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VÍDEO: O que for preciso

Todas as horas, todos os dias, em algum lugar do mundo, as Nações Unidas estão fornecendo ajuda humanitária para aliviar o sofrimento de pessoas afetadas pelas crises.

Apesar de o desafio crescer a cada dia, também cresce o comprometimento das trabalhadoras e dos trabalhadores humanitários. São mulheres e homens que trabalham incansavelmente para não deixar ninguém para trás. Saiba mais em www.un.org/whatittakes.

ARTIGO: Forças de Paz e pandemias

Soldados que integram as forças de paz da ONU são conhecidos por capacetes azul. Foto: ONU/Marie
Soldados que integram as forças de paz da ONU são conhecidos como capacetes azul. Foto: ONU/Marie Frechon

A pandemia da COVID-19 também está se desenvolvendo em países marcados por conflitos armados. Em artigo publicado no jornal francês Le Monde, o chefe das Forças de Paz das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix (*), destaca o papel que os capacetes azuis podem ter com os Estados-membros.

Leia a íntegra:

Ninguém, nenhuma comunidade, nenhum país está imune desta pandemia mortal. Esta é uma crise de dimensões globais, com impactos humanos, sociais e econômicos devastadores como já temos visto pelo que está acontecendo ao redor do mundo. Como chefe das Operações de Paz das Nações Unidas, estou particularmente preocupado com aquelas áreas onde a COVID-19 vai encontrar com o conflito armado.

Pessoas em ambientes políticos frágeis, onde indivíduos estão vivendo em sociedades afetadas por conflito ou pós-conflito, com pouca ou nenhuma infraestrutura ou redes de segurança sanitária ou social, estão especialmente em risco. Como você lava as mãos sem acesso a água limpa? E agora para as mulheres que pagam um preço desproporcional como cuidadoras e integrantes das linhas de frente e que podem perder a habilidade de alimentar suas famílias por conta de economias em colapso?

E se, além de tudo isso, pessoas estão vivendo sob ameaça de grupos armados ou atos terroristas? Assim como o corpo não pode se defender bem com um sistema imunológico comprometido, populações que são privadas de sistemas de saúde funcionais e redes de apoio são ainda mais vulneráveis à pandemia e suas consequências. O mesmo pode ser dito para lugares onde nossas operações de paz atuam – civis vulneráveis são os que correm mais risco.

Continuando nossa missão de promover resolução de conflito

Os trabalhadores das forças de paz das Nações Unidas não são remédio para a COVID-19, mas em muitos lugares eles são parte do plano de tratamento. Operações de paz devem continuar seu trabalho e manter capacidade operacional, assim podemos entregar nosso mandato de salvar vidas – promovendo resolução de conflito e protegendo as populações que servimos, assim como nosso pessoal da ONU.

Em países como República Democrática do Congo, República Centro Africana, Mali e Sudão do Sul, onde a paz é frágil e as populações já sofreram muito, nossas missões estão apoiando as autoridades estatais e outros parceiros. Seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), continuamos a patrulhar, enquanto aplicamos as regras de distanciamento social e aumentamos o uso de recursos online.

Enquanto isso, continuamos a dar toda a assistência direta que podemos, incluindo proteção a depósitos e a suprimentos humanitários. Nossas aeronaves estão voando numa época em que muitas outras não estão. Como sempre, isto é uma parceria. Os estados-membro que enviam pessoal militar e policial estão trabalhando conosco para suspender ou adiar planos de remanejamento e rotação.

É hora de silenciar as armas

Manter os capacetes azuis no terreno para ajudar a conter a pandemia é um passo importante para ajudar os países a vencer este desafio. Por isso, precisamos do apoio dos estados-membros mais do que nunca, em linha com a iniciativa Ação para Forças de Paz do Secretário-Geral (A4P), que permanece no cerne do nosso trabalho. A disposição deles em permanecerem comprometidos com as operações de paz é central para nossa habilidade de ajudar.

No terreno, nós rapidamente adicionamos medidas de precaução, incluindo quarentena e confinamento, em cooperação com as autoridades do país anfitrião. Nossas missões também estão trabalhando de perto com autoridades nacionais para apoiar suas respostas. Estamos dando suporte multifacetado: estamos facilitando comunicações remotas graças a nossos meios tecnológicos, estamos ajudando a garantir que cadeias de suprimento críticas sejam mantidas e nosso pessoal está alertando as comunidades sobre o coronavírus, através de plataformas de rádio local e mídia digital, assim como durante o patrulhamento.

A luta contra este vírus mortal – nosso inimigo comum – requer que todos nós estejamos unidos e atuemos juntos. Todos os trabalhadores das Forças de Paz da ONU que estão atualmente mobilizados merecem nosso apoio e gratidão; estes homens e mulheres continuam a servir sob a bandeira azul na causa da paz, em condições ainda mais difíceis em razão da COVID-19.

Graças a eles, os esforços em consolidar a paz não enfraqueceram, apesar deste vírus que eles estão ajudando a combater. No dia 23 de março, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU afirmou que “é tempo de colocar o conflito armado em confinamento e focarmos juntos na verdadeira luta das nossas vidas”, pedindo que as partes beligerantes ao redor do mundo se comprometam com um cessar-fogo global. Nossas missões têm espalhado esta mensagem e a estamos repetindo agora – é tempo de silenciar as armas.

(*) Jean-Pierre Lacroix é chefe das Forças de Paz das Nações Unidas. Este artigo foi publicado no jornal Le Monde no dia 2 de abril de 2020.

Primeira capacete-azul brasileira na República Centro-Africana é do estado do Pará

A primeira policial brasileira em serviço na Missão da ONU na República Centro-Africana, a MINUSCA, é Darilene Monteiro.

Para a paraense, a atuação feminina tem forte impacto nos esforços internacionais para apoiar a estabilização.

Em terras centro-africanas, as forças das Nações Unidas protegem civis, apoiam e capacitam as forças de segurança. A instabilidade no país do centro da África começou em 2012 com grupos que resistiam à autoridade do governo e acabaram em conflitos intercomunitários.

“Eu creio que a mulher é de grande importância aqui na Missão. Ela consegue desenvolver seu trabalho com a mesma eficácia que os homens. A presença feminina favorece ações estratégicas na prevenção de conflitos e ações menos violentas nas negociações sobre conflitos e na ordem proteção de civis”, disse.

“Eu trabalho no distrito 8 em Bangui. Chamam aqui 8e arrondissement. E lá eu tenho a oportunidade de fazer diversas patrulhas. Nós trabalhamos com patrulhas nas diversas comunidades, onde nós temos a oportunidade de conversar com as pessoas, conhecer seus problemas, suas necessidades, suas dificuldades e nós estamos ali justamente para oferecer esse apoio social”, acrescentou Darilene.

Acordo de paz

Mais de 400 oficiais da polícia de vários países partilham os desafios de uma nação que tenta se reerguer, um ano após a assinatura do acordo de paz entre o governo e 14 grupos armados. Quase um terço da força policial da ONU são mulheres.

Ciente dos desafios da sua primeira missão como capacete-azul, Darilene destaca como as cores do Brasil fazem a diferença ao estabelecer uma “ponte” entre populações divididas por anos de conflito na República Centro-Africana.

“Para oferecer confiança e para transmitir confiança para essas pessoas. E oferecer segurança. Nosso trabalho também consiste em orientar, ajudar a polícia local. Em algumas orientações, nós transmitimos o melhor do nosso policiamento do nosso país para esses policiais locais, justamente para que eles possam melhor servir à sociedade centro-africana, da República Centro-Africana, e melhor servir à população.”

A imagem da bandeira nacional do Brasil vem gravada na manga esquerda do uniforme policial.

Este símbolo gera nas pessoas a vontade de saber mais sobre os esportes brasileiros, principalmente o futebol e seus jogadores.

Metade da população centro-africana precisa de ajuda humanitária. Foto: ONU/Evan Schneider
Metade da população centro-africana precisa de ajuda humanitária. Foto: ONU/Evan Schneider

A policial reitera que está empenhada em dar seu melhor diante da múltipla responsabilidade de representar a polícia de seu país e a própria Organização das Nações Unidas.

É neste ambiente que Darilene enfrenta desafios que incluem evitar o colapso deste entendimento e acompanhar as autoridades na transição no país que, em dezembro de 2020, realizará eleições presidenciais e legislativas.

(Com reportagem de Vladimir Monteiro, da MINUSCA, para a ONU News)

General brasileiro defende proximidade de tropas de paz da ONU com populações locais

As forças de paz das Nações Unidas podem ter mais eficiência se atuarem de forma mais próxima às populações locais, afirmou o general brasileiro Ricardo Augusto Costa Neves, novo comandante do componente militar da Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo (MONUSCO).

Recentemente, o oficial fez a primeira viagem de campo à região de Beni, na província do Kivu do Norte, leste do país, onde capacetes-azuis acompanham ações para barrar grupos armados.

O general brasileiro disse contar com resultados de seus predecessores para continuar a trabalhar no terreno com forças de segurança congolesas. A região central da África tem sentido o impacto dos conflitos na República Democrática do Congo.

“Tenho a convicção de que precisamos aumentar e intensificar o nosso patrulhamento. Estamos mais próximos da população. A população precisa sentir que estamos unidos. Ao sairmos em patrulha, temos que buscar o contato a população”, disse o general em entrevista à ONU News.

“Conversar com eles (a população local) e com os líderes, para que se sintam protegidos e para que também alimentem nosso sistema de inteligência. Com isso, a nossa missão vai ser mais visível. Nós até podemos explicar melhor para todos quais são as condicionantes do nosso mandado, o que nós podemos fazer e o que não podemos fazer para não criar falsas expectativas.”

O general foi nomeado em dezembro chefe da maior operação de paz do mundo, assumindo o cargo em janeiro. No terreno, ele disse acreditar que uma ação mais coordenada com civis e forças locais beneficia a operação internacional, que atua com cerca de 14 mil homens.

Em sua experiência de 30 anos, o general também atuou para a manutenção da paz em território angolano, como observador militar na Missão de Verificação III das Nações Unidas em Angola, entre 1995 e 1996.

Além de apoiar as forças de segurança congolesas na resposta aos grupos armados, a MONUSCO tem uma força de intervenção rápida para atos hostis. As tropas da missão ajudam os trabalhadores humanitários internacionais na emergência para combater o surto de ebola.

A operação de paz presta assistência ao reforço do sistema judicial congolês para combater a impunidade, fornece auxílio à ação humanitária e combina diversas ações para neutralizar as tensões sociais e políticas na República Democrática do Congo.

O chefe da ONU visitou o memorial intitulado "A Breath" (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan. Foto: ONU

Vítimas de terremoto no Haiti são homenageadas na sede da ONU em Nova Iorque

O chefe da ONU visitou o memorial intitulado "A Breath" (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan. Foto: ONU
O chefe da ONU visitou o memorial intitulado “A Breath” (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan. Foto: ONU

Mais de 200 mil haitianos que morreram no devastador terremoto que atingiu a nação insular há dez anos foram homenageados nesta sexta-feira (17) em uma cerimônia solene na sede da ONU, em Nova Iorque. A homenagem incluiu os 102 funcionários das Nações Unidas vitimados pela tragédia.

Os haitianos estavam começando um novo ano com otimismo, lembrou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cerimônia, mas “em alguns segundos, suas esperanças se transformaram em pó”.

“Nunca esquecerei o choque e a tristeza em todo o mundo e nas Nações Unidas quando a escala da tragédia ficou clara”, acrescentou.

Embora o dia 12 de janeiro de 2010 tenha sido um dos mais sombrios de sua história, o Haiti “se baseou na coragem e determinação de seu povo e na assistência de seus muitos amigos. As estradas foram limpas, as casas foram reconstruídas, as escolas foram reabertas, as empresas voltaram ao trabalho”, observou Guterres.

O chefe da ONU teve um momento em seu discurso para refletir sobre vários aspectos dos esforços das Nações Unidas no Haiti que causaram mais danos do que benefícios, lembrando a epidemia de cólera que começou em 2010, que se acredita ter sido importada por forças de paz.

“Entre os muitos desafios, as Nações Unidas lamentam profundamente a perda de vidas e o sofrimento causados ??pela epidemia de cólera. Dou boas-vindas ao progresso significativo que foi feito para eliminar a doença. Também estamos comprometidos com a resolução de casos pendentes de exploração e abuso sexual”, afirmou Guterres.

Ele também observou a falta de progresso em termos de desenvolvimento econômico, político e social do Haiti, com uma crise de liderança nos últimos meses lançando a nação em turbulências. “Hoje, a insegurança e o lento crescimento econômico estão contribuindo para o aumento das tensões sociais e a deterioração da situação humanitária.”

“Peço aos haitianos que resolvam suas diferenças através do diálogo e resistam a qualquer escalada que possa reverter os ganhos da década passada.”

Ele disse que o novo Escritório Integrado no Haiti (BINUH), que substituiu a operação de manutenção da paz e as 19 agências, fundos e programas presentes no país, “continuará trabalhando em parceria com o povo haitiano no caminho da recuperação e da prosperidade”.

A capital haitiana, Porto Príncipe, foi amplamente danificada pelo terremoto de janeiro de 2010. Foto: ONU
A capital haitiana, Porto Príncipe, foi amplamente danificada pelo terremoto de janeiro de 2010. Foto: ONU

Funcionários da ONU mortos

Antes da cerimônia, o chefe da ONU visitou o memorial intitulado “A Breath” (um suspiro), que saiu de Porto Príncipe e agora fica na sede da ONU no centro de Manhattan.

“Agradeço o escultor Davide Dormino e todos que ajudaram a transportá-lo. Fiquei particularmente impressionado com o uso de escombros do Hotel Christopher, onde muitos de nossos colegas morreram.”

Ele disse que os funcionários da ONU que morreram no Haiti estavam no país “para ajudar a construir a estabilidade e a prosperidade e consolidar a paz e a segurança com parceiros internacionais, nacionais e locais”. “Entre eles estavam conselheiros políticos, oficiais políticos, humanitários, especialistas em desenvolvimento, oficiais de segurança, soldados, advogados, motoristas e médicos.”

“Quando o terremoto ocorreu, muitos funcionários das Nações Unidas participaram de operações de busca e resgate e levaram pessoas feridas para o complexo das Nações Unidas. Alguns tiveram o difícil trabalho de acompanhar o corpo de um colega para a casa de seus entes queridos, para enterro ou cremação.”

A tragédia reuniu o Haiti e a ONU, disse Guterres, “e nunca esqueceremos”.

A melhor maneira de honrar a memória dos mortos seria “trabalhando ao lado do povo e do governo do Haiti e com os amigos e apoiadores do país em toda a comunidade internacional”.

“Juntos, protegeremos o futuro do Haiti e construiremos vidas de paz, prosperidade e dignidade para todos os haitianos”, concluiu.

‘Mantenha viva a chama da solidariedade’

Falando em nome do governo haitiano, Patrick Saint-Hilaire, da Missão da ONU, disse que dez anos depois, os sinais do terremoto “ainda são evidentes em todos os lugares”.

Ele disse que o corajoso povo do Haiti ainda está “pagando profundamente” pela “adversidade que se abateu sobre o país” desde então.

Agradecendo à ONU e a todos os que se uniram ao Haiti em solidariedade após o desastre, ele declarou que agora “cabe a nós haitianos, antes de tudo, assumir a responsabilidade pelos desafios atuais e tomar a iniciativa necessária para melhorar o estado de saúde de nossa nação”. “Hoje, porém, mais do que nunca, nosso país precisa continuar a criar solidariedade, nacional e internacional, concreta e consistente com as aspirações do povo haitiano.”

Há “muito trabalho a ser feito”, disse ele, acrescentando que, como marca o 10º aniversário, “não é tarde demais para aceitar o desafio da reconstrução completa do Haiti”.