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ONU: Enquanto 6 bilhões de pessoas têm celular, apenas 2,5 bilhões têm acesso a banheiros

Estudantes ajudam a abrir um fosso para ser usado como latrina em uma escola em Zimbábue. Foto: Wikicommons/Peter Morgan
Estudantes ajudam a abrir um fosso para ser usado como latrina em uma escola em Zimbábue. Foto: Wikicommons/Peter Morgan

De acordo com dados das Nações Unidas, enquanto 6 bilhões de pessoas têm celular, apenas 2,5 bilhões têm acesso a instalações sanitárias apropriadas. Cerca de 946 milhões de pessoas ainda praticam a defecação ao ar livre. As precárias condições sanitárias provocam uma média de 5 cinco mil óbitos de crianças no mundo a cada dia.
Proporcionar mais instalações sanitárias adequadas foi o centro da declaração do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon nesta quinta-feira (19), Dia Mundial dos Banheiros. “Saneamento é primordial para a saúde humana e do meio ambiente, bem como as oportunidades individuais, de desenvolvimento e dignidade”, disse.
O secretário-geral citou que a Agenda 2030 reconhece a importância do saneamento no desenvolvimento sustentável, lembrando que esta meta alcançou um dos piores rendimentos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Além de prover melhor acesso às comunidades, Ban destacou que é preciso trabalhar para mudar percepções tradicionais e educar as populações sobre os riscos de não usar instalações apropriadas.
Para Ban, a falta de saneamento básico e higiene está ligada a doenças e má nutrição. Mais de 800.000 crianças – ou uma vítima em cada dois minutos – morrem de diarreia, e quase metade das mortes das crianças abaixo de 5 anos acontecem por consequência da desnutrição.

FAO: Ações do Brasil para sair do mapa da fome devem ser aplicadas a populações mais vulneráveis

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), contribui para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta da alimentação escolar e de ações de educação alimentar e nutricional. Foto: MEC
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), contribui para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta da alimentação escolar e de ações de educação alimentar e nutricional. Foto: MEC

Criar e fortalecer políticas públicas voltadas para as populações mais vulneráveis como comunidades indígenas e quilombolas, melhorar a alimentação da população para combater a obesidade, adotar medidas para diminuir o desperdício de alimentos e enfrentar as questões relacionadas às mudanças climáticas. Esses sãos os principais desafios para o Brasil, de acordo com a segunda edição do Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil – 2015 (SOFI Brasil), publicado pela Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A publicação lançada no âmbito da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional é uma continuidade do primeiro relatório publicado no ano passado. A primeira edição revelou que o Brasil venceu o problema estrutural da fome e não está mais no mapa da Fome das Nações Unidas.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a pobreza no Brasil foi reduzida de 24,7% em 2002 para 8,5% em 2012, e a extrema pobreza caiu de 9,8% para 3,6% no mesmo período. Esse resultado fez com que o país cumprisse a meta de reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Para as décadas seguintes o Brasil precisa voltar a atenção para os chamados grupos mais vulneráveis que abrigam a maior parte das pessoas que ainda sofrem de insegurança alimentar no país. “Chegar até essas pessoas é essencial para que o Brasil fique livre da fome uma vez por todas. As políticas devem criar estratégias para atingir de forma eficaz, os ribeirinhos, quilombolas, indígenas e a população rural”, afirmou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.
Outro desafio está ligado a promover a alimentação saudável. Em todo o mundo cresce o número de pessoas com sobrepeso. A obesidade figura como uma das principais causas de doenças que atingem a população, como por exemplo, hipertensão e diabetes. Segundo o relatório, há uma erosão de 20% nos orçamentos dos países decorrentes da obesidade e doenças a ela associadas. No Brasil, em 2011, o custo da obesidade e da fração atribuível de cada doença a ela associada foi de mais de 480 milhões de reais para o Sistema Único de Saúde.
“A alimentação saudável deve ser uma aliada da população. As dietas precisam garantir alimentos nutritivos e ricos em proteínas. E quem pode contribuir bastante para isso é o agricultor familiar. Os pequenos agricultores são responsáveis por mais de 70% dos alimentos que chegam diariamente a nossas mesas e a produção deles vem de uma fonte sustentável e acima de tudo saudável”, ressaltou Bojanic.
Agendas convergentes
O relatório também faz referência aos novos desafios pós-2015 com a aprovação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mais de 190 países se comprometeram na Assembleia Geral da ONU com 17 objetivos e 169 metas. A segurança alimentar está presente com objetivos mais ambiciosos: erradicar a pobreza em todas suas formas até 2030, alcançar a segurança alimentar e a melhora da nutrição e promover a agricultura sustentável.
O Brasil tem um papel importante nesse processo, já que o país tem capacidade de se tornar nas próximas décadas o maior exportador de alimentos do mundo, com uma produção capaz de atender tanto a demanda interna, como a externa.

Com apoio da ONU, Brasil implementa banco de leite humano em Moçambique

Profissional de saúde avalia as amostras de leite humano da Central de Banco de Leite. Foto: Banco de Leite Humano
Profissional de saúde avalia as amostras de leite humano da Central de Banco de Leite. Foto: Banco de Leite Humano

Cerca de 10 mulheres morrem diariamente em Moçambique por complicações relacionadas à gravidez e ao parto. A cada mil crianças nascidas vivas, 48 não resistem ao primeiro mês de vida. Das que sobrevivem, muitas não podem ser amamentadas devido à precariedade da saúde materna, a problemas psicológicos das mães ou a outras complicações.
Com o fim de aprimorar o desenvolvimento humano no país africano, o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com o Governo de Moçambique, implementa projeto de cooperação sul-sul para a criação de um banco de leite humano na cidade de Maputo, capital de Moçambique. A ação está inserida no projeto Brazil & Africa: fighting poverty and empowering women via South-South Cooperation, implementado com apoio financeiro do Ministério do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID).
O projeto de banco de leite humano já foi implementado em 23 países com sucesso, explicou o coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e do Programa Ibero-Americano de Bancos de Leite Humano da Fiocruz, João Aprígio. Na África, desde 2010, Cabo Verde usufrui desse benefício e, como resultado, o especialista ressalta que “com um ano de funcionamento do sistema de aleitamento, houve redução de 55% da mortalidade neonatal no Hospital Agostinho Neto, na capital, Praia”.
A expectativa é de que, até o final do segundo semestre do próximo ano, o banco de leite já esteja atendendo às moçambicanas. Segundo os especialistas, a importância de o projeto entrar em funcionamento o mais rapidamente possível deve-se não apenas ao fato de que ele se propõe a reduzir a mortalidade infantil, mas também a melhorar a atenção às mães que estão em unidade de terapia intensiva, em atendimento mais urgente nos hospitais por complicações pós-parto ou por nascimento de bebês prematuros.
Além disso, para a fase de capacitação do projeto, o governo brasileiro, por meio da Fiocruz, quer trazer dois profissionais moçambicanos para participarem de um treinamento com duração de quatro meses no Brasil. “Esses especialistas retornarão depois a Moçambique, e a expectativa é de que essas pessoas atuem como multiplicadores para o pessoal local e como gerenciadores do centro”, conclui o representante do DFID, Massimiliano Lombardo.
Tecnologia 100% brasileira
Em 1985, o Brasil possuía três bancos de leite humano e era totalmente dependente de tecnologias que vinham da Europa e dos Estados Unidos. O custo para implementar um projeto de arrecadação de leite no país era extremamente alto e, por isso, muitas vezes, inviável.
Ao investir em pesquisas da área, a Fiocruz conseguiu substituir os produtos importados por nacionais, com equipamentos de baixo custo e que apresentavam a mesma eficiência. Só nos frascos importados dos EUA, a economia foi de 75%. Os equipamentos de pasteurização se tornaram muito mais acessíveis quando caíram de 25 mil dólares para 1 mil dólar a unidade, a qual passou a ser produzida em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Dessa forma, o Brasil iniciou um processo de expansão dos bancos de leite humano para todos os estados do país. Em 2001, durante 54ª Assembleia Mundial de Saúde, a iniciativa brasileira recebeu o prêmio Sasakawa de Saúde, o que fez com que o modelo de banco de leite humano brasileiro se tornasse referência internacional.
A partir de então, projetos de cooperação com países da América Latina e, posteriormente, da Europa e da África, levaram a experiência brasileira a 23 países, sendo Moçambique o caso mais recente. Atualmente o Brasil conta com 213 bancos de leite humano espalhados por todo o território nacional que, entre 2009 e 2014, atenderam mais de 12,4 milhões de mulheres.

'Objetivos globais serão ainda mais abrangentes, compatíveis com complexidade das demandas atuais'


O processo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) não ocorre de forma isolada. “Atuamos em parceria. O banco apoia na disseminação e mobilização dos ODM nos níveis municipal, estadual e federal”, diz o gerente executivo da Unidade de Negócios Sociais e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil (BB), Wagner de Siqueira, em entrevista exclusiva ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Em relação aos desafios que ainda afligem a humanidade, Siqueira lembra que muito já foi feito, mas que ainda existe um caminho a trilhar, e foi nessa busca pelo desenvolvimento em bases mais sustentáveis que a instituição aderiu a algumas iniciativas da ONU, como a Pacto Global, o Caring for Climate e o CEO Water Mandate, além dos ODM.
O gerente também destaca a importância da igualdade de gênero na instituição, nos diversos níveis hierárquicos. No que se refere à atuação do banco para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nos próximos quinze anos, Wagner ressalta a importância e os desafios da nova Agenda de Desenvolvimento 2030.
“Os ODS serão ainda mais abrangentes e desafiadores, e isso é compatível com a complexidade das demandas sociais e ambientais atuais”, disse.
Confira a entrevista acima ou na série ‘Parceiros dos ODM em Ação’ (clicando aqui).

‘Objetivos globais serão ainda mais abrangentes, compatíveis com complexidade das demandas atuais’

O processo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) não ocorre de forma isolada. “Atuamos em parceria. O banco apoia na disseminação e mobilização dos ODM nos níveis municipal, estadual e federal”, diz o gerente executivo da Unidade de Negócios Sociais e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil (BB), Wagner de Siqueira, em entrevista exclusiva ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Em relação aos desafios que ainda afligem a humanidade, Siqueira lembra que muito já foi feito, mas que ainda existe um caminho a trilhar, e foi nessa busca pelo desenvolvimento em bases mais sustentáveis que a instituição aderiu a algumas iniciativas da ONU, como a Pacto Global, o Caring for Climate e o CEO Water Mandate, além dos ODM.

O gerente também destaca a importância da igualdade de gênero na instituição, nos diversos níveis hierárquicos. No que se refere à atuação do banco para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nos próximos quinze anos, Wagner ressalta a importância e os desafios da nova Agenda de Desenvolvimento 2030.

“Os ODS serão ainda mais abrangentes e desafiadores, e isso é compatível com a complexidade das demandas sociais e ambientais atuais”, disse.

Confira a entrevista acima ou na série ‘Parceiros dos ODM em Ação’ (clicando aqui).