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Cidades serão determinantes para a recuperação verde no pós-pandemia

A recuperação pós COVID-19 oferece uma oportunidade para as economias voltadas para o futuro, ajudando as cidades a limparem o ar atmosférico, criarem espaços abertos naturais e adotarem soluções que reduzam a emissão de carbono e o uso de recursos naturais. Foto: Pxfuel / DMCA

As cidades abrigam 55% da população mundial, condensando muitas pessoas em um mesmo lugar. Não é de se estranhar que elas sejam as áreas mais afetadas pela COVID-19: estima-se que 90% de todos os casos relatados do coronavírus tenham ocorrido nestas regiões.

No entanto, a concentração de pessoas também torna esses locais essenciais para vencer a luta pela recuperação verde no pós-pandemia – importante para reduzir o risco de futuras pandemias e combater as mudanças climáticas.

As cidades são terrenos férteis para novas ideias e lugares onde muitas técnicas inovadoras para reduzir as mudanças climáticas, a poluição, o uso de recursos e a perda de biodiversidade estão tomando forma.

Antes da COVID-19, muitas já haviam adotado a agricultura urbana, a mobilidade elétrica, os meios de transporte não motorizados e exploravam opções como edifícios de zero carbono, energia distrital, sistemas de energia renovável descentralizados, soluções baseadas na natureza e projetos de recuperação.

De fato, os trilhões de dólares que serão investidos em pacotes de recuperação pós COVID-19 podem acelerar esses desenvolvimentos.

“Ao respondermos à pandemia e trabalharmos pela recuperação, consideramos nossas cidades como hubs de comunidade, inovação e engenhosidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, no lançamento de um resumo de políticas sobre a COVID-19 em áreas urbanas. “Agora é a hora de nos recuperarmos melhor, construindo cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis”.

Economias preparadas para o futuro

A recuperação pós COVID-19 oferece uma oportunidade para as economias voltadas para o futuro, ajudando as cidades a limparem o ar atmosférico, criarem espaços abertos naturais e adotarem soluções que reduzam a emissão de carbono e o uso de recursos naturais, bem como os impactos relacionados aos ecossistemas, ao mesmo tempo em que geram novos empregos.

É fundamental focar no planejamento e design urbanos para criar cidades estrategicamente densas e conectar as residências aos meios de transportes e ao planejamento energético, além de combinar infraestruturas cinza, azul e verde para aproveitar os benefícios das soluções baseadas na natureza.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) defende uma abordagem integrada que conecte natureza, clima e uso da terra nas cidades. Além disso, o PNUMA é a agência implementadora do Programa de Impacto em Cidades Sustentáveis do GEF-7 (GEF-7 Sustainable Cities Impact Program, em inglês), uma plataforma global para a instalação de desenvolvimentos urbanos sustentáveis do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

Por meio desse projeto, o PNUMA, juntamente com o Grupo de Liderança Climática das Grandes Cidades C40, o World Resources Institute (WRI) e a associação Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), vão trabalhar com várias áreas urbanas, como Freetown (capital da Serra Leoa), para avançar nas abordagens integradas, que também incluem soluções baseadas na natureza.

O PNUMA também está trabalhando com o ICLEI, através do Centro de Biodiversidade de Cidades (CBC), para apoiar a governança multinível, a fim de ver as pessoas e a natureza coexistindo em harmonia nas cidades e arredores.

“Precisamos lutar por uma recuperação econômica mais verde, resiliente e inclusiva”, disse Guterres. “Ao focar em transformação ecológica e criação de empregos, os pacotes de estímulo podem nos direcionar para um caminho mais resiliente e de baixo carbono, ajudando-nos a avançar rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Mudança climática: a próxima ameaça

Para evitar maiores problemas, é necessário agir logo. No momento, a COVID-19 pode estar roubando os holofotes, mas as mudanças climáticas estão aguardando nos bastidores.

As cidades costeiras já estão sofrendo com eventos relacionados à mudança climática, como inundações, erosão costeira, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos. Além disso, as áreas urbanas sofrem mais com altas temperaturas do que as não urbanas.

Atualmente, cerca de 200 milhões de habitantes de mais de 350 cidades experimentam temperaturas superiores a 35°C no verão (95°F). Até 2050, prevê-se que o número de cidades afetadas cronicamente pelo estresse térmico aumente para 970. Todos esses fatores representam graves ameaças à saúde, meios de subsistência e economias em geral.

Contudo, ao mesmo tempo em que as cidades são vulneráveis ??às mudanças climáticas, elas também são responsáveis por cerca de 75% das emissões globais de dióxido de carbono. Isso significa que a transição pela descarbonização é de responsabilidade dos prefeitos e vereadores. Mais de 70 cidades grandes se comprometeram com a neutralização do carbono até 2050 – o que representa 425 milhões de pessoas.

No entanto, isso é apenas o começo, pois estima-se que cerca de 227 cidades são responsáveis por produzir mais de 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, é preciso reduzir em cinco vezes essas emissões.

Mas, como as cidades já têm o costume de se reinventar, isso é possível. Por exemplo, pandemias anteriores também trouxeram respostas inovadoras, como a introdução dos sistemas de esgoto, os parques públicos e a regulamentação habitacional para melhorar o saneamento e reduzir a superlotação.

Conectando natureza, clima e uso da terra

O Parque Centenário da Universidade Chulalongkorn de Bangcoc é um bom exemplo que combina estratégias baseadas na natureza com objetivos que promovam a saúde, a resiliência urbana e o clima. Seu design inovador reduziu o risco de inundações, através da absorção e armazenamento de água, que é posteriormente usada para a irrigação nos períodos de seca.

Enquanto isso, Medellín, na Colômbia, adotou a natureza como uma solução para a refrigeração do ar atmosférico, através do projeto “Corredores Verdes”, que transformou 18 estradas e 12 vias fluviais em paraísos verdes e de sombra fresca. O projeto reduziu a temperatura da cidade em 2-3°C, melhorando a qualidade do ar e ajudando a biodiversidade.

Através da governança multinível na tomada de decisões, cidades e nações estão cada vez mais unidas pela recuperação socioeconômica. Ministros e prefeitos se reuniram recentemente para acelerar a ação climática em um evento organizado pelo PNUMA, juntamente com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a ONU-Habitat, o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia, o ICLEI e a organização Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG).

Mais de 300 participantes – incluindo ministros da Itália, Indonésia, Costa do Marfim, Etiópia, África do Sul e Chile, bem como mais de 25 prefeitos e governadores – discutiram a coordenação de ações para combater as mudanças climáticas, especialmente em setores-chave, como construção civil, transporte, agricultura e gestão de resíduos.

Pacotes de estímulo “verdes”

Como todos os níveis de governo estarão planejando a recuperação socioeconômica das nações, pacotes de estímulo poderiam apoiar a transição rumo à descarbonização. O investimento urbano pode gerar cidades mais compactas, integradas e de uso misto, que reduzam a distância entre locais de trabalho e de residência.

Revitalizar espaços verdes, repensar a mobilidade urbana, promover o uso de transporte público e não motorizado e investir na reforma de prédios para reduzir as desigualdades são formas de melhorar o bem-estar e de criar mais empregos.

“As cidades estão tanto na linha de frente dos impactos das mudanças climáticas, quanto das soluções”, disse a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen. “Cidades sustentáveis beneficiam nossa saúde, ajudam na mitigação e adaptação do clima e ainda geram empregos”.

UNESCO manifesta preocupação com grande número de incêndios no Pantanal

O pantanal é uma das seis Reservas da Biosfera localizadas no Brasil. Foto: Flickr/Denis Gustavo
O pantanal é uma das seis Reservas da Biosfera localizadas no Brasil. Foto: Flickr/Denis Gustavo

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), por meio do Centro do Patrimônio Mundial (WHC) e do Programa O Homem e a Biosfera (MAB), disse observar com atenção e preocupação o grande número de incêndios têm atingido a região ecológica do Pantanal nas últimas semanas.

Segundo informações prestadas por especialistas e bombeiros do local, bem como dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), várias dezenas de milhares de hectares deste território (equivalente a oito vezes a área da cidade de São Paulo) têm sido destruídas como resultado de incêndios desde julho.

A UNESCO afirma que, de acordo com as informações disponíveis, alguns desses incêndios podem estar ocorrendo no sítio do Patrimônio Mundial “Área de Conservação do Pantanal” e na Reserva da Biosfera do Pantanal, ou em áreas ao seu redor.

O WHC da UNESCO e o secretariado do Programa MAB elogiaram os esforços das autoridades competentes para lidar com a situação e disseram estarem prontos para mobilizar apoio técnico e financeiro.

“É importante fazer tudo o que for humanamente possível para superar este flagelo que ameaça a biodiversidade daquela que é também a maior zona úmida do planeta”, afirmaram o diretor do WHC, Mechtild Rössler, e o secretário do MAB, Miguel Clüsener-Godt.

O Pantanal se estende principalmente pelos estados brasileiros de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e pelos territórios da Bolívia e do Paraguai.

Em 2000, parte dessa região ecológica, a chamada “Área de Conservação do Pantanal”, que representa 1,3% do Pantanal brasileiro, foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. No mesmo ano, 26,4 milhões de hectares foram designados Reserva da Biosfera da UNESCO.

Terceira maior reserva da biosfera do mundo, a Reserva da Biosfera do Pantanal abriga uma diversidade de flora e fauna particularmente valiosa, contendo pelo menos 4,7 mil espécies descritas. Além disso, quase 2 milhões de pessoas vivem no sítio do Patrimônio Mundial e na Reserva da Biosfera.

Novo padrão global para o setor de mineração visa melhorar a segurança das instalações de rejeitos

Padrão para gestão de rejeitos foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Princípios para o Investimento Responsável e Conselho Internacional de Mineração e Metais após o trágico rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019. Foto: Pixabay
Padrão para gestão de rejeitos foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Princípios para o Investimento Responsável e Conselho Internacional de Mineração e Metais após o trágico rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019. Foto: Pixabay

Um padrão para a gestão segura dos rejeitos da mineração foi lançado por uma aliança internacional com o objetivo de se tornar o primeiro padrão global desse tipo a ser aplicado às instalações existentes e futuras, independentemente da localização, para evitar danos às pessoas e ao meio ambiente.

O Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos foi desenvolvido a partir da Revisão Global de Rejeitos (RGR), um processo independente organizado conjuntamente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM) após o trágico rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019.

O conjunto de diretrizes reforça práticas atuais no setor de mineração ao integrar fatores sociais, ambientais, técnicos e econômicos locais, e abrange todo o ciclo de vida das estruturas de disposição de rejeitos – desde a seleção do local, projeto e construção, passando pelo gerenciamento e monitoramento, até o fechamento e pós-fechamento.

Com a ambição de evitar qualquer dano às pessoas e ao meio ambiente, o novo padrão estabelece critérios significativamente mais rigorosos para o setor alcançar sólidos resultados sociais, ambientais e técnicos. Além de ampliar a responsabilização aos mais altos níveis organizacionais e prever novos requisitos de supervisão independente, o Padrão também estabelece expectativas claras em relação ao cumprimento de requisitos globais de transparência e divulgação, ajudando a melhorar a compreensão das partes interessadas.

Cada um dos co-organizadores endossou o Padrão e defende sua implementação ampla e eficaz em todo o setor:
• O PNUMA apoiará os governos que desejarem utilizar e incorporar o novo padrão a suas leis e políticas nacionais ou estaduais.
• Os PRI, que representam US$ 103,4 trilhões em ativos sob gestão, elaborarão uma declaração de expectativas de investidores para apoiar todas as empresas de mineração na implementação do Padrão.
• As empresas associadas do ICMM implementarão o Padrão como um compromisso de associação, o que inclui a realização de validações robustas no nível local e avaliações externas.

“É com enorme satisfação que apresento o Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos, que estabelece um precedente para a gestão segura de estruturas de disposição de rejeitos com o objetivo de alcançar a meta de dano zero”, afirmou Bruno Oberle, presidente da Revisão Global de Rejeitos.

“O catastrófico rompimento da barragem de rejeitos da mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, foi uma tragédia humana e ambiental que demandou ações decisivas e adequadas para melhorar a segurança e fortalecer a governança das estruturas de disposição de rejeitos em todo o mundo. Para mim, é uma satisfação especial entregar um documento que reflete e aborda a complexidade e a natureza multidisciplinar de uma gestão de rejeitos robusta”, declarou Oberle.

“Foi um privilégio liderar esse trabalho e agora faço um apelo para que todas as empresas de mineração, governos e investidores usem o Padrão e continuem trabalhando juntos para melhorar a segurança de todas as estruturas de disposição de rejeitos do mundo. Espero que o Padrão seja apoiado por um órgão independente que possa manter a qualidade e refiná-lo e fortalecê-lo ainda mais ao longo do tempo”, complementou.

Para Ligia Noronha, diretora da Divisão de Economia do PNUMA, a abordagem de gerenciamento de estruturas de disposição de rejeitos da mineração deve colocar a segurança em primeiro lugar, priorizando a segurança ambiental e humana em ações de gestão e operações locais. “O Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos constitui um importante marco em prol da consecução da ambiciosa meta de evitar qualquer dano às pessoas e ao meio ambiente causado por rompimentos de estruturas de disposição de rejeitos. Seu impacto dependerá do nível de sua adoção e o PNUMA seguirá trabalhando no sentido de promover sua implementação”, afirmou.

Adam Matthews, diretor de Ética e Engajamento da Equipe de Investimentos do Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra (que representa os PRI), explicou que durante décadas, as pessoas exigiram o desenvolvimento de um padrão global que promovesse a adoção de melhores práticas.

“É trágico que foi preciso o desastre de Brumadinho para isso acontecer, mas uma parceria inédita foi formada para superar um desafio sistêmico enfrentado pelo setor de mineração e agora estamos empenhados em fazer dessa uma prática comum em todas as operações. Pela primeira vez, temos um modelo global que vai além das melhores práticas existentes, estabelecendo o Padrão mais abrangente já produzido pelo qual os investidores responsabilizarão as empresas na sua implementação”,  ressaltou.

Para Tom Butler, diretor executivo do Conselho Internacional de Mineração e Metais, “o ICMM e seus membros – que representam cerca de um terço do setor global – têm um compromisso inabalável com a promoção de uma gestão mais segura de estruturas de disposição de rejeitos”. “O Padrão será integrado aos atuais compromissos dos membros do ICMM, que incluem a verificação e validação externas, e estamos trabalhando no desenvolvimento de orientações de apoio”, informou.

O documento abrange seis tópicos principais: comunidades afetadas; base integrada de conhecimentos; projeto, construção, operação e monitoramento de estruturas de disposição de rejeitos; gestão e governança; resposta a emergências e recuperação de longo prazo; e divulgação pública e acesso à informação. Esses tópicos contêm 15 princípios e 77 requisitos auditáveis específicos que os operadores devem cumprir.

O lançamento é apoiado por outros dois documentos, publicados de forma independente pelo presidente da RGR: um compêndio detalhado de artigos que exploram diversas questões operacionais e de governança relacionadas a rejeitos e um relatório sobre o feedback colhido na consulta pública.

A RGR foi presidida pelo Dr. Oberle e contou com o apoio de um painel multidisciplinar de especialistas e com a contribuição de um Grupo Consultivo de Múltiplas Partes Interessadas. A revisão, que envolveu um amplo processo de consulta pública com comunidades afetadas, representantes do governo, investidores, organizações multilaterais e partes interessadas do setor de mineração, fundamenta-se nas boas práticas existentes e em lições aprendidas com rupturas de estruturas de disposição de rejeitos ocorridas no passado.

O Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos está disponível em aqui em inglês, português, russo, francês, espanhol, chinês e japonês.

Leia o documento completo em Português aqui.

Sobre o ICMM
O Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM) é uma organização internacional dedicada a promover uma indústria de mineração e metais segura, justa e sustentável. Reunindo 27 empresas de mineração e metais e 37 associações regionais e de commodities, o ICMM fortalece o desempenho ambiental e social e serve como um catalisador de mudanças, aprimorando a contribuição da mineração para a sociedade. Todas as empresas associadas do ICMM cumprem os Princípios de Mineração da organização, que incorporam requisitos ambientais, sociais e de governança abrangentes, mecanismos robustos de validação local de expectativas de desempenho e a verificação confiável de relatórios de sustentabilidade corporativos.

Sobre o PNUMA
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é a principal autoridade ambiental global que determina a agenda internacional sobre o meio ambiente, promove a implementação coerente da dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável no Sistema das Nações Unidas e serve como autoridade defensora do meio ambiente no mundo. A missão do PNUMA é desempenhar um papel de liderança e encorajar parcerias na proteção do meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que países e pessoas melhorem sua qualidade de vida sem comprometer as gerações futuras.

Sobre os PRI
Os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) são o principal defensor mundial do investimento responsável. A iniciativa trabalha para compreender as implicações de investimento dos fatores ambientais, sociais e de governança (ASG) e apoiar sua rede internacional de investidores signatários na incorporação desses fatores a suas decisões de investimento e propriedade. Os PRI buscam defender o interesse de longo prazo de seus signatários, dos mercados financeiros e economias em que atuam e, em última análise, do meio ambiente e da sociedade como um todo. Nesse processo, a iniciativa está sendo representada por John Howchin, do Conselho de Ética da Suécia, e Adam Matthews, do Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra.

Contatos para imprensa:
Antonia Mihaylova, Gerente de Projeto, Revisão Global de Rejeitos
Marie Daher-Corthay, Oficial de Comunicação, PNUMA, +973 3695 5988
Rojin Kiadeh, Especialista de Comunicação, Princípios para o Investimento Responsável
Kira Scharwey, Oficial Sênior de Comunicação, Conselho Internacional de Mineração e Metais, +44 (0) 7483 092315

Video produced by Waiãpi students from Brazil is selected to My World 360º exhibition

Isolated since the beginning of the new coronavirus pandemic in the Waiãpi community, in Pedra Branca do Amapari, in Amapá, Brazil, the students Kauri Waiãpi, Motã Waiãpi, Kuripiri Waiãpi, the teacher Aikyry Waiãpi and the director of the indigenous school, Evilázio Ribas, still don’t know that the video Moma’e jarã kõ jikuwaê’ã kõ (The Owners We Can’t See) is today one of the immersive stories of the MY World 360º exhibition.

Created in 2018, MY World 360º is a UN partnership with Oculus (Facebook) and proposes the creation of stories through immersive technologies, addressing relevant issues within communities and relating them to the Sustainable Development Goals (SDGs). Currently, the online exhibition compiles over 100 stories, which are shown at UN meetings and events, now includes the video “The Owners We Can’t See”.

360º Filmmakers Project

The video produced by the students of the Aramirã State Indigenous School only became a reality through the Cineastas 360º (360º Filmmakers) project, promoted by the NGO Recode. Also in partnership with Oculus, the NGO encourages high school students to reflect on the problems of their communities, and for 25 years has been working with digital empowerment, donating immersive technology equipment and training public school teachers.

Providing information on how to use the equipment – headsets, tripods, smartphones, 360º cameras, softwares and teaching materials and how the youth can contribute to solving issues in the community, the project has already produced more than 100 short films throughout Brazil, reveals Rafael Romão, a specialist in audiovisual education at Recode who is working with the 360º Filmmakers.

The Owners We Can’t See

In the second half of 2019, the Aramirã State Indigenous School was one of the selected to represent the northern region of Brazil and the Intercultural Education teacher Aikyry Waiãpi traveled to Recode’s headquarters in Rio de Janeiro for training. Due to the dynamics of the school, Romão decided to help finish the project by going to the school in Pedra Branca do Amapari, instead of offering remote assistance, as they have done for other projects.

“They wanted to spread Waiãpi knowledge and culture”, tells Romão in an interview to the United Nations Information Centre in Brazil (UNIC Rio). In the film shot with 360º technology, they say that the entities “that take care” of the forest are also the “owners” of rivers, forests, animals – everything that integrates the community’s habitat. They ask for an end to burning in the Amazon forest and water pollution, because the damage to the environment affects the visible peoples (the Waiãpi) and the invisible peoples (entities that own the entire ecosystem where they live).

“For them, all beings and phenomena have metaphysical owners. If they, for example, exploit a certain river too much, they would be offending this owner, who would take revenge on them. They have this reckless relationship with nature”, he explains. “The Waiãpi cosmology is important in this respect for the environment. They have a worldview that runs through everything, a disposition, an ethics of looking at things in a different way”, he adds.

Always linking the Sustainable Development Goals to the projects, Romão explains they approach the goals in a way that it’s makes it understandable how local issues can be connected with global issues. “First we make the video and then they connect the SDGs and realize how much a local problem is linked to the Sustainable Development Goals”, he says.

The video was finished with Romão when the students traveled to Brasília, for the national event of Recode in 2019. This year, the film was then selected for the MY World 360º exhibition, a surprise that the Waiãpi will only receive when they are no longer living in isolation as a result  of the COVID-19 pandemic.

Watch the video here.

International Days – The video produced by the Waiãpi youth is closely related to the 2020 theme of International Youth Day – celebrated on 12 August – “Engaging Youth in Global Action”. On 9 August the UN also celebrates International Day of the World´s Indigenous Peoples. This year´s theme is “COVID-19 and the resilience of indigenous peoples”, focusing on innovative ways they use to demonstrate resilience and strength to fight the pandemic while suffering serious threats to their survival. Recently, United Nations in Colombia, Brazil and Peru called for renewed efforts on support and response to the Amazon region, as COVID-19 is escalating in the area and affecting millions of indigenous people.

On 10 August, a virtual celebration will mark the International Day of the World´s Indigenous Peoples on UN TV, from 9am to 10am (NY Time) at UN TV.  To learn more on this issue, access here the Declaration on the rights of indigenous peoples.

Vídeo produzido por estudantes Waiãpi é selecionado para mostra My World 360º

Isolados desde o início da pandemia do novo coronavírus na comunidade Waiãpi, em Pedra Branca do Amapari, no Amapá, os estudantes Kauri Waiãpi, Motã Waiãpi, Kuripiri Waiãpi, o professor Aikyry Waiãpi e o diretor da escola indígena, Evilázio Ribas, ainda não sabem que o vídeo Moma’e jarã kõ jikuwaê’ã kõ (Os donos que não vemos) é hoje uma das histórias imersivas que compõem a mostra MY World 360º (Meu mundo 360 graus).

Criada em 2018, a MY World 360º é uma parceria da ONU com a Oculus (Facebook) e propõe a criação de histórias através de tecnologias imersivas, tratando de assuntos relevantes dentro das comunidades e os relacionando aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Atualmente, a mostra compila mais de 100 histórias, que são exibidas em encontros e eventos da ONU, incluindo agora o vídeo Os donos que não vemos.

Projeto Cineastas 360º – O vídeo produzido pelos estudantes da Escola Indígena Estadual Aramirã só se tornou realidade através do projeto Cineastas 360º, promovido pela ONG Recode. Também em parceria com a Oculus, a ONG estimula que alunos de ensino médio reflitam sobre os problemas de suas comunidades e há 25 anos trabalha com empoderamento digital, doando equipamentos de tecnologia imersiva e capacitando professores de escolas públicas.

Como usar esses equipamentos – headsets, tripés, smartphones, câmeras 360º, softwares e materiais didáticos -, e como eles podem contribuir para resolver questões na comunidade? Partindo dessa provocação, o projeto já produziu mais de 100 curtas em todo território brasileiro, revela Rafael Romão, especialista em educação audiovisual da Recode e responsável pedagógico do Cineastas 360º.

Os Donos Que Não Vemos – No segundo semestre de 2019, a Escola Indígena Estadual Aramirã foi uma das selecionadas para representar a região norte do país e o professor de Educação Intercultural Aikyry Waiãpi se deslocou até a sede da Recode no Rio de Janeiro para uma capacitação. Por conta da dinâmica da escola, Romão decidiu ajudar na finalização do projeto indo até a escola em Pedra Branca do Amapari, em vez de oferecer assistência remota, como nos outros projetos.

“Eles queriam difundir os saberes e a cultura Waiãpi”, conta Romão em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio). No filme rodado com tecnologia 360 graus, eles contam que as entidades “que cuidam” da floresta são também as “donas” de rios, igarapés, matas, animais – tudo o que integra o habitat da comunidade. E pedem o fim das queimadas na Amazônia e da poluição das águas porque o dano ao meio ambiente afeta os povos visíveis (os Waiãpi) e os povos invisíveis (entidades donas de todo o ecossistema onde habitam).

“Para eles, todos os seres e os fenômenos possuem donos metafísicos. Se eles, por exemplo, exploram demais determinado rio, estariam ofendendo esse dono, que se vingaria deles. Eles têm essa relação temerária com a natureza”, explica o especialista. “A cosmologia Waiãpi é importante nesse sentido de respeito pelo meio ambiente. Eles têm uma cosmovisão que atravessa tudo, uma disposição, uma ética de se olhar para as coisas com outro olhar”, completa.

Vinculando sempre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável aos projetos, Romão explica que a dinâmica de abordagem dos objetivos acontece de maneira que se entenda como questões locais podem estar conectadas com o global. “Primeiro fazemos o vídeo e depois eles conectam com os ODS e percebem o quanto um problema local se vincula com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, diz.

O vídeo foi finalizado com Romão quando os estudantes se deslocaram até Brasília, para o evento nacional da Recode em 2019. Neste ano, a produção foi então selecionada para a mostra do MY World 360º, uma surpresa que os waiãpi só receberão quando saírem do isolamento da pandemia da COVID-19.

Assista ao vídeo aqui.

Datas internacionais – O trabalho dos jovens Waiãpi vai de encontro ao tema de 2020 do Dia Internacional da Juventude – lembrado em 12 de agosto -, que é “Engajamento da Juventude para Ação Global”. O mês de agosto também celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas no dia 9. O tema da data neste ano é “COVID-19 e a resiliência dos povos indígenas”, focando nas maneiras inovadoras pelas quais eles demonstram resiliência e força para enfrentar a pandemia mesmo ao confrontar graves ameaças à sua sobrevivência. Recentemente, as Nações Unidas em Colômbia, Brasil e Peru pediram um aumento nos esforços de apoio e resposta na região amazônica, à medida que a COVID-19 continua em alta na região, afetando centenas de milhares de pessoas indígenas

No dia 10 de agosto, haverá uma comemoração virtual do Dia Internacional dos Povos Indígenas, transmitida ao vivo (em inglês), das 10h às 11h na TV da ONU . Para saber mais sobre o assunto, acesse aqui a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas em português.