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Equidade e igualdade racial devem orientar ação dos Estados na resposta à COVID-19

Especialistas em direitos humanos da ONU fizeram um apelo urgente aos governos para se comprometerem com a equidade racial e a igualdade racial na prestação de serviços de saúde para todos durante a crise da COVID-19 ou arriscar uma taxa de mortalidade mais alta por causa da discriminação.

O Grupo de Trabalho de Especialistas em Pessoas de Ascendência Africana disse em comunicado divulgado nesta segunda-feira (6) que a discriminação estrutural pode exacerbar a desigualdade no acesso a cuidados de saúde e tratamento, levando a disparidades raciais nos resultados de saúde e aumento da mortalidade e morbidade entre afrodescendentes.

“Apesar das respostas robustas, os Estados não reconheceram os riscos específicos à saúde enfrentados pelas pessoas de ascendência africana ou como a discriminação racial, a discriminação implícita e os estereótipos raciais podem permear tais políticas”, afirmou Ahmed Reid, presidente do Grupo de Trabalho.

O especialista em direitos humanos enfatizou que outro problema era a falta de representação de pessoas afrodescendentes em altos níveis decisórios. “Isso impede a alavancagem de conhecimento e proteção em relação às necessidades das pessoas de ascendência africana na resposta à COVID-19”.

O Grupo de Trabalho enfatizou que os governos deveriam examinar como o uso do poder discricionário, sem orientação adequada, afeta os riscos e a vulnerabilidade das pessoas de ascendência africana na crise.

“Intervenções que parecem neutras podem licenciar ou facilitar o viés racial, sem cuidado e atenção. Até o momento, nenhum esforço de proteção concentrou a resposta da saúde pública nas vulnerabilidades específicas das pessoas de ascendência africana”, disse Reid.

“Isso também levanta a preocupação paralela de que mesmo a produção de pesquisa e conhecimento em resposta a esta crise pode ignorar barreiras específicas aos cuidados ou o impacto racial e discriminatório da política”.

Em sua declaração, o Grupo de Trabalho observou: “os profissionais de saúde estressados ??e sobrecarregados e a liderança local precisam de mais orientações, e não menos, para evitar a discriminação racial neste momento crítico, incluindo dados desagregados para garantir tratamento equitativo”.

Um número desproporcional de pessoas de ascendência africana trabalha em indústrias de serviços, vive em comunidades densamente povoadas, enfrenta insegurança alimentar e falta d’água e muitas vezes não tem acesso a moradias seguras.

“Essas são fontes adicionais de risco e vulnerabilidade. Em muitos Estados, as pessoas de ascendência africana desproporcionalmente servem como auxiliares de saúde em casa, prestadores de cuidados e pessoal de parto que ajudam hospitais e sistemas de saúde a se concentrarem nos casos mais graves, apesar de não haver esforços públicos para garantir sua segurança e proteção.”

O Grupo de Trabalho disse que a presença desproporcional de afrodescendentes em prisões e campos de refugiados e de deslocados internos em muitas partes do mundo é particularmente preocupante, dado o risco extremo de contágio, a falta de medidas de proteção e o uso de trabalho das pessoas encarceradas.

“A disponibilidade contínua de pessoas de ascendência africana para servir nesta crise não deve ser interpretada como descartável.”

“Os Estados que usam esta pandemia para suspender ou reverter os direitos humanos relacionados a ações afirmativas, meio ambiente, saúde pública, justiça criminal e governança geralmente prejudicam desproporcionalmente as pessoas de ascendência africana de uma maneira que persistirá por muito tempo após a crise ser resolvida”, disse Reid.

O Grupo de Trabalho elogiou as respostas robustas à pandemia da COVID-19, mas instou os governos a reconhecerem a mesma urgência dos direitos humanos em tempos comuns e garantir o acesso à educação, moradia, Internet, assistência médica e necessidades básicas em todos os momentos, e para todas as pessoas.

O Grupo de Trabalho faz parte do que é conhecido como Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos.

Procedimentos Especiais, o maior corpo de especialistas independentes no sistema de Direitos Humanos da ONU, é o nome geral dos mecanismos independentes de pesquisa e monitoramento do Conselho que abordam situações específicas de países ou questões temáticas em todas as partes do mundo.

Seus especialistas trabalham de forma voluntária; eles não são funcionários da ONU e não recebem salário por seu trabalho. Eles são independentes de qualquer governo ou organização e servem em sua capacidade individual.

Pesquisadores divulgam objetivos globais em comunidades do Tocantins

Vista aérea da orla de Palmas, no Tocantins. Foto: Flickr/Flávio André - MTUR (CC)
Vista aérea da orla de Palmas, no Tocantins. Foto: Flickr/Flávio André – MTUR (CC)

Alunos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (PPGDR/UFT) começaram a colocar em prática sete projetos sobre a Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em comunidades de Palmas (TO). A iniciativa tem apoio institucional do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT).

O projeto tem como objetivo incentivar a formação de multiplicadores para fortalecer ações de sensibilização e implementação da Agenda 2030 no município de Palmas, a partir da compreensão dos ODS e de suas metas.

Desde abril, a iniciativa realiza ações de sensibilização e envolvimento da população com a agenda de desenvolvimento sustentável firmada pela comunidade internacional em 2015 que inclui objetivos como erradicação da pobreza e combate às mudanças climáticas e que deve ser cumprida pelos países até 2030.

A iniciativa promoverá sua primeira ação em 12 de setembro, em Palmas, com um encontro para tratar da implementação do Centro de Desenvolvimento Regional na Região Metropolitana de Palmas na Perspectiva da Agenda 2030. O evento ocorrerá às 10h, no prédio da Associação Tocantinense de Municípios (ATM), localizado à Quadra 301 Norte, Avenida Theotônio Segurado, Plano Diretor Norte.

Para a realização dos trabalhos, a metodologia será baseada em revisão de literatura, nivelamento temático com videoconferências e aulas expositivas. Também haverá troca de experiências com gestores de outros municípios, bem como integração de estudantes de vários níveis de escolaridade com a comunidade em geral.

O projeto de extensão do PPGDRT, além de contar com parcerias internas na universidade e do ONU-HABITAT, tem apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins (CAU/TO) e do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU).

A intenção é que as ações propostas impulsionem discussões públicas, especialmente no âmbito urbano; com o objetivo essencial de garantir o exercício da democracia participativa fora do campo institucional.

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, por Irina Bokova

Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de outubro de 2012.

Apesar do desenvolvimento econômico generalizado em todo o mundo, as desigualdades cresceram dramaticamente nos últimos dez anos, tanto dentro dos países quanto entre eles. Mais de um bilhão de pessoas vive em extrema pobreza hoje em dia. Essa situação é uma violação aos direitos humanos básicos e um obstáculo ao desenvolvimento. A luta pela erradicação da pobreza deve estar à frente de todos os esforços de preservação da dignidade humana e promoção do desenvolvimento sustentável.

O progresso está ao nosso alcance. Desde 2000, a pobreza extrema caiu pela metade. Isso prova que, com vontade política e comprometimento conjunto dos Estados, resultados podem ser alcançados. Para obtermos sucesso, devemos redobrar nossos esforços para combater novas formas de pobreza e exclusão social. Devemos também entender todos os aspectos da pobreza para planejar adequadamente nossa resposta.

A pobreza não é meramente uma questão de limites de salário mínimo ou recursos insuficientes, e nem deve ser remediada apenas por meio de caridade ou esquemas de redistribuição de renda. Existe a pobreza educacional, cultural, científica e social, que é o corolário da pobreza material, e deve ser combatida com a mesma determinação. A pobreza resulta em destituição de capacidades individuais de desenvolvimento e em falta de autonomia. A erradicação da pobreza implica na construção da capacidade de cada pessoa de criar riqueza e acessar seu potencial. O desenvolvimento humano sustentável implica no uso desse potencial e na expansão das escolhas disponíveis aos indivíduos.

Educação de qualidade, desenvolvimento científico e diversidade cultural são, portanto, ferramentas estratégicas que podem ser usadas para desenvolver a inteligência humana e permitir às pessoas controlar seu future. Essa abordagem dinâmica deve ser central à formulação de políticas públicas. Esse, portanto, é o cerne da ação da UNESCO.

Neste dia, convoco os Estados-membros e as organizações parceiras internacionais e não governamentais a unir seus esforços para fortalecer a ação nesses campos e acelerar as atividades de combate à pobreza para 2015 em diante. Esse programa é nosso guia na defesa da dignidade humana, na promoção do desenvolvimento sustentável e na construção da paz.