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UNAIDS pede que governos fortaleçam urgentemente programas de proteção social face à COVID-19

As mulheres são particularmente vulneráveis à crise econômica por estarem desproporcionalmente empregadas nos setores informais da economia. Foto: UNAIDS

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) convoca os países para que adotem medidas urgentes para reforçar os programas de proteção social a fim de proteger as pessoas mais vulneráveis do impacto na saúde e das consequências socioeconômicas da pandemia da COVID-19.

Pessoas vivendo com HIV e tuberculose (TB) estão sendo significativamente afetadas pela COVID-19. Uma modelagem de dados estimou os impactos catastróficos potenciais da pandemia da COVID-19 com aumentos de até 10%, 20% e 36% das mortes projetadas para pacientes com HIV, TB e malária, respectivamente, nos próximos cinco anos.

Entre as pessoas mais vulneráveis estão mulheres e meninas, gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas trans. Muitas destas pessoas são excluídas dos programas de proteção social existentes.

“Os países devem garantir que todas as pessoas possam receber serviços essenciais, incluindo cuidados de saúde, e devem investir adequadamente em programas de proteção social para manter as pessoas seguras e protegê-las das consequências da perda de seus meios de subsistência”, disse a diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima.

As consequências socioeconômicas da pandemia da COVID-19 terão maior impacto sobre algumas das pessoas mais desfavorecidas nas sociedades de todo o mundo. Por exemplo, a COVID-19 ameaça dobrar o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda para mais de 265 milhões até o final do ano. A maioria dessas pessoas estará em países já bastante afetados por conflitos, crises econômicas ou climáticas. Pessoas em situação de refúgio estão entre os grupos que enfrentam os maiores perigos.

Centenas de milhões de pessoas em todo o mundo também estão prestes a perder seus empregos nos setores formal e informal da economia. Cerca de 150 milhões de empregos em tempo integral foram perdidos no primeiro trimestre do ano e outras milhões de pessoas deverão perder seu sustento nos próximos meses.

Segundo o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, hoje, apenas 29% da população mundial tem acesso à cobertura de proteção social adequada. “Os governos devem agir para garantir a sustentabilidade dos meios de subsistência, negócios e empregos e a proteção da saúde, direitos e rendimentos de trabalhadores e trabalhadoras durante e após a COVID-19”.

As mulheres são particularmente vulneráveis à crise econômica por estarem desproporcionalmente empregadas nos setores informais da economia e, portanto, com maior probabilidade de perder seus rendimentos. Elas também são frequentemente empregadas na linha de frente da resposta à COVID-19, constituindo 70% da força de trabalho nos setores de saúde e assistência social, realizando a maior parte das tarefas domésticas não remuneradas em casa, creches e outras funções de cuidado de outras pessoas.

Um aumento na violência de gênero durante o confinamento também torna imperativo que os governos invistam em programas de proteção social elaborados especificamente para a proteção de mulheres e meninas.

Uma geração de jovens também corre o risco do colapso socioeconômico causado pela pandemia. A vulnerabilidade de crianças e jovens está sendo ampliada pelo fechamento de escolas, que afetou mais de 90% da população estudantil do mundo, interrompendo sua educação e seu acesso a serviços sociais essenciais, como a merenda escolar.

Para a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta H. Fore, crianças e jovens estão sofrendo desproporcionalmente com o impacto socioeconômico da crise da COVID-19 . “Antes do surto, duas em cada três crianças ou tinham proteção social inadequada ou não tinham nenhuma. Os países precisam cumprir seu compromisso de proteção social para todas as pessoas que dela necessitam”.

O apelo para que os governos invistam adequadamente em programas de proteção social é endossado pelo UNAIDS, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e apoiado pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Banco Mundial.

Programa apoiado pela ONU beneficia mais de 300 venezuelanos em 5 cidades

Desde o início da pandemia de COVID-19, quando começou a nova fase do programa PANA, 355 venezuelanos em Brasília (DF), São José e Tubarão (SC), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP) foram beneficiados com moradia segura, alimentação, itens de higiene pessoal e de limpeza, assim como apoio na integração socioeconômica.

No Acre, o projeto tem fornecido alimentos e alojamento a migrantes, incluindo venezuelanos, que ficaram bloqueados por causa do fechamento da fronteira com o Peru devido à crise sanitária.

A pandemia também ocasionou adaptações no projeto para acolher grupos familiares em vulnerabilidade que sofreram os efeitos econômicos da crise sanitária nos estados de São Paulo, Rondônia, Santa Catarina e no Distrito Federal.

Numa primeira etapa, os beneficiários nesses estados foram acolhidos em Casas de Passagem com auxílio financeiro para compra de alimentos. Ao sair do alojamento, bolsas de subsistência, que variam entre 682 reais e 1.107 reais, de acordo com o número de membros do grupo familiar, são garantidas durante três meses.

“Esta assistência está sendo fundamental para centenas de pessoas em cada cidade onde o Pana está operando. A Cáritas Brasileira e a OIM tiveram que ajustar o projeto após a chegada da pandemia, de forma a possibilitar o apoio àquelas famílias impactadas direta ou indiretamente pela COVID-19”, destaca o coordenador de projeto da OIM, Guilherme Otero.

“Felizmente conseguimos aliviar as dificuldades para muitas famílias, até mesmo com integração e intermediação laboral”, complementa Otero.

Com o apoio do PANA, a venezuelana Rosa H., que atualmente vive em Brasília com o marido e dois filhos, recebeu moradia e auxílio financeiro já no começo da pandemia. O casal produz artesanatos e com as medidas de isolamento social teve a venda dos seus produtos fortemente impactada.

“O benefício veio em um momento oportuno, quando começou a pandemia e não tínhamos condições de trabalhar. A casa foi um bom lugar para morar e havia harmonia entre todos os beneficiários”, relata a artesã que hoje já aluga sua residência por conta própria.

O projeto prevê ainda, além do acolhimento, apoio por equipe multidisciplinar que atua nos campos psicossocial e jurídico, oferecendo auxílio e orientações ao grupo de venezuelanos, por exemplo, para a regularização migratória e documental no Brasil.

A intermediação laboral e orientação para a redação de currículos, apoiando a inserção econômica das pessoas atendidas também é realizada. Com o apoio do programa, 19 refugiados e migrantes conseguiram voltar ao mercado de trabalho. Um curso de costura de três semanas também foi ofertado para mulheres em São Paulo com o intuito de fortalecer potenciais talentos e facilitar a recolocação profissional.

Todos os beneficiários passam também pelo acompanhamento na Casa de Direitos, espaços da Cáritas nas cidades em que o Pana está presente, que realizam atendimento remotamente durante a pandemia. Dentre as principais atividades nesse período, está o acompanhamento para garantir o acesso ao auxílio-emergencial, disponibilizado pelo governo federal, diante do coronavírus.

Diante do novo cenário de pandemia, Wemmia Santos, assistente social do Pana no DF, acredita que as orientações e atenção fornecidas, reforçaram não somente o cuidado e prevenção, mas garantiram que os migrantes se reconhecessem novamente como cidadãos.

“O projeto, para além do suporte, orientações e garantia de assistência, forneceu a dimensão de dignidade a essas pessoas, porque uma vez que a gente garante direitos, avançamos muitos passos na integração efetiva de migrantes na nossa sociedade”, diz.

Ação no Acre

Além das Casas de Passagem e Casas de Direitos, o Pana também pôde apoiar 119 migrantes de diversas nacionalidades, incluindo venezuelanos, no Acre. Eles estavam em trânsito em direção ao Peru e não puderam seguir viagem devido ao fechamento das fronteiras ocasionado devido à crise sanitária.

“As ações do PANA foram uma grande ajuda para as pessoas migrantes que não puderam ingressar no Peru devido ao fechamento da fronteira por causa da pandemia de COVID-19. Com os recursos disponibilizados, pudemos oferecer três refeições diárias, para migrantes que estavam em Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia”, informa a voluntária e assessora da Cáritas Diocesana de Rio Branco, Aurinete Brasil.

A Cáritas Brasileira, por meio de sua rede no estado, passou a oferecer alimentação aos migrantes na fronteira em julho, em especial na cidade de Assis Brasil.

O nome do Programa, estabelecido entre 2018-2019 e retomado em 2020, é inspirado no vocabulário venezuelano: “Pana” é uma palavra popular na Venezuela que significa “amigo”. É com esse sentido de parceria que o programa busca estabelecer vínculos entre as pessoas que migram e as cidades acolhedoras.

O Pana Brasil é uma iniciativa da Cáritas Brasileira, realizada com o apoio da Organização Internacional para Migrações (OIM) e financiamento do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM), do Departamento de Estado dos Estados Unidos que visa acolher integralmente a migrantes e refugiados venezuelanos no Brasil, especificamente, em cinco cidades do território nacional: Brasília (DF), São José e Tubarão (SC), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP).

Fundo de População da ONU promove sessões informativas para pessoas refugiadas e migrantes em Roraima

O Fundo de População da ONU (UNFPA) segue realizando sessões informativas com a comunidade de venezuelanos em Roraima.

Nesse período de recolhimento para muitas pessoas, as equipes foram a campo em grupos reduzidos para mitigar os riscos de contágio por coronavírus, buscando alcançar as populações em situação de maior vulnerabilidade.

As ações incluíram rodas de conversa e a promoção de informações sobre enfrentamento à violência baseada em gênero e sobre saúde sexual, reprodutiva e direitos.

Também foram realizadas atividades sobre práticas de higiene para evitar o contágio pelo novo coronavírus, assim como os cuidados específicos para mulheres grávidas e lactantes. Essa ações são realizadas em atendimentos nos Postos de Triagem de Pacaraima e Boa Vista, assim como nos abrigos e ocupações.

A equipe do UNFPA ainda realizaram a colagem de cartazes em ocupações, abrigos e no postos de triagem. Os cartazes foram produzidos no âmbito da plataforma R4V (Resposta para a Venezuela) para proteção de mulheres e meninas refugiadas e migrantes.

As atividades de conversa e a promoção de informações ocorrem durante a entrega de kits de limpeza e kits dignidade, com itens de higiene pessoal, nas ocupações de Boa Vista, incluindo a Beira Rio, Criança Feliz, Posto Equador, Aprisco, Futura Sede Da PM (desocupada), Antigo Shopping e a Ka’ubanoko, esta última de pessoas indígenas e não indígenas. Em Pacaraima a equipe atuou nos espaços da Igreja Batista e do Projeto Canarinhos da Amazônia.

As sessões informativas  também são realizadas de maneira recorrente nos 12 abrigos de Boa Vista e nos dois abrigos de Pacaraima, além dos postos de triagem. O UNFPA ainda apoiou a campanha Quarentena Sem Violência da Casa da Mulher Brasileira do Governo de Roraima, na qual ocorreu a entrega de 400 kits, com informativos e orientações às mulheres.

O trabalho de comunicação do UNFPA junto às comunidades busca agregar ao esforço de fortalecimento da prevenção ao coronavírus, com foco nas mulheres, jovens e crianças refugiadas e migrantes, especialmente as mulheres grávidas e lactantes.

Rodas de conversa seguem acontecendo em Roraima. Foto: UNFPA
Rodas de conversa seguem acontecendo em Roraima. Foto: UNFPA

Fundo de População da ONU realiza formação com jovens em Boa Vista (RR)

Integrantes do projeto Bora Saber participaram de formação. Foto: UNFPA

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) realizou nesta sexta-feira (21) uma atividade de formação com jovens integrantes do projeto Bora Saber, que promove a testagem por fluido oral para HIV em Boa Vista (RR). O projeto funciona com a dinâmica de testagem por pares, que consiste na atuação de jovens voluntários que realizam diálogos e testagem com os outros jovens em suas respectivas comunidades.

O programa tem apoio do Ministério da Saúde e foi realizado em parceria com a Associação Bem com a Vida (ABV), a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), e a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (SESAU). O UNFPA financia o programa e realiza apoio técnico.

O chefe de escritório do UNFPA em Boa Vista, Igo Martini, esteve presente na abertura das atividades e agradeceu aos jovens presentes pelo trabalho realizado.

Na atividade de formação, o oficial de programa do UNFPA, Caio Oliveira, dialogou com os e as jovens do Bora Saber, com o objetivo central de empoderar os e as participantes do projeto para que representem seus pares e suas comunidades em espaços de construção de políticas públicas. Também reforçou a importância do protagonismo juvenil no desenvolvimento sustentável, e como formadores e formadoras de opinião e agentes políticos em seus territórios.

Ele explicou que a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é um dos pilares do UNFPA, lembrando que a incidência de novos casos de HIV triplicou nos últimos 10 anos entre a população jovem. Entre as causas, destacou a deficiência de acesso à informação sobre a prevenção de ISTs, inclusive nas escolas.

A conversa ainda abordou o surgimento das Nações Unidas no contexto do pós-guerra e quais os objetivos do Fundo de População da ONU. “Nosso objetivo é que toda gravidez seja planejada, todo parto seja seguro e que toda pessoa jovem desenvolva seu pleno potencial”, explicou o oficial de programa do UNFPA.

O grupo ainda debateu sobre a Declaração Universal de Direitos Humanos, e como ela foi importante para o desenho da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (documento destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais no país), além do processo de reforma sanitária no Brasil, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a sua importância para a sociedade. Foi reforçado o papel das pessoas jovens nos processos de participação, como os Conselhos de Saúde e como referência e apoio para outras pessoas jovens, no âmbito do projeto, tanto como multiplicadores de informação nos processos de testagem de HIV.

Segundo a diretora da ABV, Ana Cristina Carvalho, sem o Fundo de População da ONU seria impossível a realização do projeto. “A gente ficou muito feliz quando o UNFPA nos convidou. Sem esse projeto, estaríamos com as atividades da testagem paralisadas. Ficamos felizes porque temos um prazer enorme de realizar essa ação”.

CEPAL lança relatório sobre papel das tecnologias digitais na pandemia da COVID-19

Relatório da CEPAL analisa o papel das tecnologias digitais na pandemia da COVID-19. Foto: Bongkarn Thanyakij/Pexels
Relatório da CEPAL analisa o papel das tecnologias digitais na pandemia da COVID-19. Foto: Bongkarn Thanyakij/Pexels

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) apresenta nesta quarta-feira (26) o Relatório Especial COVID-19 N? 7, em que examina o papel fundamental das tecnologias digitais na pandemia causada pelo coronavírus e como as dificuldades de acesso e velocidade das redes aprofundam as desigualdades e vulnerabilidades da população da região.

O novo documento, Universalizar o acesso às tecnologias digitais para enfrentar os impactos da COVID-19, analisa os avanços e limitações da digitalização e verifica como as soluções digitais reduzem o impacto das medidas de contenção do vírus, como a quarentena e o distanciamento social. Propõe, também, medidas na área da conectividade e da economia digital para uma retomada inclusiva. A apresentação do relatório será feita pela secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, em coletiva de imprensa virtual às 12h.

De acordo com o relatório, as tecnologias digitais têm sido essenciais para manter o funcionamento da economia e da sociedade durante a crise da COVID-19. As redes e a infraestrutura das comunicações estão sendo utilizadas cada vez mais intensamente para atividades produtivas, educacionais, de saúde, de relacionamento e de entretenimento. Avanços que foram previstos que levariam anos para se concretizar, ocorreram em poucos meses. Números atualizados de acesso à internet nos domicílios, e o uso das tecnologias para o teletrabalho, saúde eletrônica, educação on line e comércio eletrônico, entre outras áreas, farão parte do relatório que será apresentado pela secretária-executiva da CEPAL.

A coletiva será transmitida via Webex neste link.  Os jornalistas interessados em participar deverão registrar-se com antecedência e receberão um e-mail com as instruções para se conectar. A coletiva será transmitida ao vivo pelo site da CEPAL – e nas redes sociais: Twitter (@cepal_onu) e Facebook (https://www.facebook.com/cepal.onu).

Os jornalistas poderão enviar suas perguntas com antecedência para o e-mail: [email protected], que serão respondidas pela secretária-executiva da CEPAL ao vivo, assim que for concluída a apresentação do documento. As perguntas só serão recebidas até às 12h30 de Brasília. A versão eletrônica completa do novo documento da CEPAL, juntamente com um comunicado de imprensa e a apresentação da secretária-executiva, Alicia Bárcena, estarão disponíveis no site da CEPAL e na página do Observatório COVID-19 da América Latina e do Caribe  ao final da coletiva de imprensa.

SERVIÇO

Lançamento do Relatório Especial COVID-19 N? 7 da CEPAL  Universalizar o acesso às tecnologias digitais para enfrentar os impactos da COVID-19

Quarta-feira, 26 de agosto de 2020, 12h de Brasília

Conexão virtual pela plataforma Webex (é necessário registro prévio):

https://eclac.webex.com/eclac-sp/onstage/g.php?MTID=ef4f80cc5bbb85cb1cba979ebe6add8ab

Event number: 160 898 4914

Event password: TEC2020

Pelo site da CEPAL: https://live.cepal.org/.

Mais informações:

Observatório COVID-19 da América Latina e do Caribe (com acesso aos Relatórios Especiais COVID-19 da CEPAL, publicados anteriormente).

Para consultas e marcação de entrevistas, entrar em contato com a Unidade de Informação Pública da CEPAL. E-mail: [email protected]; telefone: (56) 22210 2040.

No Brasil, entrar em contato com Pulcheria Graziani – E-mail: [email protected] – Tel: 61-99976-8030.

 

Para Mulheres na Ciência divulga lista de vencedoras da edição de 2020

Programa, que celebra 15 anos, reconhece e estimula a participação feminina na ciência brasileira e concede R$ 50 mil a cada uma das vencedoras. Foto: UNESCO
Programa, que celebra 15 anos, reconhece e estimula a participação feminina na ciência brasileira e concede R$ 50 mil a cada uma das vencedoras. Foto: UNESCO

Com a rápida disseminação da COVID-19 pelo mundo, se tornou ainda mais evidente a necessidade de investimentos constantes na ciência, que tem um papel-chave para solucionar os desafios do mundo.

Para ajudar nesta tarefa, a ciência precisa de mulheres. Por isso, há 15 anos a L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), promovem o programa “Para Mulheres na Ciência”, com o objetivo de transformar o cenário científico, contribuindo para o equilíbrio de gêneros na área.

Avaliar os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a saúde mental de adolescentes; pesquisar a origem dos raios cósmicos e sua possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas; e desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca, são alguns objetivos dos trabalhos vencedores da 15ª edição do programa.

Em pesquisa inédita com ganhadoras de anos anteriores, apenas um quarto das cientistas concordam que mulheres recebem as mesmas oportunidades que homens e 90% delas afirmaram já terem vivenciado preconceito ou falta de respeito por serem mulheres em suas carreiras.

Para apoiar jovens mulheres cientistas a darem prosseguimento aos seus estudos, há 15 anos o programa “Para Mulheres na Ciência” contempla sete jovens pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática com uma bolsa-auxílio de 50 mil reais.

É o caso da microbiologista Vivian Costa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que pesquisa soluções para identificar e tratar formas graves da dengue e outras doenças virais, como zika, chikungunya e até COVID-19.

“Em casos como esse, não adianta enfrentar só o vírus ou só a inflamação. É preciso desenvolver procedimentos que atuem nas duas frentes, reduzindo a carga viral e a inflamação excessiva causada pelo coronavírus. Estamos muito comprometidos em fazer a nossa parte, inclusive tenho alunos trabalhando voluntariamente nos diagnósticos de COVID-19”, afirma a pesquisadora.

Também da categoria Ciências da Vida, a bióloga Luciana Tovo, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL – RS), foi reconhecida por sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 no estresse crônico de adolescentes.

“Sabemos que a infância e a adolescência são períodos da vida críticos para início de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade”, argumenta Tovo. Para medir o estresse antes e após a pandemia, e estabelecer uma medida acurada, a solução dada por ela foi a medição de estresse a partir do cortisol capilar.

“O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês. Avaliamos os três centímetros mais próximos da raiz, de modo a mensurar o estresse vivenciado nos três meses anteriores à coleta”, explica a cientista.

Outra contemplada da região Sul do país é a física Rita de Cássia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que venceu na categoria Ciências Físicas. Uma das perguntas que motivam Rita é se galáxias em que há intensa formação de estrelas, conhecidas como galáxias starburst — que estão entre as mais luminosas do universo e apresentam fortes ventos — podem ser fontes de aceleração e propagação de raios cómicos.

Como pesquisadora e mulher negra, Rita já vivenciou diversas situações de racismo dentro e fora da academia e acredita na importância de aumentar as oportunidades de acesso e representatividade da população negra nas carreiras de maior prestígio e remuneração.

A cientista colabora com o projeto “Rocket Girls: Meninas na Astronomia e na Astronáutica”, que realiza atividades em robótica, arduíno e astronomia com meninas de escolas públicas de Palotina (PR).

A ideia é motivar as jovens a se interessarem pelas Ciências Exatas, área historicamente excludente e masculina. “Quando você mostra que passou por dificuldades, quando você fala da sua realidade e mostra para as meninas que é possível, elas se animam”, reflete.

Já a oncologista mineira Andreia Melo, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (INCA – RJ), foi escolhida pelo seu estudo para aperfeiçoar a imunoterapia contra o melanoma de mucosa, um tipo de câncer raro e grave, para o qual a sobrevida mediana é menor que 12 meses.

A proposta de Melo é um estudo translacional, que envolve desde análises em laboratório até uma proposta clínica. Dependendo das características moleculares dos tumores, um paciente pode enfrentar a enfermidade de forma mais ou menos favorável.

“Muito do que se faz hoje, na oncologia, é buscar essas diferentes características para entender qual vai ser o desfecho da doença”, explica a pesquisadora.

Ainda na categoria Ciências da Vida, a bióloga Fernanda Farnese, do Instituto Federal Goiano, foi premiada por desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca.

“Previsões apontam para uma redução de até 30% das chuvas no Brasil até o fim do século”, destaca Farnese. Ao perceber os impactos dos veranicos sobre a soja, teve a ideia de aspergir um líquido com substâncias produtoras do gás sobre as folhas da planta.

“O óxido nítrico altera o metabolismo da planta, intensificando mecanismos de defesa e, dessa forma, aumentando a tolerância à seca. Constatamos um crescimento de 60% na produtividade da soja”, conta.

A cada ano, os 14 membros do júri do programa selecionam trabalhos com potencial de encontrar soluções para importantes questões ambientais, econômicas e de saúde, como é o caso do trabalho da química Daniela Truzzi, da Universidade de São Paulo (USP), que busca compreender o funcionamento do óxido nítrico, gás relacionado a diversos processos, como a contração dos vasos sanguíneos, a defesa imunológica e a cicatrização de tecidos.

“Sabemos pouco sobre o que o óxido nítrico produz. Aprofundar esse conhecimento é fundamental para entender melhor os processos nos quais ele está envolvido”, explica a química.

Laureada na categoria Matemática, María Amelia Salazar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), estuda estruturas geométricas abstratas e complexas, contribuindo para uma nova área da matemática.

Seu objeto de estudo remonta de uma teoria da simetria contínua e sua aplicação ao estudo da geometria e das equações diferenciais, do século 19. “É uma história bonita, porque faz a ponte entre duas áreas da matemática que, em princípio, não tinham a ver uma com a outra”, admira a pesquisadora.

E, a partir desse ano, o prêmio traz uma novidade para as vencedoras. A UNESCO dará um treinamento para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias, incluindo webinários sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.

Há 15 anos, o programa “Para Mulheres na Ciência” premia pesquisadoras de diversos lugares do Brasil. Nesse período, o programa já reconheceu e incentivou mais de 100 cientistas, premiando a relevância dos seus trabalhos, com a distribuição de mais de 4,5 milhões de reais em bolsas-auxílio.

Vencedoras do L’Oréal-UNESCO-ABC “Para Mulheres na Ciência” 2020

Ciências da Vida:
Luciana Tovo
Vivian Costa
Fernanda Farnese
Andreia Melo
Química: Daniela Truzzi

Física: Rita de Cássia dos Anjos
Matemática: María Amelia Salazar

Quer saber mais sobre o programa e cada pesquisadora?
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