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ONU pede medidas para combater crises alimentares recorrentes na região de Sahel, na África

A Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, pediu soluções para combater as causas básicas das crises cíclicas de alimentos na região africana de Sahel, após ter visitado durante três dias o Níger, onde metade da população precisa de assistência.

“A subnutrição não ocorre apenas devido à falta de alimentos, mas também está ligada às doenças, à falta de água potável, à falta de informação”, disse no último sábado (16/10), quando a ONU comemorou o Dia Mundial da Alimentação. “Ao longo dos anos, nos tornamos muito bons em responder às necessidades imediatas”, acrescentou Amos. “Precisamos agora nos tornarmos eficientes em construir pontes entre as emergências e o desenvolvimento”.

O Níger tem enfrentado crises alimentares periódicas nas últimas três décadas, a última ocorrida em 2005, quando mais de três milhões de pessoas estiveram ameaçadas pela fome severa. A ajuda global auxiliou na contenção da crise, cerca de cinco milhões de pessoas receberam ajuda alimentar, 220 mil crianças com menos de cinco anos de idade foram tratadas por desnutrição severa e 800 centros especializados foram criados.

Entretanto, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) alertou que muitas famílias ainda irão lidar com os efeitos prolongados da escassez de alimentos deste ano em 2011. Além da satisfação das necessidades imediatas, segundo o Escritório, o desafio é encontrar soluções duradouras para as crises alimentares recorrentes e do impacto das alterações climáticas.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas são atingidas por enchentes na África Ocidental

Cerca de 1,5 milhão de pessoas são atingidas por enchentes na África Ocidental. Foto ONU

As Nações Unidas anunciaram que cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas e 377 morreram por causa das inundações na África Central e Ocidental. O Chade, Níger, Nigéria e o norte de Camarões enfrentam uma séria epidemia de cólera.

A Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, visitará por quatro dias à Nigéria e o Níger para se reunir com organizações humanitárias e autoridades locais, enquanto lutam contra as fortes enchentes causadas por chuvas torrenciais e níveis excepcionalmente altos de água do Níger e de outros rios da região.

Benin foi o país mais atingido, com 360 mil pessoas afetadas e 42 mortes, seguido pela Nigéria com 300 mil vítimas e 118 mortes, disse a porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Elisabeth Byrs. Outros países afetados pelas inundações são Níger, com cerca de 227 mil vítimas, Chade, com quase 145 mil, e Burkina Faso, com mais de 105.000.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros já escalaram uma série de atividades no Chade, que está enfrentando uma de suas piores epidemias de cólera em 10 anos, com cerca de 2.600 casos e 112 mortes notificadas a partir do início do mês. Foram doados equipamentos de cólera para hospitais e organizações não-governamentais (ONGs), e foi providenciada assistência técnica para o Ministério da Saúde local.

Agência da ONU alerta sobre fome crescente no Chade

Agência da ONU alerta sobre fome crescente no Chade. Foto ONUApesar dos sinais de melhoria no Níger, que sofre devido a uma grave crise alimentar, o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) advertiu que as taxas de desnutrição infantil são assustadoramente altas no vizinho Chade.

“Vimos o impacto positivo da oportuna e bem coordenada assistência alimentar e nutricional realizada em parceria com o Governo do Níger”, onde quase metade da população de 15 milhões de habitantes vivem com fome, disse a Diretora Executiva do PMA, Josette Sheeran. Mas, no Chade, que também teve uma longa e terrível temporada de escassez, “as crianças são frágeis e precisam continuar recebendo alimentos e apoio nutricional”, ressaltou. A falta de chuvas regulares, em todo o Sahel leste, ocasionou a destruição de grande parte da safra do ano passado, secando também bebedouros para o gado.

Para responder à situação, o PMA lançou operações de emergência de assistência alimentar no Níger e no Chade para atender às necessidades nutricionais das crianças e para manter as famílias alimentadas durante o período entressafras, quando o alimento é escasso e os preços estão em ascensão. O Coordenador de Emergência para o Sahel Oriental do PMA, Manuel Aranda da Silva, disse que em algumas regiões do Níger, os preços já estão começando a cair nos mercados locais e a taxa de desnutrição das crianças está se estabilizando.

Segundo Aranda, o PMA deve manter sua operação pelo menos durante os próximos três meses, assim como começar a enfrentar algumas das causas estruturais da insegurança alimentar e a desnutrição para reforçar a resistência às recorrentes secas. “O sistema de saúde no Chade não abrange todas as áreas e há poucas organizações não-governamentais apoiando a distribuição de alimentos do Programa”, observou ele, enfatizando que, embora o tempo da colheita esteja se aproximando, seria perigoso diminuir o suporte nutricional das crianças do Chade.

Fundos humanitários: déficit de cinco bilhões de dólares

Fundos humanitários: déficit de cinco bilhões de dólares. Foto: ONU.Agências das Nações Unidas e seus parceiros enfrentam um déficit de quase cinco bilhões de dólares este ano em fundos para reagir a crises humanitárias ao redor do planeta. Até o momento, menos da metade dos 9,5 bilhões de dólares necessários para atender as 53 milhões de pessoas em 34 países que precisam de ajuda foram recebidos.

O afluxo de recursos para 2010 está com um pequeno atraso em relação aos anos mais recentes, apesar das preocupações anteriores de que a recessão global esgotaria recursos destinados a desastres.Também era temido que as doações ao Haiti após o terremoto ocorrido em janeiro afetariam financiamentos para outras crises, mas o efeito foi leve. Os apelos globais originais, iniciados em novembro, solicitavam por volta de sete bilhões de dólares, mas essa quantia subiu para 9,5 bilhões em decorrência de novas crises, como o terremoto no Haiti. Também contribuindo para o aumento estão as situações graves em áreas como a República Centro-Africana e o Sahel, especialmente no Níger, que atravessa uma severa crise de alimentos.

Entre os pedidos individuais que já receberam grande parte dos recursos estão o Haiti, onde 64% dos quase 1,5 bilhão de dólares necessários foram recebidos; o Afeganistão, que recebeu 62% dos 77 milhões requeridos; e a Somália, com 56% dos 60 milhões necessários. Porém, apenas 10% dos 18 milhões pedidos para a Mongólia, que foi atingido por um complexo desastre natural, foram atendidos.

Apesar do recente progresso, África Ocidental permanece em encruzilhada

Representante Especial da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit. Foto: ONU.As causas dos conflitos na África Ocidental, incluindo tensões étnicas e desafios de governos, poderiam reverter os ganhos feitos na consolidação da paz, deixando a região numa encruzilhada. Está é a avaliação de um alto funcionário das Nações Unidas no país, feita nesta terça-feira (13). “Isto requer o apoio contínuo da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, para manter o momento de paz e estabilidade na região.” disse o Representante Especial para a África Ocidental, Said Djinnit.

Seis meses após seu último encontro com o Conselho de Segurança, Djinnit disse que a situação na região tem melhorado. Na época, uma crise constitucional tinha surgido no Níger, enquanto grande parte da população da Guiné era afetada pela insegurança alimentar, tráfico de drogas e outros obstáculos. “Desde então, a realização de eleições pacíficas no Togo – e a subsequente formação de um governo com a participação da oposição –, além do contínuo compromisso das autoridades do Níger com um programa de transição, são sinais encorajadores de progresso”.

“Não preciso dizer que uma democracia estável e pacífica em Guiné teria grandes implicações na estabilidade da região”, especialmente no fortalecimento da paz duramente conquistada em Serra Leoa e na Libéria, apontou Djinnit. O progresso na Guiné também poderia ajudar a resolver a atual crise na vizinha Guiné-Bissau. Neste país, uma série de assassinatos políticos têm ameaçado a segurança e estabilidade da região, mas a ordem foi restaurada com as eleições de Malam Bacai Sanhá, em junho de 2009. Nos últimos seis meses foi observado um crescimento na África Ocidental, apoiado pela recuperação da economia global. No entanto, Djinnit destacou que estas melhoras ainda não ocasionaram uma redução sustentável da pobreza.

Ao mesmo tempo, as perspectivas de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) permanecem fracas. Também preocupa a crise alimentar que envolve milhões de pessoas, especialmente em Níger, lar de mais de sete milhões de pessoas famintas.

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