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Clinton quer diáspora haitiana na reconstrução

Enviado especial da ONU ao país e ex-presidente dos EUA afirma que concessão de dupla cidadania a haitianos, vivendo fora do país, pode aumentar ‘investimentos tremendamente’.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

O enviado especial da ONU ao Haiti, Bill Clinton, afirmou que os haitianos que vivem fora do país podem ajudar com a reconstrução da ilha caribenha após o terremoto do ano passado.

Clinton discursou, nesta quarta-feira, no Conselho de Segurança num debate de alto nível sobre a situação do país.

Reforma Constitucional

Segundo ele, a concessão de dupla cidadania para haitianos na chamada diáspora pode aumentar, de forma tremenda, o nível de investimentos e desenvolvimento no Haiti. Ele lembrou, no entanto, que apesar do apoio do presidente haitiano à ideia, a medida teria que passar por uma longa reforma constitucional.

Bill Clinton foi o segundo a discursar na sessão do Conselho após o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e voltou a elogiar o trabalho da Missão de Paz.

O enviado especial das Nações Unidas afirmou que a Minustah tem feito um grande trabalho sob a liderança do Brasil com o apoio dos argentinos e de outros países. Ele disse que concorda com a Missão da ONU ao dizer que não pode haver paz, a longo prazo, sem desenvolvimento.

Terremoto

O enviado especial lembrou das consequências do terremoto do Haiti, que matou pelo menos 230 mil pessoas em janeiro do ano passado.

Bill Clinton disse que o terremoto foi um grande golpe para o dia-a-dia dos haitianos e para o desenvolvimento do país. Mas ele lembrou que mesmo apesar da tragédia, o Haiti obteve novas oportunidades com o trabalho da Comissão de Reconstrução da ilha caribenha.

Ao falar da atuação das organizações não-governamentais no país, o ex-presidente americano disse que elas devem trabalhar juntamente com o governo.

O enviado especial da ONU disse que o trabalho das ONGs no Haiti tem sido excelente e uma “bênção de várias formas, mas também segundo ele, uma espécie de ‘maldição’, às vezes. Clinton afirmou que as ONGs no Haiti deveriam copiar o modelo da Indonésia após o tsunami de ajudar o país mas prestando conta ao governo local.

O debate contou ainda com a presença do vice-ministro das Relações Exteriores para América Latina do governo brasileiro, Antônio Simões. Ele defendeu que a ajuda ao Haiti deve ser enviada diretamente ao governo do país para os projetos de reconstrução.

Ouça aqui a matéria da Radio ONU.

ONU homenageia funcionários mortos nos últimos sete dias

Secretário-Geral deposita coroa de flores em saguão na entrada da sede; bandeira da organização foi hasteada a meio mastro em sinal de luto pelas vítimas no Afeganistão, na Costa do Marfim e na República Democrática do Congo.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas realizaram na manhã desta quarta-feira uma cerimônia em memória dos funcionários mortos, desde a semana passada, em várias partes do mundo.

O Secretário-Geral depositou uma coroa de flores em respeito às vítimas. Cerca de 40 pessoas morreram em incidentes separados nos últimos sete dias. Deste total, pelo menos 24 são funcionários da organização.

Bala Perdida

Na sexta-feira, um ataque ao Centro de Operações de Paz em Mazar-e-Sharif, no Afeganistão, matou três funcionários da ONU e quatro contratados. Ainda na semana passada, uma bala perdida tirou a vida de uma integrante da Missão de Paz na Costa do Marfim, Onuci.

Nesta segunda-feira, um desastre com um avião das Nações Unidas na República Democrática do Congo matou 32 pessoas, incluindo pelo menos 20 empregados da organização.

Em sinal de luto, a bandeira da ONU será hasteada a meio mastro nesta quarta-feira em todas as sedes pelo mundo.

O Secretário-Geral enviou uma carta aos funcionários expressando pesar às famílias das vítimas e aos colegas. Ele disse que tem certeza que os colegas mortos nos três incidentes gostariam de ver o trabalho da ONU sendo realizado de forma corajosa.

Ouça aqui a matéria da Rádio ONU. Assista abaixo ao vídeo da cerimônia:

ONU confirma inquérito sobre ataque a centro no Afeganistão

Sete trabalhadores da organização em Mazar-e-Sharif foram assassinados na sexta-feira durante protestos contra uma queima do Corão nos Estados Unidos.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

O chefe da Missão das Nações Unidas no Afeganistão, Unama, Staffan de Mistura, confirmou que a organização abriu um inquérito para investigar o assassinato de três funcionários e quatro contratados na sexta-feira, em Mazar-e-Sharif, no norte do país.

Os três, uma piloto noruguesa, um romeno e um especialista em direitos humanos sueco foram mortos durante um protesto de pelo menos 2 mil pessoas em frente ao Centro de Operações da ONU na cidade. Foram mortos ainda mais quatro guardas nepaleses, que faziam a segurança do local.

Ameaça

Os corpos dos sete foram levados de volta à capital Cabul, no domingo, na presença dos embaixadores do Nepal, da Noruega, da Suécia e da Romênia.

Numa conversa com o pessoal da ONU na capital afegã, Cabul, Mistura informou que o protesto, que reuniu de 2 a 3 mil pessoas, teria começado pacificamente, mas depois saiu do controle.

Os manifestantes reprovavam a queima do Corão por um líder religioso nos Estados Unidos, Terry Jones. Ele já havia ameaçado fazer uma queima do livro sagrado dos muçulmanos, no ano passado, e desistiu da ideia. Segundo agências de notícias, Jones finalmente queimou um exemplar do livro no último dia 20.

Mistura acredita que o protesto foi desviado para a sede da ONU no local porque o Consulado americano ainda não havia sido aberto.

O chefe da Unama disse que a polícia afegã não conseguiu conter os manifestantes quando eles começaram a atirar pedras e balas de revólver contra o centro. Ele informou que apesar de terem sido atacados, os soldados da ONU preferiram não atirar contra os manifestantes. Após o ataque, a ONU decidiu remanejar o pessoal para a capital Cabul enquanto o local é reconstruído. O governador da província acredita que os assassinos se infiltraram nos protestos para praticar o ataque.

Ouça aqui a matéria da Rádio ONU.

Indústria criativa impulsiona o desenvolvimento, afirma novo relatório da ONU

O comércio de bens e serviços criativos permaneceu robusto, apesar do declínio do comércio global após a crise financeira mundial, refletindo o potencial da economia criativa para impulsionar o crescimento econômico, particularmente nos países em desenvolvimento, segundo relatório das Nações Unidas. O comércio mundial de serviços e produtos da criatividade continuou registrando um crescimento médio anual de 14%, mesmo com queda do comércio mundial em 12%, em 2008, de acordo com o “Relatório Economia Criativa 2010: uma opção viável de desenvolvimento”, lançado na sede da ONU em Nova York.

As exportações mundiais de bens e serviços criativos mais que dobrou de 2002 a 2008, atingindo quase 600 bilhões de dólares, afirma a publicação. “Esta é uma confirmação de que as indústrias criativas possuem um grande potencial para o desenvolvimento de países que buscam diversificar suas economias e adentrar um dos setores mais dinâmicos da economia mundial,” diz o relatório, salientando que a exportação de bens criativos dos países em desenvolvimento para o mundo representou 43% do comércio total de indústrias criativas, com uma taxa de crescimento anual de 13,5%, durante o período.

“O relatório mostra que, se bem-nutrida, juntamente com setores tradicionais, a economia criativa pode ser uma fonte de crescimento, criação de empregos, inovação e comércio, enquanto, ao mesmo tempo, contribui para a inclusão social, a diversidade cultural e o desenvolvimento humano sustentável,” disse a Administradora Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Rebeca Grynspan, durante o lançamento do mesmo.

A publicação cita, como exemplo, o caso da Nigéria, país cuja indústria cinematográfica é a terceira maior do mundo, depois dos Estados Unidos e da Índia, produzindo mais de mil filmes por ano, criando milhares de empregos e representando a segunda mais importante indústria do país, depois do petróleo. Como resultado, o Governo tem investido na indústria cinematográfica, reformando políticas e proporcionado formação para promover a produção e distribuição de filmes.

“Novas tecnologias e a Internet, nos países em desenvolvimento, dão uma opção viável para promover sua criatividade e empreendedorismo no mercado global,” disse a Chefe do Programa de Economia e Indústrias Criativas da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Edna dos Santos-Duisenberg. Falando em nome da Presidência do Comitê de Alto Nível sobre Cooperação Sul-Sul da Assembleia-Geral, Josephine Ojiambo descreveu a economia criativa como uma “solução dinâmica para algumas das questões mais cruciais que o mundo enfrenta hoje”, citando o fortalecimento das mulheres, a criação de oportunidades para as gerações mais jovens, a redução de conflitos e a promoção de um desenvolvimento inclusivo.

O relatório foi preparado pela UNCTAD e pelo PNUD e apresenta mais de 40 exemplos concretos, que vão desde a indústria da moda na África e na Ásia, até novelas no México e no Brasil, a indústria cinematográfica na Índia, o reggae na Jamaica e o carnaval no Brasil e no Caribe.

Leia a entrevista que Edna dos Santos-Duisenberg deu a Rádio ONU em Nova York clicando aqui.

Peritos da ONU debatem medidas de combate ao racismo

Grupo reunido em Genebra, até esta sexta-feira, formulará recomendações a governos; integrante brasileiro diz que indicadores de seu país demonstram desafios enfrentados pelos negros na sociedade.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Especialistas em combate ao racismo estão reunidos em Genebra, na Suíça, para a 10ª. sessão do Grupo de Trabalho de Peritos sobre Afrodescendentes.

O professor do Instituto de Economia da Ufrj, Marcelo Paixão, está participando da reunião. Nesta entrevista à Rádio ONU, de Genebra, ele falou sobre o combate ao racismo no Brasil.

Taxa de Homicídios

“No Brasil, nós temos sempre o desafio do tal mito da democracia racial. E o que a gente vai apresentar aqui são estudos que não caminham neste sentido. Com base nos indicadores sociais, o salário médio de uma pessoa negra no Brasil é pouco menos da metade do salário de uma pessoa branca. A taxa de homicídios que incide sobre homens negros no Brasil é mais do que o dobro do que incide sobre os homens brancos. Então não faz sentido dissociar estes dados de uma discussão mais específica do que significam os padrões brasileiros de relações raciais”, afirmou.

Na segunda-feira, os peritos independentes também participaram de um painel do Alto Comissariado de Direitos Humanos sobre o reconhecimento, justiça e desenvolvimento para descendentes de africanos e o caminho a seguir.

As Nações Unidas estabeleceram 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, informou que será construído na sede da organização, em Nova York, um monumento em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico.

Ouça aqui a matéria da Rádio ONU.