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PNUD apoia inclusão de crianças com microcefalia na rede municipal de ensino de Maceió

Vinte e uma famílias de crianças com microcefalia manifestaram interesse em matricular seus filhos em um dos 59 Centros Municipais de Educação Infantil da rede municipal de Maceió (AL). Foto: Adalberto Farias, Jangada Filmes
Vinte e uma famílias de crianças com microcefalia manifestaram interesse em matricular seus filhos em um dos 59 Centros Municipais de Educação Infantil da rede municipal de Maceió (AL). Foto: Adalberto Farias, Jangada Filmes

A cidade de Maceió (AL) registrou 138 suspeitas de casos de vírus zika até agora em 2019. Cinquenta e sete deles já foram confirmados e 14 continuam em investigação.

A maioria das crianças infectadas na capital alagoana possui um perfil semelhante: são do sexo feminino, têm mães entre 20 e 29 anos e residem nas regiões periféricas da cidade. Um dos maiores desafios da doença são as sequelas de ordem cognitiva, comportamental e neurológica, como é o caso da microcefalia.

Ayla, de 3 anos, tem microcefalia. A menina foi uma das primeiras crianças que sofreram exposição ao vírus em Maceió a começar a vida escolar na rede pública de educação, em 2017. Aluna do Centro Municipal de Educação Infantil – CMEI Maria de Fátima Melo, atualmente ela é uma das nove crianças com deficiência da escola, que atende 257 estudantes.

“Quando Ayla chegou à escola, convidamos a mãe, Flávia, para começar a participar da nossa jornada no CMEI, a fim de conhecer as necessidades da criança, como alimentação, banho e locomoção. Nas atividades pedagógicas, ela está sempre inserida com as demais crianças”, disse a coordenadora pedagógica do CMEI, Aurilene Lira.

“O trabalho pedagógico que é feito com a turma também é feito com ela. Claro que existem algumas adaptações que precisam ser feitas, mas ela é vista como as demais crianças, cada uma na sua singularidade”, contou.

Semana da Inclusão 2019

Com o objetivo de capacitar profissionais da educação de Maceió a atender as novas demandas de necessidades especiais na rede, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) promovem até esta quarta-feira (27) a segunda edição da Semana da Inclusão.

O encontro prioriza a discussão de propostas e a formação pedagógica para uma educação inclusiva, com base no direito da pessoa com deficiência de ir à escola, participar, interagir e se desenvolver.

A educadora e coordenadora do projeto SEMED/PNUD, Rita Ippolito, disse que este segundo seminário visa complementar a formação sobre inclusão escolar, iniciada em 2018 no âmbito do projeto de cooperação técnica entre as instituições, além de dar suporte ao trabalho que algumas escolas já estão desenvolvendo, como no caso de Ayla. Segundo Ippolito, as adversidades são enormes, pois englobam aspectos culturais, estruturais, pedagógicos e sociais.

“A maioria dos estudantes com deficiência na rede vem de bairros periféricos da cidade. Os desafios se multiplicam muito mais em razão da condição socioeconômica dessas famílias. Mas, sem dúvidas, o maior deles é minimizar as grandes carências de formação pedagógica de professores. Apesar das resistências, a rede de Maceió, com seus 3.595 estudantes com algum tipo de deficiência, está fazendo história”, afirmou.

A especialista em educação inclusiva da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Márcia Pletsch conduziu aula magna abrindo a Semana da Inclusão com o painel “Os filhos do zika chegaram à escola: e agora?”.

Também participam das atividades representantes do Conselho Municipal de Educação (COMED), do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), da Secretaria Municipal de Saúde, coordenadores da educação infantil e da educação especial e as coordenadoras pedagógicas dos Centros Municipais de Educação Infantil, Fúlvia Rosemberg e Maria de Fátima Melo. Nesta quarta-feira, a programação segue com oficinas durante todo o dia.

Vinte e uma famílias de crianças com microcefalia manifestaram interesse em matricular seus filhos em um dos 59 Centros Municipais de Educação Infantil da rede municipal de Maceió (AL). Foto: Adalberto Farias, Jangada Filmes
Vinte e uma famílias de crianças com microcefalia manifestaram interesse em matricular seus filhos em um dos 59 Centros Municipais de Educação Infantil da rede municipal de Maceió (AL). Foto: Adalberto Farias, Jangada Filmes

Dessas, nove crianças já estão devidamente matriculadas e frequentando a escola, segundo a coordenadoria de educação especial da SEMED.

A educação de Maceió empenha-se em ser referência no que diz respeito ao tratamento para as pessoas com deficiência. Desse modo, a Semana da Inclusão se constitui em uma alternativa real de transformação de políticas públicas nas escolas, de quebra de paradigmas e de mudança de cultura. Legado que o PNUD pretende deixar para o município a partir dessa parceria iniciada em 2014.

Fundo de População da ONU promove reunião em PE para discutir vigilância do zika

Estudos estabeleceram relação entre microcefalia e zika. Foto: UNFPA Brasil
Estudos estabeleceram relação entre microcefalia e zika. Foto: UNFPA Brasil

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) participa na terça-feira (22) de um encontro entre organizações da sociedade civil, apoiadores nacionais e internacionais e representantes governamentais para discutir a vigilância epidemiológica e as políticas públicas no contexto do vírus zika em Pernambuco.

Denominada “Sala de Situação da Sociedade Civil sobre Direitos e Saúde Sexual e Reprodutiva no Contexto das Epidemias de Arboviroses no estado de Pernambuco”, a reunião conta com organizações como o Fundo Posithivo, a International Planned Parenthood/ Western Hemisphere Region, o Grupo Curumim, a Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero, a Casa da Mulher do Nordeste, o GTP+ e o Instituto Papai.

Desde 2015, as organizações estão engajadas em ações de promoção dos direitos e da saúde sexual e reprodutiva no contexto da epidemia de zika. As ações vão desde capacitação de profissionais da área de saúde e educação até a sensibilização de comunidades locais.

O representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, salienta que a epidemia de zika mostra a necessidade de melhorar o acesso à educação para a sexualidade, assim como o acesso universal a serviços de planejamento da vida reprodutiva. As ações com a sociedade civil são fundamentais, pois estão na linha de frente com a população em situação de maior vulnerabilidade.

“Considerando as áreas de maior incidência de infecção pelo vírus zika, Pernambuco e Bahia, e as caraterísticas da população mais afetada — mulheres, jovens e população negra — é possível concluir que a epidemia de zika não é apenas um problema de saúde pública, mas também o resultado das desigualdades que mantêm distante da realidade da população questões fundamentais como o planejamento familiar, formas de prevenção e tudo o que abarca a saúde sexual e reprodutiva”, afirma Nadal.

Para a Casa da Mulher do Nordeste, o Sistema ONU forneceu às organizações da sociedade civil envolvidas no trabalho em prol da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos dados atualizados, acesso ao diálogo com especialistas governamentais e a espaços multilaterais e centros de pesquisa e academia.

“Isso, além de possibilitar a qualificação técnica das organizações, articulações, redes e movimentos da sociedade civil no tema da tríplice epidemia das arboviroses e suas repercussões, criou um espaço crucial para que esses conhecimentos pudessem ser aplicados em uma atuação política”, diz a instituição por meio de assessoria de imprensa.

O evento acontece das 14h às 18h, no Hotel Nobile Suites Executive, localizado na Avenida Boa Viagem, em Recife.

Fundo de População da ONU participa de evento em PE sobre saúde no contexto do zika

Pernambuco é um dos estado brasileiros mais afetados por casos confirmados de microcefalia registrados em meio à epidemia do vírus zika. Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino
Pernambuco é um dos estado brasileiros mais afetados por casos confirmados de microcefalia registrados em meio à epidemia do vírus zika. Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) participa na quarta-feira (9) de seminário de apresentação dos indicadores das ações de projeto sobre saúde sexual e reprodutiva no contexto do vírus zika em Pernambuco.

Financiado pelo Fundo PositHIVo por meio de uma parceria com a Bayer, o projeto selecionou cinco ações para atuar diretamente com a falta de informação sobre microcefalia, a ausência de intervenção em saúde mental e prevenção de sofrimento.

Práticas inovadoras, como a “Caravana: mais fortes que o zika”, percorreu as cidades de Goiana, Olinda, Petrolina, Recife e Caruaru e marcou início das atividades de combate e prevenção do vírus em escolas públicas e comunidades de baixa renda.

As atividades acontecem até maio de 2018. As entidades selecionadas concluíram que a sociedade pernambucana ainda não se conscientizou de informações básicas sobre o vírus.

Em 2016, mais de 400 crianças tiveram a confirmação de microcefalia relacionada à síndrome congênita do vírus em Pernambuco. Segundo o Ministério da Saúde, no último ano, apenas 14% delas receberam o atendimento completo para reabilitação.

De acordo com o Boletim Epidemiológico deste ano, 81 pacientes apresentaram sintomas da doença. Entre eles, 13 foram confirmados e notificados em 15 municípios. Os dados podem indicar que a pessoa pode ter tido contato com o zika em algum momento, não necessariamente este ano.

Considerando as áreas geográficas de maior incidência de infecção pelo vírus e as caraterísticas da população mais afetada — mulheres, jovens e população negra — é possível concluir que a epidemia não é apenas um problema de saúde pública, mas também resultado das desigualdades sociais que ainda persistem.

Para Jaime Nadal, representante do UNFPA no Brasil, dentro do contexto de zika, é importante discutir o fortalecimento da saúde pública, como uma forma de assegurar o atendimento às mulheres para que elas sejam vistas como sujeitos de direito e superem as vulnerabilidades.

“Bahia e Pernambuco são os estados mais afetados no Brasil. Além das vulnerabilidades relacionadas com o acesso a água tratada e saneamento básico, é urgente resolver as desigualdades no acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva”, disse.

“O zika revela a necessidade de melhorar o acesso a educação para a sexualidade e habilidades para a vida, assim como o acesso universal a serviços de planejamento da vida reprodutiva de qualidade”, afirmou Nadal.

O evento também terá a participação de Harley do Nascimento, representante do Fundo PositHiVo, que apresentará o projeto e suas estratégias. Também estão convidados um representante do Conselho Administrativo da Bayer e o secretário de Saúde do estado, José Iran Júnior.

Diretora da Organização Pan-Americana da Saúde faz visita oficial ao Brasil

Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto: OMS
Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foto: OMS

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, iniciou nesta segunda-feira (12) visita ao Brasil para realizar reuniões com autoridades do governo brasileiro, incluindo o Ministério da Saúde, e internacionais, bem como analisar os avanços e desafios em saúde das Américas.

Ela participou da abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública, no espaço Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ). Carissa permanece na cidade até 16 de março.

Na abertura do congresso, a diretora da OPAS apresentou um breve panorama sobre a medicina tradicional na Região das Américas e abordou o tema deste ano do Dia Mundial da Saúde (7 de abril de 2018): a saúde universal.

Saúde universal significa que todas as pessoas, sobretudo as que estão em situação de vulnerabilidade — não importa onde estejam —, tenham acesso a cuidados de saúde efetivos e de qualidade e sejam protegidas de dificuldades financeiras no momento em que necessitam de assistência.

Abrange toda a gama de serviços de saúde, desde promoção até prevenção, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. Além disso, o alcance da saúde universal envolve ações de diversos setores da sociedade, para enfrentar a pobreza, injustiça social, déficit de educação e habitação insalubre, entre outros fatores que influenciam o estado de saúde das pessoas.

Esta é a sexta vez que Carissa faz visita oficial ao Brasil. Desde 2013, quando assumiu pela primeira vez o cargo, a diretora já esteve no país para acompanhar os esforços de resposta ao vírus zika e sua síndrome congênita associada, para participar da 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito e colaborar com ações de formação e provimento de profissionais de saúde, a exemplo do Programa Mais Médicos.

Agência da ONU discute combate ao zika em programa do Canal Saúde

Mosquito Aedes aegypti é principal vetor do vírus da dengue, zika e chikungunya. Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino
Mosquito Aedes aegypti é principal vetor do vírus da dengue, zika e chikungunya. Foto: UNICEF/BRZ/Ueslei Marcelino

A representante-auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fernanda Lopes, participou na terça-feira (22) do Sala de Convidados, programa do Canal Saúde, com o objetivo de discutir o tema “A sociedade e as soluções para o zika”.

O programa também teve a participação do chefe de gabinete da presidência da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Valcler Rangel, e do coordenador da Feira de Soluções para Saúde, Wagner Martins.

Diante dos desafios causados pelo avanço do zika no país, a FIOCRUZ, em parceria com a Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, criou o projeto “Plataforma de vigilância de longo prazo para o zika e a microcefalia no âmbito do SUS”, que pretende criar espaços de trocas de experiências e sugestões para o enfrentamento de zika, dengue, chikungunya, febre amarela e a seus vetores.

Durante o programa do Canal saúde, os convidados debateram a iniciativa e as próximas ações consideradas necessárias para o projeto. Fernanda citou a campanha do UNFPA Brasil “Mais direitos menos Zika”, que foca na necessidade de discutir os direitos de saúde reprodutiva das mulheres para um combate eficaz do vírus.

“A campanha foi construída como uma resposta para colocar as mulheres no centro da resposta brasileira. Organizações formadas por mulheres, jovens feministas, mulheres negras, num chamado convocado pelas Nações Unidas, participaram de um espaço em que constituíram uma sala de articulação para promoção dos direitos das mulheres e dos direitos de saúde reprodutiva”, disse Fernanda.

Assista ao programa completo: http://bit.ly/2vsQbP0.