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Japão: apesar de melhorias, AIEA afirma que situação ainda é delicada

O Assessor Especial para Assuntos Científicos e Técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Graham Andrew, relatou nesta terça-feira (22/03) que houve “alguma melhora” na crise das usinas nucleares no Japão, mas alertou que a situação geral continua preocupante. Ele alegou ainda que a Agência não recebeu informações sobre certos aspectos cruciais.

Segundo Andrew, altos níveis de contaminação foram encontrados na proximidade da usina de Fukushima Daiichi, e a AIEA continua recebendo dados sobre altos níveis de radiação em alimentos, principalmente espinafre, em amostras colhidas em cinco cidades ao sul de Fukushima. De acordo com o Assessor Especial, isto indicaria que em algumas províncias o nível de radiação nos alimentos está acima do permitido.

Uma equipe de monitoramento da AIEA tomou medidas em locais a 35 e 69 quilômetros da usina, e planeja ter mais duas equipes em atividade nos próximos dias, uma na região de Fukushima e outra em Tóquio e seus arredores.

Sobre os reatores da usina, danificados pelo recente terremoto e pelo tsunami que atingiram o país, houve uma evolução positiva nos reatores cinco e seis da usina, que já estavam resfriados, declarou Andrew.

Primeiro-ministro turco aponta necessidade de eliminar todas as armas nucleares do mundo

Primeiro Ministro da Turquia, Recep Tayyip ErdogaA exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez um discurso anti-armas nucleares durante a abertura do III Fórum da Aliança de Civilizações, nesta sexta-feira (28). Erdogan afirmou que “o armamento nuclear é algo repulsivo e ameaça o nosso futuro”. “Temos que eliminar todas as armas nucleares do mundo”, disse.

Segundo ele, as diferenças culturais e religiosas são resultado natural da condição humana e “fazer dessas diferenças um pretexto para criar conflitos é destruir a própria humanidade”. O primeiro-ministro turco declarou que atualmente há no mundo uma série de ameaças que todos conhecemos e testemunhamos, como o “tráfico de mulheres, tráfico de drogas e o aquecimento global”.

“No entanto, há outras ameaças que talvez não estejam sendo vistas. O preconceito, a intolerância, a impaciência e a discriminação. Devemos trazer a atenção do mundo para elas e mostrar que podemos eliminá-las”, afirmou.

Segundo Erdogan, a Aliança de Civilizações tem o papel fundamental de deixar claro que diferentes culturas e civilizações podem coexistir em paz. “É preciso abraçar a todos sem discriminação. Quem quer justiça e igualdade deve tratar as pessoas dessa forma”, concluiu.

“Energia nuclear deve ser ferramenta para o desenvolvimento e não ameaça à paz mundial”, diz Lula

Lula discursa na abertura do III Fórum da Aliança de CivilizaçõesO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (28) que a energia nuclear deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento e não uma ameaça à paz mundial. Em discurso durante a abertura do III Fórum da Aliança de Civilizações, Lula lembrou que o Brasil é um dos poucos países cuja constituição proíbe a produção de armas nucleares e disse que “a existência de armas de destruição em massa faz do mundo um lugar menos seguro”.

Lula declarou que sua experiência como sindicalista o ensinou que posições inflexíveis afastam a possibilidade das soluções de paz que a maioria aspira – e que, com esses princípios, viajou a Tel-Aviv (Israel) e Ramalá (Cisjordânia), tentando buscar a paz.

“Com esse propósito, o primeiro-ministro Erdogan (da Turquia) e eu fomos a Teerã (Irã) buscar com o presidente Ahmadinejad uma solução negociada para um conflito que ameaça muito mais do que a estabilidade de uma região importante do planeta. O mundo precisa do Oriente Médio em paz”, afirmou.

O presidente destacou que a tolerância é fundamental para paz e citou as diversas etnias, religiões e culturas que, juntas e convivendo pacificamente, compõe a nação brasileira.

Lula falou ainda que a juventude é a promessa do futuro e sua participação em programas de diálogo é indispensável para a construção de um ambiente naturalmente tolerante. Segundo ele, esse deve ser o centro deste III Fórum da Aliança de Civilizações, ao lado do papel decisivo que tem os meios de comunicação.

“Esse terceiro fórum confirma que não devemos perder o entusiasmo ouvindo aqueles que duvidam que atinjamos nossos objetivos. É fundamental o diálogo entre estados e sociedades que desejam criar um mundo baseado na compreensão e na solidariedade. Essa é a mensagem”, finalizou o presidente.

Irã: Resoluções do Conselho de Segurança precisam ser respeitadas

Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)Questionado sobre um acordo alcançado pelo Irã com a Turquia e o Brasil, em uma troca de combustível nuclear, o Porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky, declarou que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estava esperando receber informações mais precisas sobre o acordo antes de se pronunciar. Porém, disse que qualquer esforço para resolver as diferenças pela via diplomática era encorajador, no sentido de que é importante que haja debates.

Nesirky salientou a importância das resoluções do Conselho de Segurança da ONU já em vigor e disse que estas precisavam ser respeitadas e declarou que a questão estava “firmemente” nas mãos do Conselho de Segurança.

Em resposta a uma pergunta sobre a próxima visita do Secretário-Geral ao Brasil, ele disse que o Secretário-Geral participaria do Fórum da Aliança das Civilizações e manterá reuniões bilaterais com autoridades brasileiras.

ONU orienta países que pretendem usar energia nuclear

O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, afirmou que dezenas de países estão considerando começar a utilizar energia nuclear para gerar eletricidade. A declaração de Amano aconteceu no início da Conferência de 2010 para Exame do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que reuniu representantes de mais de uma centena de países em Nova York, na semana passada. Segundo Amano, espera-se que entre 10 e 25 países iniciem suas primeiras centrais nucleares até 2030, unindo-se aos 30 que já fazem parte do movimento nuclear. Cerca de uma dúzia de centrais estão em construção, metade delas na Ásia e a maioria na China.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, se dirige à  Conferência de 2010 para Exame do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Foto: UN/Eskinder Debebe.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, se dirige à Conferência de 2010 para Exame do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Foto: UN/Eskinder Debebe.

“A crise financeira mundial não diminuiu o interesse pela energia nuclear”, revelou o chefe da seção de Planejamento e Estudos Econômicos da AIEA, Hans-Holger Rogner. A Agência espera que a capacidade da energia nuclear cresça nas próximas décadas, à medida que a demanda global por eletricidade também continue a subir. O direito à utilização pacífica da tecnologia nuclear é um dos três pilares do TNP. Se os países decidirem introduzir um componente nuclear aos seus sistemas de energia, a AIEA então ajudará a garantir que eles tenham a capacidade necessária, recursos humanos, planos para o que fazer com o lixo nuclear e se estão agindo de acordo com as convenções internacionais, entre outras coisas.

Rogner afirma que o papel da Agência não é político, mas sim simplesmente orientar os chefes de estado quanto à melhor prática, e desencorajou os países a tomarem uma postura que chama de “DAD” – decidir, anunciar e defender. “Ao invés dessa atitude, é preciso envolver a todos desde o primeiro dia”, disse.