, “Zero Violência”, entre outras, para fazer um alerta. “A parceria do Bahia com a ONU fortaleceu nossa ideia”, finaliza.

Ainda no âmbito do 8 de Março, Astrid Bant foi acompanhada por Michele Dantas, oficial de projetos do UNFPA na Bahia. Elas visitaram a Casa Respeita As Mina, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia (SPM-BA) e dialogaram com a secretária, Julieta Palmeira. O espaço foi criado para oferecer orientação sobre enfrentamento às várias formas de violência contra as mulheres.

UNFPA e Esporte Clube Bahia lançam campanha #ZeroViolência contra Mulher

Jogadores entrarão em campo com meninas e estamparão na camisa logomarca da campanha. Foto: Felipe Oliveira/Clube Bahia
Jogadores entrarão em campo com meninas e estamparão na camisa logomarca da campanha. Foto: Felipe Oliveira/Clube Bahia

Na Semana da Mulher, o Esporte Clube Bahia e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) entrarão em campo. No jogo de sábado (7), pela Copa do Nordeste, as camisas tricolores lançarão a campanha #ZeroViolência contra Mulher, com a logomarca da organização.

Com atuação na defesa dos direitos humanos em países como Moçambique e Vietnã, a holandesa Astrid Bant, representante do UNFPA no Brasil, estará na Arena Fonte Nova para assinar a parceria com o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, e também atenderá a imprensa.

A equipe mais popular do Nordeste foi procurada em função das iniciativas que tem realizado fora dos gramados há três anos.

“O ECB desenvolve ações de promoção dos direitos humanos e considera que o esporte, por meio do futebol, pode ser um espaço catalisador de assuntos de relevância social no país”, assinala o termo de cooperação que será firmado antes da partida, marcada para as 16h.

O Fundo de População da ONU tem em seu mandato a meta de alcançar três zeros até 2030: zero violências ou práticas nocivas contra mulheres e meninas, zero mortes maternas evitáveis e zero necessidades insatisfeitas de contracepção (planejamento familiar). A união com o Bahia aproveita o Dia Internacional da Mulher, celebrado no domingo (8), para dar início a uma série de medidas conjuntas.

Além do uniforme personalizado do time, meninas — em vez de meninos — acompanharão os atletas na entrada em campo e será veiculado material de conscientização a partir de sexta-feira (6) nas mídias sociais e no telão do estádio. O planejamento ainda conta com a realização de oficinas sobre violência de gênero, organizadas pelo UNFPA, para os meninos da divisão de base e os sócios do clube.

O Bahia também se comprometerá a aderir e a divulgar a campanha “Red Card”, co-organizada por agências da ONU e pela FIFA, durante 2020. Temas como racismo, homofobia e outras formas de preconceito podem ser abordados pela parceria ao longo da temporada.

PERFIL: ‘Sou Geração Igualdade’ — Hingride Marcelle Leite de Jesus, jogadora de rugby

Hingride Marcelle Leite de Jesus tem 20 anos e participou do programa “Uma Vitória Leva à Outra” no Rio de Janeiro. Foto: ONU Mulheres/Camille Miranda
Hingride Marcelle Leite de Jesus tem 20 anos e participou do programa “Uma Vitória Leva à Outra” no Rio de Janeiro. Foto: ONU Mulheres/Camille Miranda

Sou Geração Igualdade porque…

Cresci em uma família chefiada por mulheres, que tomavam as suas próprias decisões, cuidavam de seus filhos e os sustentavam. Todos os homens abandonaram as suas mulheres e filhos. Apesar de isso refletir a cultura machista, também me ofereceu modelos femininos poderosos em casa.

Eu me lembro quando o meu pai morava conosco. Minha mãe não podia aceitar certos trabalhos que ele considerava “de homem”. Quando comecei a jogar rugby, ele disse que eu não deveria porque era algo feito para homens. Isso me fez perceber que uma mulher jogar rugby pode mudar a cabeça das pessoas sobre o que elas podem fazer. Através do rugby eu aprendi a fazer escolhas, a entender no que deveria focar e o que eu deveria deixar para lá, para respeitar os meus limites e para me comunicar melhor.

A importância de espaços seguros para mulheres e meninas

Hoje eu aproveito cada oportunidade que tenho para conversar com a minha mãe e as minhas tias sobre direitos das mulheres, porque elas não tiveram o mesmo tipo de educação que eu tive. Eu também converso com as minhas primas mais novas, porque quero que elas lutem por si mesmas.

Como mulheres, faltam-nos espaços nos quais podemos falar sobre os nossos problemas, fazer perguntas e expressar as nossas opiniões. É o que mais gosto do programa Uma Vitória Leva à Outra — a criação de espaços seguros para meninas.

Eu comecei no programa para continuar a jogar rugby. Mas depois eu me dei conta de quanto era importante ir às sessões semanais e conversar com as outras meninas, com histórias diferentes, sobre os nossos corpos, gênero, raça, sexualidade e violência. Graças ao espaço seguro eu pude compartilhar coisas que antes eu não tinha coragem de contar para ninguém.

Sou negra, pobre e vivo na periferia. Isso não significa que eu não possa alcançar os meus objetivos e realizar os meus sonhos! Eu acabei de completar uma formação para ser facilitadora e trabalhar com meninas mais novas na minha comunidade. Este será mais do que um trabalho, uma fonte de renda para mim e para o meu filho de dois anos. Será uma oportunidade para eu ser um exemplo para outras meninas na comunidade. Elas vão olhar para mim e pensar: se ela conseguiu, eu também consigo.

O poder do esporte

É importante que toda a sociedade se envolva no tema das relações de gênero e lute por igualdade, de maneira que mulheres e meninas possam atingir seus objetivos sem os [constantes] obstáculos e discriminações.

O esporte abre portas para mulheres e meninas. Além dos benefícios físicos e psicológicos, o esporte é uma ferramenta de auto empoderamento e empoderamento de outras mulheres. Por tempo demais fomos mantidas longe das oportunidades ligadas aos esportes. Existe um papel que a mídia pode ter, especialmente a mídia esportiva, de mostrar que qualquer esporte é lugar de mulher.

Três ações para você fazer parte da Geração Igualdade:
• Conversar com pessoas de outras gerações para desafiar estereótipos de gênero
• Criar espaços seguros para mulheres e meninas, onde elas possam falar sobre si
• Usar a mídia social para chamar as pessoas à reflexão sobre a igualdade de gênero e os direitos das meninas e das mulheres

Hingride Marcelle Leite de Jesus tem 20 anos e foi aluna de “Uma Vitória Leva à Outra”, um programa conjunto entre a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional, que oferece sessões semanais de prática esportiva e habilidades para a vida para meninas adolescentes no Brasil.

Ela recentemente encontrou a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva, Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, e participou no desfile da escola de samba que homenageou a jogadora no Rio de Janeiro, Brasil.

Jogadora Marta e meninas do ‘Uma vitória leva à outra’ celebram empoderamento no Carnaval do Rio

“Que a sua luta é a nossa bandeira, em cada segundo mostrando pro mundo a força que tem a mulher brasileira”, cantou o samba-enredo da Inocentes de Belford Roxo no sábado, 22 de fevereiro de 2020, enquanto milhares de pessoas celebravam o Carnaval no Rio de Janeiro (RJ).

O samba foi uma homenagem ao poder e à força das mulheres por meio da jornada inspiradora da jogadora de futebol Marta Vieira da Silva, Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres e defensora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Por 40 minutos, em meio a cores brilhantes e muita dança, a trajetória de Marta, marcada por enfrentamento de desafios, superação de barreiras de gênero e por inspiração a outras mulheres e meninas, foi contada no Sambódromo.

Carros alegóricos e fantasias representaram marcos em sua vida, desde a infância jogando futebol nas ruas de sua cidade no Nordeste, passando para o Rio de Janeiro para seguir uma carreira no futebol e depois jogando na Suécia e, finalmente, nos Estados Unidos, onde vive atualmente.

Seu papel nas Nações Unidas, como Embaixadora da Boa Vontade para a ONU Mulheres e defensora nomeada pelo secretário-geral da ONU para os ODS, foi o tema de seu carro alegórico, onde aplaudiu o público com sua mãe, Teresa Vieira, e sua treinadora na Seleção Brasileira, Pia Sundhage.

O carro alegórico foi precedido por um grupo de cerca de 80 pessoas em trajes azuis, a cor da ONU, lideradas por dezesseis meninas do programa “Uma vitória leva à Outra” da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Elas representavam as gerações mais jovens que veem em Marta um forte modelo que as inspira a continuar lutando por mudanças.

Considerada a melhor jogadora de futebol de todos os tempos, eleita a melhor jogadora do mundo pela FIFA seis vezes e tendo conquistado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, no ano passado, Marta também se tornou a artilheira das Copas do Mundo da FIFA. Essa conquista única, que a diferencia como ícone do esporte, apenas a aproxima das meninas que se inspiram em sua história.

No dia do desfile, enquanto as meninas do projeto estavam tocando e ensaiando a letra do samba-enredo, Marta apareceu de surpresa. A maioria delas achou difícil conter as lágrimas, mas não perdeu a oportunidade de dizer o que ela significa para elas. A futebolista Kathely Rosa, de 19 anos, resumiu: “eu lutei contra as mesmas barreiras que você conseguiu superar. Eu me vejo na sua história. Você é uma inspiração para mim.”

Marta, que diz que seus papéis na ONU são o maior reconhecimento de sua jornada, conhece seu poder de liderar o caminho para outras meninas seguirem. “Gosto de ter a responsabilidade de trazer esta geração comigo”, disse ela, reconhecendo também como a participação em um desfile de escola de samba ajuda o público em geral a se relacionar com o trabalho da ONU.

“Nem todo mundo obtém informações da mesma maneira. Quando a mensagem do ODS 5 sobre igualdade de gênero se torna um samba, cria um enorme impacto social”, refletiu Gabriela Mesquita, de 16.

Rebeca dos Anjos, de 14, concordou com ela: “o Carnaval é algo que todo mundo adora no Brasil. É muito importante que os temas pelos quais lutamos todos os dias conquistem esse tipo de espaço”.

Marta enfatizou o impacto da celebração. “Estamos aqui, juntos, para romper barreiras, mostrar que a igualdade de gênero faz a diferença no mundo e que somos livres para escolher o que queremos fazer!”, disse ela.