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Governo da Libéria deve congelar bens de ex-líder militar, diz ONU

Charles Taylor (à direita)Pelo quarto ano consecutivo, o Conselho de Segurança exigiu (17/12) que o Governo da Libéria “faça todo o esforço necessário para cumprir suas obrigações” de congelar os bens do Ex-Presidente Charles Taylor, atualmente julgado por crimes de guerra perante um tribunal internacional. Ao mesmo tempo, o Conselho parabenizou a liderança do Governo a níveis regional e internacional pelo Processo Kimberley, que busca banir os chamados “diamantes de sangue” – jóias comercializadas ilegalmente para o financiamento de conflitos, um dos maiores fatores de inquietação na África e ferramenta declaradamente utilizada por Taylor, por mais de uma década, quando guerras civis assolaram a Libéria e o Serra Leoa.

Em resolução unânime sobre sanções com foco no corte do financiamento de conflitos, os 15 Estados-Membros observaram “com séria preocupação a falta de progresso” na implementação de uma resolução de 2004 exigindo que todos os bens de Taylor, sua família e associados fossem congelados para preveni-los de obstruir a restauração da paz na Libéria e na região.

Taylor, que está sendo julgado pelo Tribunal Especial para Serra Leoa, em Haia (Países Baixos), deixou a Libéria em 2003, em meio a conflitos violentos, e a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) tem, desde então, ajudado o país a retomar a paz através de eleições democráticas.

O Conselho, que estendeu por mais um ano o mandato de um Painel de Especialistas montado em 2007 para monitorar o cumprimento das sanções impostas em relação à guerra civil, pediu ao Governo que redobre seus esforços para garantir a eficácia do Processo Kimerley e disse que foi feito progresso insuficiente em assuntos relacionados ao tráfico de armas. Recordando decisão anterior de não renovar as sanções sobre a exportação de madeira, um dos muitos recursos naturais que têm sido usados para financiar conflitos na África, o Conselho sublinhou que a Libéria tem de continuar a aplicar a reforma florestal e leis de transparência de receita.

Como em anos anteriores, o Conselho alertou que, apesar do progresso significativo feito na Libéria desde 2003, “a situação no país continua a constituir ameaça à segurança e à paz internacional na região” e enfatizou a contínua importância da UNMIL no aprimoramento da segurança e no auxílio ao Governo no estabelecimento de sua autoridade por todo o país.

Conselho de Segurança revoga sanções contra Serra Leoa

O Conselho de Segurança revogou ontem (29) o embargo de armas e outras sanções impostas sobre Serra Leoa há mais de 12 anos, durante a guerra civil que deixou pelo menos 75 mil pessoas mortas e muitos mais mutilados. A decisão do Conselho de acabar com as sanções previstas na Resolução 1171, de 1998 chega apenas semanas depois de o Governo da Serra Leoa pedir que as medidas fossem revogadas.

Numa resolução aprovada por unanimidade, o corpo de 15 membros se disponibilizou a pôr fim às medidas “uma vez que o controle do Governo de Serra Leoa foi totalmente restabelecido em todo seu território, e quando todas as forças não-governamentais foram desarmadas e desmobilizadas”. Em decisão a parte, o Conselho prorrogou o mandato do Escritório Integrado de Consolidação da Paz na Serra Leoa (UNIPSIL) por mais um ano, até 15 de setembro de 2011.

O Conselho decidiu que o UNIPSIL, no próximo ano, sob a chamada Visão Conjunta do Sistema da ONU, deve se concentrar em ajudar o Governo com os preparativos para as eleições de 2012, além de se concentrar na prevenção e mitigação de conflitos, nos esforços para combater o desemprego juvenil e promover a boa governança, e os direitos humanos, entre outras áreas. Ele também apelou ao Governo, com o apoio do UNIPSIL, para intensificar os esforços para combater a corrupção, melhorar a prestação de contas, e promover o desenvolvimento do setor privado gerando riqueza e oportunidades de emprego.

Mia Farrow depõe no julgamento do ex-líder liberiano

O ex-Presidente liberiano Charles Taylor, durante sessão do Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL). Foto: ONU.A atriz e ativista humanitária Mia Farrow depõe hoje (9) sobre os “diamantes de sangue” no julgamento do ex-Presidente liberiano Charles Taylor no tribunal de crimes de guerra apoiado pelas Nações Unidas. Os juízes do Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL) vão ouvir Farrow após os depoimentos dados quinta-feira (5) pela modelo britânica Naomi Campbell.

Campbell disse ao TESL que recebeu uma bolsa com “pedras muito pequenas e de aparência suja” de dois homens não identificados durante a sua estada na casa do ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em 1997.

Campbell afirmou em seu depoimento que os homens não se apresentaram ao lhe darem a bolsa quando estava na casa presidencial, após um jantar realizado por Mandela. No dia seguinte, discutindo o assunto no café da manhã com Farrow, Campbell disse que foi informada de que as pedras eram possivelmente diamantes e de Taylor, outro convidado do jantar.

A modelo disse que mais tarde deu as pedras a um representante da Fundação Nelson Mandela para as Crianças, porque queria que fossem para caridade. Disse também não conhecer Taylor antes do jantar ou a expressão “diamante de sangue”.

Taylor, que está em julgamento por acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, é acusado de usar “diamantes de sangue” para alimentar o conflito em Serra Leoa, quando era líder na vizinha Libéria. Ele nega ser culpado das 11 acusações do TESL, que incluem pilhagem, escravidão para efeitos de casamento forçado, punição coletiva e recrutamento e utilização de crianças-soldado. As acusações são relativas a seu apoio a dois grupos rebeldes em Serra Leoa, o Conselho Revolucionário das Forças Armadas e a Frente Unida Revolucionária.

O TESL foi criado conjuntamente pelo Governo de Serra Leoa e as Nações Unidas em 2002 e está sediado na capital Freetown. Seu mandato é julgar aqueles envolvidos nas graves violações das leis do direito humanitário internacional e das leis nacionais cometidas no território de Serra Leoa desde o final de novembro de 1996.

ONU e União Africana discutem esforços conjuntos para assistência a países emergindo da guerra

Membro de Missão de Paz da ONU em atuação na África. Foto: ONU.Representantes das Nações Unidas e da União Africana (UA) se encontraram na semana passada em Nova York para discutir maneiras de impulsionar a cooperação entre as duas partes com o objetivo de apoiar esforços de países saindo de conflitos, principalmente na África, para estabelecer uma paz duradoura. Esta foi a primeira reunião consultiva entre membros da Comissão de Consolidação da Paz da ONU (PBC, na sigla em inglês) e do Conselho de Paz e Segurança da UA, e baseia-se na visita da PBC à sede da UA em Adis Abeba (Etiópia), ocorrida em novembro de 2009.

O encontro “fortalece a cooperação que congrega as Nações Unidas e a União Africana na busca de uma visão abrangente para a paz e prosperidade na África”, declarou o Presidente da Comissão de Consolidação da Paz, Embaixador Peter Wittig, da Alemanha. A reunião também encoraja o apoio a esforços de consolidação de paz na África, assim como mecanismos para promover conjuntamente ajuda financeira e política para países emergindo de conflitos no continente.

A PBC, fundada em 2005 para ajudar Estados em dificuldades a não voltarem a situações de guerra e caos, atualmente possui quatro países em sua agenda – Burundi, Serra Leoa, Guiné-Bissau e a República Centro-Africana. Países também podem se beneficiar da assistência financeira do Fundo de Consolidação da Paz da ONU para acelerar projetos de reconstrução.

Participantes da reunião enfatizaram a necessidade de uma ação conjunta em uma série de questões, incluindo mobilização de recursos para atividades de consolidação de paz na África, e afirmaram a importância da liderança nacional no processo de pacificação em países em fase de pós-conflito e da parceria internacional no apoio a tais esforços. O encontro foi realizado na última quinta-feira (8).

Apesar do recente progresso, África Ocidental permanece em encruzilhada

Representante Especial da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit. Foto: ONU.As causas dos conflitos na África Ocidental, incluindo tensões étnicas e desafios de governos, poderiam reverter os ganhos feitos na consolidação da paz, deixando a região numa encruzilhada. Está é a avaliação de um alto funcionário das Nações Unidas no país, feita nesta terça-feira (13). “Isto requer o apoio contínuo da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, para manter o momento de paz e estabilidade na região.” disse o Representante Especial para a África Ocidental, Said Djinnit.

Seis meses após seu último encontro com o Conselho de Segurança, Djinnit disse que a situação na região tem melhorado. Na época, uma crise constitucional tinha surgido no Níger, enquanto grande parte da população da Guiné era afetada pela insegurança alimentar, tráfico de drogas e outros obstáculos. “Desde então, a realização de eleições pacíficas no Togo – e a subsequente formação de um governo com a participação da oposição –, além do contínuo compromisso das autoridades do Níger com um programa de transição, são sinais encorajadores de progresso”.

“Não preciso dizer que uma democracia estável e pacífica em Guiné teria grandes implicações na estabilidade da região”, especialmente no fortalecimento da paz duramente conquistada em Serra Leoa e na Libéria, apontou Djinnit. O progresso na Guiné também poderia ajudar a resolver a atual crise na vizinha Guiné-Bissau. Neste país, uma série de assassinatos políticos têm ameaçado a segurança e estabilidade da região, mas a ordem foi restaurada com as eleições de Malam Bacai Sanhá, em junho de 2009. Nos últimos seis meses foi observado um crescimento na África Ocidental, apoiado pela recuperação da economia global. No entanto, Djinnit destacou que estas melhoras ainda não ocasionaram uma redução sustentável da pobreza.

Ao mesmo tempo, as perspectivas de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) permanecem fracas. Também preocupa a crise alimentar que envolve milhões de pessoas, especialmente em Níger, lar de mais de sete milhões de pessoas famintas.

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