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Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, por Irina Bokova

UNESCO/Petterik WiggersMensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 3 de dezembro de 2012.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 2012 é uma oportunidade para renovar nosso compromisso com a construção de sociedades inclusivas e acessíveis, incluindo especialmente pessoas com deficiências.

Hoje, mais de um milhão de pessoas vive com alguma forma de deficiência. Elas estão mais sujeitas a sofrer com a pobreza e a discriminação e têm menos possibilidades de acesso a serviços sociais, pois sua situação dificulta que exerçam e lutem por seus direitos.

Devemos advogar sua dignidade, seus direitos e bem-estar como condições essenciais para a igualdade e a justiça. A deficiência é uma questão de desenvolvimento que devemos abordar para alcançar todos os objetivos acordados internacionalmente.

A ação se inicia com os governos, que devem implementar quadros normativos internacionais, e especialmente a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de 2006. Em toda a sociedade – escolas, setor privado, sociedade civil – temos a responsabilidade de garantir que todas as pessoas gozem de iguais direitos e que mulheres e homens sejam empoderados para participar integralmente de sua vida social, política, econômica e cultural.

A promoção dos direitos das pessoas com deficiência e sua inclusão estão no cerne do trabalho da UNESCO.

Isso inicia-se pelo acesso à educação de qualidade. A Conferência Internacional sobre Educação Inclusiva de 2008 foi um evento pioneiro em que Estados-membros comprometeram-se a adotar uma abordagem inclusiva no alcance dos objetivos de Educação para Todos. Não obstante, pessoas com deficiências permanecem marginalizadas hoje em dia nos sistemas educacionais, e crianças com deficiências representam um terço de todas as crianças fora da escola. Ao promover abordagens inclusivas na educação, a UNESCO trabalha pela transformação das escolas e outros centros de ensino, e pela adaptação das práticas de aprendizado e de ensino para englobar todos os estudantes. A educação inclusiva é a fundação de sociedades mais igualitárias. Para esse fim, a UNESCO juntou seus esforços em parceria com a Global Partnership for Children with Disabilities, para trabalhar pela implementação do Artigo 24 da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

A UNESCO também está trabalhando para construir sociedades de conhecimento inclusivas, onde haja inclusão em todos os níveis das pessoas com deficiências, graças ao desenvolvimento de novas tecnologias. Tecnologias assistivas, especialmente aquelas com recursos acessíveis a deficientes, podem melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiências ao oferecer melhor acesso à informação e ao conhecimento, à educação e à saúde, assim como ao emprego.

A UNESCO compromete-se a estar na comissão de frente entre agências das Nações Unidas que promovem acesso igualitário a oportunidades de emprego para pessoas com deficiências. Lançamos uma política de diretrizes específica para recursos humanos que procura nutrir uma cultura de ambiente de trabalho baseada em práticas justas de salvaguarda dos direitos das pessoas com deficiências para que sejam tratadas com dignidade e respeito e para gozar dos mesmos termos e condições de serviço. Medidas especiais e iniciativas foram implementadas, dentro do possível, permitindo que pessoas com deficiências tenham acesso a empregos, participem e avancem no trabalho, façam treinamentos e tenham outras oportunidades de desenvolvimento de sua carreira. Isso é essencial para a salvaguarda dos direitos de todas as pessoas para que sejam tratadas com dignidade.

Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, convoco os Estados-membro, autoridades públicas, comunidades profissionais e organizações da sociedade civil a redobrar seus esforços para que direitos iguais e dignidade de cada pessoa tornem-se o ponto de partida de seu trabalho e a medida de seu sucesso.

(Mais informações, em espanhol, clique aqui)

‘Diferenças não devem ser motivo de separação, mas sim de fortalecimento’ – Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO

Mensagem da Diretora-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova.

Diferenças não devem ser motivo de separação, mas sim de fortalecimento. Essa é a mensagem central do Dia Internacional da Tolerância 2012.

Em um mundo de rápidas mudanças, em sociedades que são cada vez mais diversificadas, somos lembrados todos os dias da necessidade da tolerância. Os laços que conectam as pessoas e as sociedades multiplicaram-se, assim como as oportunidades de desentendimentos e tensões. Com a maior proximidade surgem mais ameaças que são exploradas por aqueles que buscam aprofundar cisões. O local está a um clique do global na era digital, o que cria novas e imprevisíveis vulnerabilidades em todas as sociedades.

Nesse contexto, o chamado à tolerância nunca foi tão forte – e, ainda assim, a tolerância é frequentemente mal compreendida.

Tolerância não é indiferença aos outros. Nem mesmo implica a total aceitação de toda crença e comportamento. Tolerância não significa menor comprometimento com as próprias convicções ou fraqueza de propósitos. A tolerância não é condescendente; ela não comporta a perspectiva implícita de que uma posição é superior a outra. A tolerância é tampouco inata, ou uma qualidade que alguns recebem enquanto outros são dela destituídos.

A tolerância é um ato de humanidade. Ela é guiada por direitos humanos universais e liberdades fundamentais. Significa reconhecer a dignidade de outros como a base de sua própria. A tolerância é uma habilidade a ser cultivada e ensinada. Nunca deve ser dada como certa, pois é um compromisso a ser aprendido e renovado todos os dias.

Essa é a missão da UNESCO – fomentar a solidariedade entre as fronteiras, entre todos os povos, fortalecer a humanidade como uma única comunidade reunida em torno de valores comuns. Trabalhamos por meio da educação para ensinar tolerância e entendimento a crianças, além do significado de ser cidadão global – e a nova iniciativa Educação em Primeiro Lugar do secretariado-geral das Nações Unidas é importante nesse contexto. Protegemos o patrimônio cultural e a diversidade como fontes de pertencimento e pontes para o diálogo. Canalizamos o poder das ciências para compartilhar os benefícios do progresso com todas as sociedades. E promovemos a liberdade de expressão para permitir que todos se pronunciem e sejam ouvidos. Agimos de todas essas maneiras para ajudar as pessoas não somente a viverem juntas, mas a prosperar juntas.

A globalização não deveria somente ampliar conexões, mas também aprofundar nosso senso de humanidade, especialmente em uma época de crise econômica, em que o ódio é alimentado pela injustiça e amplificado pela ignorância. Devemos inventar novas maneiras de fortalecer os laços que nos unem. Devemos estender a mão a jovens mulheres e homens, que carregam o maior fardo da mudança.

A tolerância é uma maneira de desarmar o medo, de abrir o mundo para melhores mudanças e lançar as bases para a paz duradoura. Essa é a mensagem da UNESCO hoje.

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, por Irina Bokova

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de outubro de 2012.

Apesar do desenvolvimento econômico generalizado em todo o mundo, as desigualdades cresceram dramaticamente nos últimos dez anos, tanto dentro dos países quanto entre eles. Mais de um bilhão de pessoas vive em extrema pobreza hoje em dia. Essa situação é uma violação aos direitos humanos básicos e um obstáculo ao desenvolvimento. A luta pela erradicação da pobreza deve estar à frente de todos os esforços de preservação da dignidade humana e promoção do desenvolvimento sustentável.

O progresso está ao nosso alcance. Desde 2000, a pobreza extrema caiu pela metade. Isso prova que, com vontade política e comprometimento conjunto dos Estados, resultados podem ser alcançados. Para obtermos sucesso, devemos redobrar nossos esforços para combater novas formas de pobreza e exclusão social. Devemos também entender todos os aspectos da pobreza para planejar adequadamente nossa resposta.

A pobreza não é meramente uma questão de limites de salário mínimo ou recursos insuficientes, e nem deve ser remediada apenas por meio de caridade ou esquemas de redistribuição de renda. Existe a pobreza educacional, cultural, científica e social, que é o corolário da pobreza material, e deve ser combatida com a mesma determinação. A pobreza resulta em destituição de capacidades individuais de desenvolvimento e em falta de autonomia. A erradicação da pobreza implica na construção da capacidade de cada pessoa de criar riqueza e acessar seu potencial. O desenvolvimento humano sustentável implica no uso desse potencial e na expansão das escolhas disponíveis aos indivíduos.

Educação de qualidade, desenvolvimento científico e diversidade cultural são, portanto, ferramentas estratégicas que podem ser usadas para desenvolver a inteligência humana e permitir às pessoas controlar seu future. Essa abordagem dinâmica deve ser central à formulação de políticas públicas. Esse, portanto, é o cerne da ação da UNESCO.

Neste dia, convoco os Estados-membros e as organizações parceiras internacionais e não governamentais a unir seus esforços para fortalecer a ação nesses campos e acelerar as atividades de combate à pobreza para 2015 em diante. Esse programa é nosso guia na defesa da dignidade humana, na promoção do desenvolvimento sustentável e na construção da paz.

Dia Internacional da Paz, por Irina Bokova

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, para o Dia Internacional da Paz, com o tema “Paz Sustentável para um Futuro Sustentável”, 21 de setembro de 2012.

Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO (ONU/JC McIlwaine)

“Uma vez que as guerras se iniciam nas mentes dos homens, é na mente dos homens e que devem ser construídas as defesas da paz.”

Essas linhas do preâmbulo à Constituição da UNESCO não perderam nada de seu poder em um mundo movido pela mudança, onde a violência permanece uma realidade diária, a cultura está sob ataque e a discriminação e a intolerância ainda são endêmicas.

Para ser sustentável, a paz deve começar pela dignidade de cada homem e mulher. Deve ser nutrida por seus direitos e pela conquista de suas aspirações. A paz é um compromisso com um futuro melhor que se inicia hoje, com base em valores compartilhados, por meio de diálogo, tolerância, respeito e compreensão. Essa é a fundação sobre a qual se deve construir a paz diariamente em nossa vizinhança e nas cidades, em nossas sociedades e entre países.

Para a UNESCO, deve-se iniciar pelo acesso à educação de qualidade por todos, especialmente meninas e mulheres, como uma estratégia de avanço para o desenvolvimento sustentável. Deve-se aproveitar ao máximo a criatividade e a inovação provenientes da diversidade cultural e da promoção de nosso patrimônio comum. A paz deve ser construída por meio de esforços combinados de utilização do poder das ciências para o benefício de todas as sociedades. Deve avançar o direito de cada homem e mulher de se pronunciar e ser ouvido.

Essas conclusões ecoaram claramente no Fórum de Lideranças da UNESCO junto a governantes durante a 36a sessão de sua Conferência Geral em novembro de 2011. A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu no Rio de Janeiro neste ano, reafirmou a visão de que a paz duradoura e o desenvolvimento sustentável são dois lados da mesma moeda. O desenvolvimento não é sustentável se as sociedades não estiverem em paz consigo e com seus vizinhos, ou em equilíbrio com o planeta. A paz não pode ser duradoura se bilhões de pessoas continuarem desprovidas de justiça social, econômica e ambiental. A sustentabilidade deve ser o princípio a guiar a paz e o desenvolvimento no século que se desenrola.

Paz não é um conceito abstrato, cujo sucesso se pode decretar. Ela diz respeito a homens e mulheres, meninos e meninas, individualmente. Todos devem ter o direito de imaginar um futuro melhor, assim como a habilidade de moldar a realidade de acordo com suas aspirações. Essas são as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e as apostas para a sustentabilidade global. Essa é a missão da UNESCO e nossa mensagem no Dia Internacional da Paz 2012.

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, pela ocasião do Dia Internacional dos Povos Indígenas

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, pela ocasião do Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto de 2012.

“Em uma época aberta ao debate sobre uma nova agenda de sustentabilidade global, é preciso ouvir as vozes dos povos indígenas. É preciso levar em conta seus direitos, culturas e sistemas de conhecimento.

Os povos indígenas representam 370 milhões de pessoas vivendo em quase 90 países. Eles são guardiões de uma grande riqueza de idiomas e tradições. São portadores de experiência singular em combinar diversidade cultural e biológica de maneira sustentável. Têm acesso às mais profundas fontes de sabedoria e criatividade.

Os povos indígenas também enfrentam as duras arestas da mudança, desde a pobreza e a injustiça social até a discriminação e a marginalização. Tal situação é insustentável. Para que seja bem-sucedido, o desenvolvimento sustentável deve ser inclusivo. Todas as vozes precisam ser não apenas ouvidas, mas também atendidas.

É por isso que a comunicação voltada ao indígena é tão importante.

Neste mundo em rápida mudança, os meios de comunicação são ferramentas essenciais para a educação, para o compartilhamento de saberes e para a informação. São meios vitais para dar voz a experiências e opiniões, assim como visões e aspirações. Esse empoderamento pode ser transformativo para povos que sofrem de isolamento e discriminação.

É especialmente importante para as mulheres indígenas, cujas vozes são deixadas de lado, e que, não obstante, contribuem significativamente para o desenvolvimento humano local. A mídia pode ajudar a educar e a informar.

Pode incluir e enaltecer vozes. Pode também promover mudanças de atitude e de comportamento social, além de ajudar a identificar oportunidades inclusivas e equitativas para o desenvolvimento sustentável.

Todas essas são maneiras válidas de impulsionar a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas acordada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2007. A mídia pode ser um poderoso motor de promoção de igualdade, inclusão e justiça social.

O acesso a ela é importante; porém, aproveitar a mídia ao máximo requer capacidades e habilidades.

A UNESCO atua em todos esses níveis. Estamos trabalhando para facilitar o acesso dos povos indígenas, principalmente mulheres, à esfera pública por meio da mídia. Conduzimos iniciativas de empoderamento de homens e mulheres em comunidades indígenas para que percebam e documentem o valor de sua sabedoria. Oferecemos suporte no uso de meios que podem ser facilmente adotados para o compartilhamento em larga escala de suas experiências com outras comunidades indígenas, organizações não governamentais, órgãos públicos e tomadores de decisão.

Os meios de comunicação são uma chave para descortinar as visões dos povos indígenas sobre o desenvolvimento sustentável. É preciso mobilizar essa força em favor do desenvolvimento sustentável para todos.”

[Mensagem original aqui]