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ONU salienta necessidade de prevenir a violência sexual relacionada a conflitos

Margot Wallström“É fundamental impedir a violência sexual em situação de conflito antes que ela aconteça”, disse ontem (14/04) a Representante Especial do Secretário-Geral para a Violência Sexual relacionada a Conflitos, Margot Wallström, ao Conselho de Segurança. “Mesmo na ‘tirania da urgência’, antes de provas concretas emergirem, e embora possa não seja óbvio que a questão de gênero tem a ver com ‘embargos de armas’ ou ‘exclusão aérea’, devemos lembrar das mulheres,” afirmou em seu relatório para o Conselho. “Nossos esforços para defender a segurança internacional não estarão completos se não incluírem esforços para prevenir a violência sexual,” acrescentou.

Em dezembro de 2010, o Conselho aprovou a resolução 1960, em que sublinha a necessidade de acabar com a impunidade e prometeu tomar “medidas adequadas” para lidar com a violência sexual generalizada e sistemática em situações de conflito armado. “Em uma palavra, a promessa da 1960 é: prevenção,” disse Wallström, observando que a resolução está orientada para a dissuasão. “Ela estabelece os elementos de um regime de responsabilização para influenciar o comportamento de agressores e supostos criminosos.”

No entanto, recentes resoluções sobre a Líbia não fazem qualquer menção ao risco de violência sexual, que ela descreveu como uma ameaça muito real em meio à agitação crescente e aos deslocamentos em massa. Por isso, a violência sexual demanda a atenção contínua do Conselho, ela ressaltou. Ao mesmo tempo, a Representante Especial observou que uma resolução aprovada no mês passado para impor sanções sobre a Costa do Marfim, onde relatos “chocantes” de violência sexual surgiram como parte da crise pós-eleitoral, não menciona especificamente a questão.

Ela pediu ao Conselho que utilize sua influência para assegurar que qualquer acordo de cessar-fogo alcançado em relação à Líbia ou à Costa do Marfim preveja o fim da violência sexual como tática de guerra. Além disso, as comissões de inquérito devem incluir especialistas sobre a questão.

Wallström também forneceu detalhes de sua visita recente a República Democrática do Congo e a Angola, além de seus esforços para fortalecer a prevenção da violência sexual nesses países. Ela enfatizou a necessidade de garantir que os perpetradores sejam implacavelmente perseguidos, observando que casos de violência sexual contra as comunidades mais vulneráveis ??no Congo continuam sendo relatados quase diariamente.

Militares são processados por crimes de violência sexual na RDC

A Representante Especial do Secretário-Geral para Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, elogiou nesta terça-feira (29/03) a decisão das autoridades da República Democrática do Congo de processar oficiais militares de alto-nível pelo crime de estupro. Além do General Jerôme Kakwavu, do Tenente-Coronel Engagela e do Coronel Safári, outros dois oficiais superiores deverão ser julgados.

“Estas ações enviam um poderoso sinal de que nenhum líder policial ou militar está acima da lei, e que nenhuma mulher está abaixo dela”, declarou Wallström, referindo-se à primeira vez que um general do Exército, conhecido como FARDC, é processado por um tribunal militar pelo crime de estupro.

Ela disse que, além do processo, é preciso haver reparação às vítimas. “É importante que as sobreviventes recebam ajuda, principalmente médica. O objetivo não é apenas levar os autores dos crimes sexuais à justiça, mas também assegurar às vítimas justiça e cuidados.”.

A Representante Especial afirmou ainda que, é crucial que as autoridades congolesas prendam os dois outros oficiais, Major Pitchen e Coronel Mosala, e os processem também. “Continuamos monitorando estes e outros incidentes de violência sexual em conflito, onde quer que eles ocorram”, completou Wallström .

RDC: Tribunal condena autores dos crimes de violência sexual

A Representante Especial do Secretário-Geral para Violência Sexual em Conflito, Margot Wallström, saudou nesta segunda-feira (21/02) o veredito do Tribunal Militar em Baraka, na República Democrática do Congo (RDC), que pela primeira vez julgou e condenou à prisão um comandante do alto escalão e outros oficiais do exército por crimes relacionados à violência sexual no país.

O Tribunal condenou o Tenente Kibibi Mutware a 20 anos de prisão sob a acusação de crimes contra a humanidade pelo envio de suas tropas para estuprar, agredir e saquear a população de Fizi no dia de Ano Novo. Além do Tenente foram condenados três oficiais e cinco soldados. O país já havia registrado casos de violência sexual entre julho e agosto, no leste do país, por membros de grupos armados, incluindo os Maï Maï Cheka, e o grupo rebelde Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda (FDLR).

“As sentenças mostram aos agressores da República Democrática do Congo e de outros países que os conflitos relacionados à violência sexual não são tolerados, e que a responsabilização dos autores dos crimes é possível”, disse a Representante. Ela afirmou que é essencial que os outros agressores sejam encontrados e levados à justiça, e lembrou a importância de dar assistência às vítimas e testemunhas da violência, bem como à suas famílias.

Wallström agradeceu o Governo congolês, a Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo (MONUSCO), a Ordem dos Advogados americanos, a Iniciativa Sociedade Aberta e as organizações não-governamentais locais pela assistência neste caso “crucial”.