Projeto no semiárido do Piauí eleva em 32% renda das famílias do sertão

Projeto Viva o Semiárido fortalece negócios de pequenos agricultores no Piauí. Foto: FIDA/Manoela Cavadas
Projeto Viva o Semiárido fortalece negócios de pequenos agricultores no Piauí. Foto: FIDA/Manoela Cavadas

Um estudo de resultados econômicos do Programa Viva o Semiárido comprovou que houve um aumento de renda de 32% entre as 100 mil pessoas participantes do projeto no Piauí. As informações foram divulgadas na semana passada, durante visita dos supervisores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas ao estado, com o objetivo de verificar a aplicação dos recursos do fundo.

O oficial de programas do FIDA no Brasil, Hardi Vieira, contou que o programa, que será encerrado em junho de 2020, foi mais longe do que o programado. A meta era que chegasse a 22 mil famílias beneficiadas, mas hoje ultrapassa 23 mil, representando mais de 100 mil pessoas impactadas em 86 municípios do semiárido piauiense.

Para Hardi, os desafios desta etapa final são concluir a implementação do componente produtivo, que está criando 211 projetos de investimento produtivos (PIPs) para que tenham impacto em termos de comercialização, citando as experiências de sucesso da Cooperativa de Produtores e Produtoras da Chapada do Vale do Rio Itaim – Coovita, que hoje se tornou referência em âmbito nacional na cadeia de ovinos e caprinos.

Durante os 15 dias em que a comitiva esteve no Piauí, foram realizadas visitas em projetos do Viva o Semiárido em 12 municípios dos cinco territórios onde o projeto atua: Vales do Sambito, Itaim, Guaribas, Canindé e Serra da Capivara. O coordenador do projeto no estado, Francisco das Chagas Ribeiro, acrescentou que todas as ações foram feitas no sentido de acelerar a liberação dos recursos para a implantação dos PIPs em campo, garantindo assistência técnica para as comunidades e a prestação de contas e finalização dos contratos com as associações.

A missão de supervisão do FIDA foi realizada entre 19 e 30 de agasto. A equipe era formada por nove especialistas, incluindo o oficial de programas do FIDA no Brasil, Hardi Vieira, e o coordenador técnico da missão, Emmanuel Bayle.

Novo projeto de R$ 450 milhões

A avaliação do coordenador é de os resultados foram considerados positivos pelo FIDA, pelo governo e por órgãos co-executores como Secretaria Estadual da Assistência Social (SASC), Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) e Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí (EMATER-PI).

Segundo ele, já existe entendimento dos parceiros envolvidos para a realização de um novo projeto com apoio do FIDA. “Um desejo demonstrado pelo governador Wellington Dias em outras missões, bem como na visita à instituição em Roma e audiência em Brasília quando esteve com o presidente do FIDA”, disse Chagas Ribeiro.

O secretário da Agricultura Familiar, Herbert Buenos Aires, confirmou que já foram definidos valores da proposta para o novo projeto. Este envolveria em torno de 115 milhões de dólares, o que equivaleria a quase 450 milhões de reais.

Se aprovado, o projeto terá como foco investimentos em infraestrutura hídrica rural dos Rios Piauí e Canindé, recuperação da mata ciliar e dos lençóis freáticos, com a construção de barramentos sucessivos para garantir umidade nas margens dos rios e perenização, aproveitando para criar peixes e irrigar outros projetos no entorno destes rios.

“Isso criará as condições para continuar os investimentos produtivos no modelo exitoso do Programa Viva o Semiárido como para produção de mel. Além disso, o projeto trabalhará a questão da regularização fundiária. Ou seja, a proposta prevê quatro pilares: hídrico, ambiental, produtivo e acesso à terra”, disse Herbert Buenos Aires.

O novo projeto, que desta vez poderá incluir o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), deverá ampliar as intervenções para 222 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo no estado, além de outras intervenções relacionadas à segurança hídrica, meio ambiente e regularização fundiária, mantendo o foco na geração de renda por meio de investimentos produtivos.

Além disso, será mantida a prioridade para mulheres, jovens e comunidades tradicionais. Hardi destacou a parceria e alinhamento com o governo do Piauí pelas políticas públicas implementadas para a redução da pobreza no estado.

Ao final da missão, foi assinado um memorando pelos representantes do projeto, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e de co-executores EMATER, SEDUC, SASC, e também foi encaminhada a elaboração da carta consulta juntamente com a Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí (SEPLAN) e a organização dos contatos para garantir êxito neste próximo financiamento e parceria com o FIDA.

A missão FIDA terá mais duas visitas ao Piauí, nos meses de setembro e dezembro deste ano.

Programa Viva o Semiárido

O Programa Viva o Semiárido é um esforço do governo do Piauí, em parceria com o FIDA, para reduzir a pobreza, aumentar a produção e melhorar o padrão de vida das populações com maior nível de carência social e econômica no meio rural do semiárido piauiense, por meio do incremento das atividades produtivas predominantes, da geração de renda e do fortalecimento organizacional das famílias rurais.

O FIDA é uma agência das Nações Unidas que investe na população rural, empoderando-a para reduzir a pobreza, aumentar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e fortalecer resiliência. Hoje, atua em todos os estados do Nordeste.