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ONU adverte sobre implicações do julgamento da última criança-soldado em Guantánamo

Representante Especial do Secretário-Geral para as Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy Foto: ONUO começo do julgamento de Omar Khadr – preso no Afeganistão em 2002 por crimes que teria cometido quando era criança – na Comissão Militar dos Estados Unidos em Guantánamo poderia estabelecer um precedente comprometendo o status de crianças-soldado no mundo inteiro, advertiu representante das Nações Unidas para o caso. O canadense Omar Khadr é a última criança-soldado presa em Guantánamo e tinha 15 anos quando jogou uma granada que matou um soldado americano. Ele enfrenta acusações de crimes de guerra no tribunal.

A Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, destacou que no estatuto do Tribunal Penal Internacional (TPI) está claro que nenhuma pessoa menor de 18 anos deve ser julgada por crimes de guerra.

“Desde a Segunda Guerra Mundial, nenhuma criança foi processada por crimes de guerra”, disse Coomaraswamy. “Crianças-soldado devem ser tratadas como vítimas e devem ser encontrados procedimentos alternativos para buscar sua reabilitação”. Ela afirmou que mesmo que Khadr, cidadão canadense, seja julgado num tribunal nacional, as regras da justiça juvenil são claras. “Crianças não devem ser julgadas frente a tribunais militares”, afirmou Coomaraswamy.

Desde a década passada, a comunidade internacional tem trabalhado para proteger as crianças em conflitos armados, disse Coomaraswamy, com os Estados Unidos e Canadá liderando o caminho e implementando as normas para liberar milhares de crianças-soldado em todo o mundo. “Peço a ambos os governos a chegar a uma solução conjunta sobre o futuro de Omar Khadr, para que possa prevenir sua condenação por um crime de guerra cometido quando era criança”.

Esperança para crianças em Darfur

Representante Especial do Secretário-Geral Ban Ki-moon para Crianças e Conflitos Armados, Radhika CoomaraswamyO acordo de quarta-feira (21) entre o Movimento Justiça e Igualdade (JEM, na sigla em inglês) e as Nações Unidas representa um comprometimento para a proteção das crianças de Darfur (Sudão). O acordo assinado promete a liberação de todos os garotos e garotas associados com o JEM, permite acesso da ONU e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) a todas as “pessoas, lugares e documentos” do JEM, assegura a responsabilização dos agressores, fornece apoio do JEM a vítimas crianças e indica um representante do JEM às Nações Unidas para inspecionar a implementação do acordo.

O alcance do convênio inclui o fim do recrutamento e uso de crianças-soldado, estupro e violência sexual, assim como o assassinato e mutilação de crianças. De acordo com a lei Sudanesa e Internacional, qualquer pessoa até 18 anos de idade é considerada uma criança, independentemente dos costumes locais. As Nações Unidas estimam que existem milhares de crianças-soldado somente em Darfur.

“Acolho este acordo como um enorme passo em direção a um Plano de Ação mais abrangente. Todas as partes envolvidas no conflito no Sudão devem assinar Planos de Ação como estes assinados por SLA Minnawi e SLA Free Will. Espero pelo recomeço de um processo de paz mais amplo e solicito a todas as partes a lembrarem das crianças e que a proteção às crianças seja incluída em todos os estágios, começando com o acordo de cessar fogo e, finalmente, o acordo de paz”, disse a Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy. “Para que esses compromissos tenham um impacto real para as crianças, eles precisam ser honrados, reforçados e totalmente implementados”.